Quem poderia Imaginar

Confronto

PIETRO MONTELLATO

As gotas de água quente percorriam meu corpo enquanto minha cabeça estava apoiada sobre o mármore gelado. Acordei a alguns minutos atrás e vim direto para o banho, me sinto um pouco mais descansado, mas nada tira o nervosismo ou acaba com os pensamentos negativos que me cercam.

Quando penso em me arrepender de ter vindo a Londres eu afasto rapidamente esse sentimento pois estou aqui para honrar uma promessa, estou aqui em busca da minha redenção e somente depois de confrontar tudo o que me atormenta então eu serei livre, essa tarefa não é fácil porque exige que eu me coloque em uma posição de extrema humilhação e vulnerabilidade, mas quando me lembro de todo mal que fiz a Maria, todo sofrimento que ela passou por minha culpa eu sei que vale a pena.

Após perceber que eu já estava a tempo demais embaixo d'água mesmo já estando limpo, desligo o registro do chuveiro e abro a porta do box pegando minha toalha, seco meu corpo, saio do banheiro e pego as roupas que deixei separadas em cima da cama e começo a me vestir. Quando já estou pronto e prestes a sair do meu quarto de hotel, envio uma mensagem para minha filha.

"Já estou saindo, você falou com ela?"

A resposta não demora a chegar

"Sim, ela já está te esperando"

Antes mesmo de vir a Londres entrei em contato com Sabrina, em primeiro lugar eu pedi desculpas a ela e em segundo pedi sua ajuda para que eu conseguisse conversar com Katherine, se eu entrasse em contato ela encontraria uma forma de fugir de mim, e eu quero pegá-la de surpresa.

"obrigado filha, eu te amo mais tarde conversamos"

Retorno a mensagem e então saio do quarto rumo a uma das minhas missões aqui em Londres, essa é sem dúvidas a pior que irei enfrentar.

[...]

O táxi para em frente a enorme propriedade e eu demoro um pouco a pagar o motorista pela corrida pois certas lembranças vem tona e eu sinto meu coração ser esmagado por diversas emoções.

Respiro fundo e me apresso em pegar o dinheiro em minha carteira juntamente com uma bela gorjeta, agradeço ao motorista e desço do carro. Fico um tempo parado na calçada completamente vislumbrado com cada detalhe daquela mansão que não mudou nem um pouco desde a última vez que vim aqui.

Subo os largos degraus que compõem a fachada da casa e toco a campanhia, poucos segundos se passam até que uma jovem de uniforme atende a porta.

-Boa tarde senhor Pietro entre...-Ela se afasta um pouco da porta me dando passagem.

Assim que coloquei meus pés dentro da casa senti instantâneamente as batidas do meu coração acelerarem, havia um um peso sobre mim que me incapacitava até mesmo de respirar normalmente.

-Vou levá-lo até a senhora Katherine.- um arrepio gélido passou pelo meu corpo quando ouvi seu nome mas mesmo assim a acompanhei.

Meus passos eram firme, minha postura ereta, e o semblante sério, mas por dentro eu estava passando por um grande conflito. Chegamos até o cômodo onde Katherine estava, por estar sentada em uma poltrona de costas para a porta ela não notou nossa presença.