Abri os olhos lentamente, ainda me encontro sobre a esteira no chão, aos poucos fui me lembrando do que aconteceu ontem a noite, ao virar quase pulei ao ver Camila deitada ao meu lado, ela está dormindo, o que indica que ainda é bem cedo, a vontade que tive foi de levar a mão até o seu rosto e acariciar, ela está dormindo de um jeito tão… fofo? Ela está virada em minha direção, e os braços estão cruzados, quem dorme com os braços cruzados? Eu não vi ela voltando durante a noite, o que indica que eu caí no sono antes disso. Aproximei o rosto do dela e deslizei a ponta do nariz em sua bochecha, ela nem se mexeu, então coloquei uma mão em sua perna e passei a movimentar os dedos pra cima e pra baixo.
— Hey. - Chamei perto do seu ouvido e em um tom baixo. — Acorda. - Mordisquei a ponta de sua orelha.
— Me deixa dormir, cari. - Me empurrou e ficou de costas pra mim.
— Não é você que me acorda cedo todos os dias? Acorde, vamos, estou com saudades de você.
Ela movimentou a cabeça pra me olhar.
— Saudades de Camila?
— É. - Abracei ela por trás e cheirei seu pescoço.
— Mas Camila dormiu a noite toda com você.
— Exato, dormiu, e quero mais, quero ouvir você falando e olhar pra esses seus olhos que me desnudam até a alma.
Ela virou rápido pra ficar de frente pra mim.
— Lauren gosta da companhia de Camila?
— Sim, Lauren quer levar Camila embora dentro da mochila.
Ela riu alto, um sorriso se formando da boca aos olhos.
— Camila tem ideia melhor, bater na cabeça de Lauren pra esquecer o caminho de volta pra sua casa.
Fiz uma careta e ela riu mais.
— Oras, que péssima ideia, a minha é bem melhor.
— Não é não.
— É sim, se eu esquecer o caminho de casa vou esquecer o caminho pra minha cama confortável, caminho dos fast food, caminho da praticidade de apenas deitar e esperar que as coisas aconteçam sem eu precisar me mover, entende?
O sorriso dela diminuiu mais de 50%, e aquilo me fez travar um pouco, será que ela estava falando tipo… sério? Eu falei brincando sobre levar ela na mochila, mas… ela estava falando sério mesmo? Por que ela diminuiu o sorriso? Minha linha de pensamentos foi rompida quando Camila pulou gritando, me sentei assustada, sem entender o que houve.
— Isso aí beliscou Camila!
Olhei pra onde ela apontava, meu celular, a tela acessa notifica novas mensagens, então entendendo o que aconteceu eu comecei a rir, não pouco, muito, Camila ficou de longe me olhando, a cara fechada e a postura ainda de medo.
— Ele só… - Tentei falar, mas não parava de rir. — Vibrou, isso é normal.
— Para de rir de Camila!
Tentei, mas não consegui, minha mão foi pra minha barriga em uma tentativa de conter a dor causada por tantas risadas, Camila bufou e saiu da da oca batendo os pés no chão.
— Camila. - Chamei. — Espera, não vai.
Levantei pra ir atrás dela, saindo da oca percebi pelo céu que ainda é bem cedo, umas 5h da manhã.
— Camila. - Chamei de novo.
Ela ignorou e saiu correndo em direção a mata, fiquei séria no mesmo instante, ela ficou chateada por isso? Aproveitei que ninguém estava nos vendo e corri atrás dela, obviamente fiquei pra trás, mas não a ponto de me perder, ela só parou ao chegar no rio e pulou dentro dele, fiquei parada, 5h da manhã, a água deve tá congelando, esperei Camila voltar a superfície, mas isso não aconteceu, comecei a ficar preocupada, mas logo ela voltou, mas de costas pra mim.
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Nativa - ShortFic
Fiksi PenggemarUma pequena estória sobre o encontro de Lauren, voluntária de uma ONG, e Camila Aram, Índigena não civilizada.