Alcancei finalmente o pátio da escola, ouvia de meus colegas murmúrios sobre a morte de alguém, comentários sombrios sem sentido para mim. Continuei me apertando entre os alunos, acotovelava-me com todos em busca de um espaço lá na frente e junto aos professores que agora conseguia divisar entre a multidão.
Enquanto ganhava terreno entre a turba de mortos-vivos – porque cada facedesfigurada e pálida parecia uma expressão de morte ou a projeção do horror –, a ansiedade tomava-me de assalto o corpo.
Havia um cheiro acre naquele ambiente. O ar frio que penetrava meu corpo pelo nariz estava mais pesado, mais... venenoso. Era difícil manter-se em pé, uma sensação de prostração tomava conta de meu espírito, não havia explicação para isso, imaginava que, talvez, fosse o desjejum deixado intocado sobre a mesa da cozinha.
Nunca havia experimentando aquelas emoções, sobretudo na antevéspera do desvelo da cena que ainda assombra minha mente, passados trinta anos.
O amor é corda no pescoço e calçada de cadafalso, um passo errado, e o amor lhe enforcará, subtrairá o hálito da felicidade deixando para você o sombrio oxigênio da morte em vida.
Com minha corda no pescoço e o pátio do colégio como maior cadafalso no qual até então deslizara meus tênis vermelhos, tentava ainda atravessar o cemitério de almas, habitantes de corpos pálidos de susto.
Empurrei as últimas paredes humanas e, com horror, abracei meu professor de filosofia tão forte que o desmaiei, faltou-lhe oxigênio e forças para suportar comigo a cena tenebrosa que presenciávamos juntos...
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Assassinato no Colégio
Mystery / ThrillerO horror que a foice da morte me submeteu ao transpassar com sua lâmina fria meu corpo não se compara à perda de Elisa, a diretora de meu colégio, a mulher de meus sonhos, a dona dos lábios que ressuscitaram minha vida para depois sepultar meu coraç...