Entre Grades [Witch's Heart]

lalala minha cabeça tá piscando lalala

Lado Wilardo

   "Se eu te contar, você acredita que o cara que tava fumando contigo na fazenda ontem tava fumando hoje de novo?"

   Eu sei, eu sei, uma bela frase pra começar o dia. Ouvi hoje mesmo. E quando eu fui ver quem era o tal cara, era o maluco masoquista que fumou comigo na fazenda ontem. Que dia lindo, não é?

   Eu não sou um perito em identificar drogados, mas até uma criança diria que ele se entupiu de maconha ao invés de bater punheta. E claramente os policiais que negavam tinha se juntado a ele na brincadeira de se drogar. Tenho sérias dúvidas sobre como ele vai sobreviver o trabalho comunitário de hoje.

   Só espero que ele esteja tão drogado que não me reconheça.

   —Oi, do cabelinho duas cor! Da anteninha vermeia! Teu nome é Wilardo né? Me beija ae, rapidão!—Ashe gritou. Acho que comemorei cedo demais.

   —Cala boca, cadelinha!—Gritei de volta, recebendo um gemido e uns poucos latidos em resposta.

   É, parece que aquele dia ia ser difícil.

   Felizmente, alguns policiais caíram no soco com o Ashe quanto notaram que ele estava drogado. Foi porrada o suficiente pra deixar ele sóbrio, mas não pra ele esquecer de mim, então fiz questão de bater nele também.

   Após a admirável cena de agressão, prosseguimos o caminho para o refeitório, para poder comer o almoço né.

   Nem te conto, a comida que as mulher fazia pra nós homens era horrível, dava vontade de jogar na cara delas, a comida do Ashe era melhor. Maldita hora que o Ashe foi se drogar.

   Após o horrível almoço, novamente fui para o ônibus que levava ao trabalho comunitário, a pior hora do dia, considerando que não íamos ir pra fazendinha do Levine e eu teria que ficar com o Ashe. Foi só pensar nisso que ele apareceu para sentar do meu lado no ônibus.

   —Oi, gatinho. Solteiro?— Ele perguntou com um sorriso de lado que levemente me irritava. Mas, sendo bem honesto... Era um pouco sedutor.

   —Pra você? Nunca.— Respondi, tentando manter uma cara séria.

   —Que ótimo, me amarro num casado.— Ele sorriu e agarrou o meu queixo, me forçando a olhar pra ele enquanto ele lentamente se abaixava para me beijar.

   Entretanto, antes que ele pudesse me beijar, o ônibus parou e as portas se abriram. Ele foi o primeiro a sair correndo tentando sair antes do resto. Bufei e fui atrás do louco maconhado.

   —C-Com licença... Por favor, se acalmem...— O policial tentava acalmar os prisioneiros, que não estavam nem ouvindo. Estavam conversando alto demais, e alguns estavam rindo sem razão nenhuma, tipo o Ashe. —E-Então, o trabalho de hoje vai ser meio ass..— Do nada, ele foi interrompido por uma voz feminina.

   —EITA 'NÓIS', O BONDE DO ASHE VOLTOU FAMÍLIA!— Uma mulher de cabelo azul gritou, estendendo o Eita. —Com licença, moço, deixa que eu explico aqui.— ela falou enquanto roubava o microfone do policial e o empurrava para o lado. —ENTÃO, BANDO DE PRESIDIÁRIO...

Continua.