Capítulo 1

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-Tens mais algum que me possas dar?- disse a voz. Era um rapaz, talvez com pouco mais de 1,70, cabelos meios loiros, despenteado com jeitos de caracóis. Não parecia também estar muito animado e os seus olhos posso dizer que, pareciam com os meus: com um vazio muito grande e com falta de orientação. Sem hesitar muito mais, fui ao bolso e dei-lhe um cigarro.
Ele não agradeceu e apenas se sentou a meu lado e esperou que eu dissesse algo:
-Nunca te vi por aqui...- afirmou enquanto fumava o cigarro - e ainda por cima, vieste ocupar o meu spot.
-Desculpa- disse depois de mandar o fumo para fora.
-Na boa, já agora, sou o Tate. Não me importo de dividir o lugar contigo, desde que não comeces a trazer para aqui mais pessoal. - Tate. O nome combinava com ele. O meu coração palpitou um pouco enquanto ele proferia as suas palavras. Não quis manter contacto visual mas, ele estava vidrado em mim e começou a rir-se.
-Que foi?- perguntei indignada.
-Nunca fumaste antes pois não?- ele tentava conter o riso mas notei que não estava a conseguir. Não resisti e ri-me e ele largou uma gargalhada.
-Deixa-me ensinar-te: põe, puxa, sustém e depois manda para fora.- ele exemplificou e eu fiz como ele disse, só que, engasguei-me. Ele olhou-me de relance e disse:
-Quase.
Olhei para ele e sorri. Não sou muito sentimentalista mas aquele rapaz tem qualquer coisa e como eu disse, eu tenho pavor a rapazes e quero evitá-los... mas o Tate tem qualquer coisa.
Algo que eu gostei de imediato é que não me forçava a falar nem puxava muito, ficámos ali o resto do tempo sentados a ver o tempo passar sem pronunciar muitas palavras.
Não houve nada de interessante e pouco descobri sobre ele mas eu estava decidida a não dar importância. Então, voltei para casa e fechei-me no quarto.
Realmente a vida de uma adolescente pode ser muito ativa e divertida. Realmente.
Desde que me mudei não tive contato com mais nenhum dos meus antigos amigos mas eu já devia saber e por mais que não me importasse, eu inportava porque ninguém se dignou a dizer-me uma única palavra. Também é normal, confesso que nunca tive grandes amizades e mal falava com os que considerava de "amigos". Portanto a situação pouco me surpreendeu. Já estava habituada a ninguém se importar comigo.
Mudar de casa, não fez mudar os velhos hábitos e então, as velhas discussões voltaram.

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