exit music

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Os anos se arrastaram para Todoroki, eles eram lentos e desafiadores, mas não difíceis. Ele acreditava que dizer que algo era difícil era um empecilho para desanimar e desistir, mas ele não queria.

Shoto poderia ser taxado de louco, mas imaginava cenários totais diferentes do qual ele vivia, vivia seu mundo dos sonhos, perdido em pensamentos doces; na esperança de viver algo assim e se abraçando a aquela mentira para não enxergar o horror a sua volta.

Quando enxergou o mundo real novamente, estava longe dos portões da penitenciária, dentro de um carro desconhecido e em uma rota desconhecida. Piscou algumas vezes para ver se enxergava certo e quase caiu para trás. Ele apenas havia dormido e tudo havia mudado. Uma menina de cabelos loiros, longos e com pequenos cachos estava com as pernas jogadas no banco de trás, em um sono que parecia muito profundo. Ele conhecia aquela menina. Yuko, filha de Kirishima e Bakugo continuava idêntica ao loiro.

- Finalmente acordou. - Katsuki falou com um semblante sério. As sobrancelhas juntas deixariam qualquer um com medo, mas Shoto já estava acostumado com aquele jeito "durão" e um tanto explosivo.

- Nós saímos da penitenciaria a quanto tempo? - O meio a meio coçou os olhos e olhou para os campos verdes, em composição com o céu laranjado.

- Já faz três horas.

- Onde nós estamos indo então? Onde tá o Kirishima? E o... - Engoliu seco, com medo da resposta. - Izuku? Ele tá bem?

O loiro nada falou por um bom tempo. Todoroki se sentiu muito ansioso, sua barriga doía por isso.

- Estamos chegando já.

Shoto percebeu como tudo havia se tornado mais frio do que era, com milhares de camadas de gelo que ele mesmo havia feito. O coração do bicolor se apertou e ele se lembrou da pouca frequência que ouvia o nome Deku dentro da prisão, Dinamight era frequente, o quanto que xingavam Bakugo na prisão era digno de eles serem presos mesmo já estando. Dinamight era alvo de xingamentos pelos seus feitos recentes, mas Deku parecia uma lenda, ninguém ousava falar mais sobre ele e os falavam logo eram interrompidos. Todoroki nunca entendeu o que acontecia, nunca conseguiu satisfação, lá ninguém gostava dele.
Por isso, por um longo tempo, ele temeu muito, mas ainda sim vivia em um mundo positivo.

Não demorou muito para Shoto se deparar com a entrada de uma humilde cidade. Sem prédios, casas de no máximo 2 andares e pouco fluxo de carros. Uma cidade no interior do Japão, ele apostou. Olhou aquele capim germinando no asfalto, mas nada que impedisse o andar dos habitantes. Os olhos passavam rapidamente por todas as características do lugar calmo e o que aparentava aconchegante. Ele queria saber o que estaria fazendo ali, mas sabia que seria ignorado pelo loiro.

Em alguns minutos o carro estacionava em uma rua que parecia deserta. As casas com um padrão americano, com uma varanda aberta assim como o quintal. O silêncio sendo interrompido apenas pelo canto dos pássaros. Um arrepio passou pelo corpo de Todoroki.

- Vá para casa 16, você encontrará o que quer.

- Tá legal, pode me explicar o que tá acontecendo? Você tá estranho e todo esse suspense.

Bakugo explodiu mais como fogos de artifício do que uma bomba.

- Da pra você calar a boquinha? - Quando percebeu que estava se exaltando baixou um pouco o tom de voz. - Parece que os anos fora te fizeram ter amnésia, não é meio a meio? Eu sempre fui assim, só que agora eu tenho família, tenho o Kiri, tenho a Yuko. - o loiro cochichou, tentando fazer a filha não escutar. - Me dói dizer mas esses filhos da mãe cortaram minhas asas.

Yuko fuzilou o pai, pois havia escutado muito bem.

- Eu realmente estava enganado. - Shoto abriu a porta do carro e jogou os cabelos antes bagunçados pelo vento para o lado esquerdo, deixando exposto a parte lateral direita raspada e com uma trança branca trançada até o limite dos cabelos brancos.

set fire to the rain  - tododeku ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora