IIIIIIIH DROGAS

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Após o almoço, Wilardo mal teve tempo de descansar: teve de ajudar a lavar a louça (pois ele supostamente havia quebrado um prato na cara de alguém), "brigou" com um dos policiais e teve que fazer trabalhos comunitários assim que terminou as coisas anteriormente mencionadas. Mas, ei! Pelo menos ele estava com o "amigo" dele, Ashe!

—Primeiro dia, parceiro? Complicado! Ouvi dizer que você quebrou um prato na cabeça de alguém, é sério isso?—O homem de cabelos ciano perguntou, animado como usual.

—Meu pau no seu bicho.

—Então sim?

—Cala boca, puta.

Um rubor cresceu nas bochechas de Ashe, que não esperava isso. "Cacete, ele parece cafetão mas eu não pensei que ele fosse dizer uma barbaridade dessas.", pensou ele enquanto olhava para Wilardo.

—Você é bem romântico, quer casar comigo? D-Digo! Esquece!

—Esquisitão.

—Awn~—Ashe gemeu baixo, esperando que o menor não ouvisse.

   Mal desceu do ônibus e Ashe foi imediatamente abraçar o dono da fazenda na qual eles iriam trabalhar, recebendo um caloroso abraço de volta.

   Talvez fosse impressão de Wilardo, mas ele pensou ter visto o loiro sussurrar algo no ouvido de Ashe enquanto os dois se abraçavam.

   —Ashe! Ainda não acabou a sua pena?—O loiro perguntou, levemente preocupado.

   —Inda não, mas tá quase! Logo, logo vou poder voltar a viver normal!—O menor respondeu, sorrindo para o de olhos azuis.

   —Bom, tenho que me apresentar para os outros. Pode voltar pra eles, por favor?—O outro homem pediu enquanto sorria.

   Ashe retornou para os presidiários enquanto o fazendeiro se apresentava. Seu nome era Noel, e ele receberia uma escola na semana seguinte à visita dos prisioneiros, então necessitava de ajuda para reabastecer os estábulos e cortar as maçãs para dar para as crianças. Era nessas áreas que eles iriam trabalhar, aparentemente.

   —Oh, com licença, por favor!—Noel pediu enquanto se dirigia a um policial. —Ashe já me é familiar e sei que ele não é bom com trabalho braçal nem com facas. Por isso, darei um trabalho mais leve para ele, ok?

   Os policiais olharam para o humilde homem enquanto ele guiava Ashe para dentro do estábulo, mas algo parecia estranho para Wilardo.

   Wilardo manteve-se de olho nos dois e, quando estava começando a achar que a cocaína havia o deixado paranóico, ele viu —e ouviu— algo inesperado no estábulo.

   —Aqui, você pode se agachar e fingir que está trocando as palhas do cavalo se ficar daquele lado.— Noel instruiu Ashe, tendo cuidado para que os policiais e presidiários idiotas não o escutassem. —Se for fumar uns dois ou três baseados, fica virado pro sudoeste, aí ninguém vai notar a fumaça.—Ele disse enquanto entregava para Ashe um isqueiro e uma sacolinha com maconha.

   —Valeu por conseguir esse trampo fácil pra mim, chefia! Vo deixar esse estábulo brilhando!

   E Ashe realmente deixou; a maconha o deu energia o suficiente para isso. Mas infelizmente ele teve que dividir a erva, pois não demorou muito para que Wilardo inventasse uma desculpa para falar com Noel em particular e ver se conseguia um pouco de maconha também.

"Claro que pode fumar um pouco também!" Dizia Noel. "Apenas diga pro Ashe que o Tio Noel pediu para ele dividir um pouco que ele não vai te morder."

Após o uso da droga, o trabalho dos dois era indescritível de tão bom (era rápido, não gastava muita energia deles e parecia que eles estavam trabalhando por vontade própria).

—Eu nunca vi o Ashe trabalhar tanto!— Exclamou um dos policiais que vigiava o trabalho dos prisioneiros.—Esse cavalo vai ter um dia de rei nesse estábulo! Que inveja dele!

—Sempre soube que o Dust era o cavalo favorito do Ashe, mas não pensei que o favoritismo dele fosse assim...—Respondeu o fazendeiro, fingindo espanto.

   Os policiais continuaram conversando com Noel até acabar o horário de serviços comunitários. O loiro fazia atuações espantosamente incríveis quando o perguntavam se ele sabia que Ashe era envolvido com o tráfico de drogas. Claro que ele saberia atuar bem assim, tais atuações eram necessárias para que não descobrissem os 57 corpos que ele mantinha no porão e para que não suspeitassem que ele era um serial killer e traficante de drogas ao mesmo tempo, mas ainda era espantoso saber o quão bem ele atuava.

Lado Ashe

Após finalmente terminal aqueles "serviços", finalmente pude falar com o Noel novamente e conseguir mais umas coisinhas, se é que me entende.

Quando o policial chamou o meu nome, eu abandonei o novato cafajeste e fui imediatamente abraçar o meu amigão do coração.

—Qualquer dia desses passa aqui de novo, poh!—O loiro pediu sorrindo.—E pergunta pra Rouge se ela aceita pagamento em vinho, ela tá com agiotagem pra cima de mim e eu não tenho dinheiro...—Ele sussurrou. Eu não sabia de quem ele tava falando, mas vida que segue né, qualquer coisa eu digo que ela aceita.

—Relaaaxa, deixa comigo. Tá comigo, tá com Deus.—Eu respondi, cochichando também.

Após essa frase, Noel deu 4 tapinhas nas minhas costas, deixando com que 4 saquinhos com maconha caíssem no chão. Eu me soltei do abraço e fingi estar amarrando os tênis para pegar os saquinhos e guardar na minha meia.

"Aaah, o bom e velho truque do abraço. Nunca falha." Pensei, sorrindo um pouco. "Se me recordo corretamente, é um para mim, um para a Senhorita Claire, um para o Seu Sirius do bar e dois para a Senhorita Lime e a Senhorita Charlie dividirem!"

   Seria ok se eu soubesse quem são a Senhorita Lime e a Senhorita Charlie.

   Me dirigi de volta ao resto dos presidiários, que inocentemente pensavam ter visto apenas um abraço normal entre bons e velhos amigos. Ahaha, que imbecis!

   Mantive a calma e observei aqueles seres inferiores voltarem para o ônibus com suas estúpidas mãos vazias. No máximo um ou outro tinha roubado meia maçã que comeria no caminho de volta. Sorri com gosto enquanto verificava se minha caixa de fósforos ainda estaria no meu bolso.

Entre Grades [Witch's Heart]Onde histórias criam vida. Descubra agora