Prólogo

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Quando pensava que a minha vida não podia piorar, o destino decidiu fazê-lo. Não bastava as constantes discussões dos meus pais, e agora obrigaram-me a mudar-me com eles completamente contrariada. Viver para mim, virou uma obrigação.

Pensando bem, acho que uma mudança até me vai fazer bem, estou farta de assistir às mesmas falsidades do meu dia-a-dia. Fingir-me feliz e fazer-me simpática por regra de boa educação. Essa não sou eu. Eu preciso de ser eu própria. Eu precisava de um tempo longe de mim e dos meus pais e de todos os que me rodeavam. Agora não estava longe, da minha família mas deixei o resto para trás.

Olhei o despertador e marcava a hora da minha vida nova. Levantei-me ainda com algum sacríficio e olhei-me ao espelho. Continuava a não gostar do que via e ficava repugnada de me olhar. A minha mãe chamou-me e eu apressei-me para sair de casa.

Coloquei os fones e dirigi-me à escola que contrariamente à outra, a distância permitia-me ir a pé. Pelo  menos enquanto estava na escola não tinha de os ouvir de novo a discutir. Sabem como é bom aquela imaginação de chegar a uma escola nova, fazer sucesso, tornar-se adorada por todos? Pois eu não. Mal cheguei à escola, todos me olhavam desconfiados. Pudera, eu faria o mesmo. Entrei para a primeira aula e ansiei logo para a hora do toque. A minha turma? Bem, era normal, eu acho. Não havia o bonzão da turma como em todos os filmes e histórias que vocês conhecem. E ainda bem. Tinha um pavor a rapazes mas gostava deles. Não sei explicar bem mas sei que neste momento só quero distância de todos. Fui apresentada e até todos pareciam interessados em me conhecer mas eu arranjei uma desculpa e logo após o toque, peguei  nas coisas e fui embora. Saí da escola e dirigi-me ao café mais próximo comprar um maço de cigarros. Se eu fumava? Não, mas estava a começar uma vida nova, sem regras, sem ninguém me impedir até porque ninguém tinha de saber o que fazia e porque sei que ninguém se importa realmente com o que eu acho ou sinto. Então agora era apenas eu a ser o que mais desejava: rebelde.

Coloquei o cigarro no bolso e pedi ao homem um isqueiro emprestado. Acendi-o e finalmente, sentia o sabor que há muito ansiava, o da liberdade. O dia não estava mau de todo. Saí de lá e sentei-me no cimento encostada a uma parede. De repente, vejo uns pés a caminharem  na minha direção e sou forçada a olhar para cima. 

PsicopataOnde histórias criam vida. Descubra agora