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Louis passou a manhã inteira resmungando e choramingando, enquanto Harry se arrumava para sair.

O alfa finalmente retornava ao trabalho, e apesar de estar preocupado e receoso por ficar o dia todo longe de Louis e seu filhote, ele está animado para voltar a ativa e ser um pouco mais produtivo. Sentia saudade do trabalho, mas com certeza passaria o dia inteiro pensando, com preocupação e saudade, em Nicky e Louis.

O ômega estava irritado e manhoso. Primeiro, não quis deixar Harry sair da cama, e durante o café da manhã, comeu em silêncio, pensando no dia longo que passaria longe de seu alfa. Ainda demoraria um pouco para voltar ao trabalho, e se sentia muito carente e necessitado naqueles primeiros meses, tanto de seu filhote, quanto de seu alfa. Precisava do toque, do carinho, e do cheiro característico de lar.

Faltando apenas alguns minutos para Harry sair, Louis se trancou no banheiro, tentando chorar baixinho para não preocupar o alfa.

É claro que isso não funcionou. Se havia algo no mundo que preocupava Harry, era Louis, e é claro, seu filhote. Ouvir um deles chorar, principalmente se ele fosse o motivo, lhe causava dor. Ele sabia que não era sua culpa, pois precisava mesmo voltar ao trabalho, e também sabia que não era culpa de Louis, pois ele estava sensível, lidando com seus instintos.

Ele suspirou, batendo na porta levemente, torcendo para que o ômega tentasse usar sua razão mesmo naquele momento.

— Lou, abre a porta — o alfa pediu, sentindo seu coração doer ao ouvir o ômega soluçar lá dentro. — Amor... Por favor, abre pra mim.

Não houve resposta além do choro de Louis do outro lado, um pouco mais baixo, embora Harry ainda pudesse ouvir. O coração do alfa se partia em milhões de pedaços só de ouvir seu ômega chorar daquela forma.

Quem poderia culpá-lo, afinal? Os instintos já eram difíceis o suficiente para lidar, mas sendo pais de primeira viagem, tudo parecia mil vezes pior. Além dos hormônios comuns com os quais Louis estava acostumado a lidar, também havia a bagunça sentimental em precisar estar sempre com seu alfa e o sentimento de abandono ao vê-lo saindo para longe.

Harry sentia aquilo também. Seu lobo reclamava e exigia que ele fizesse algo para acalmar seu ômega, exigia que ele protegesse sua família.

— Ômega, está tudo bem, eu vou ficar aqui com você e o nosso filhote — ele decidiu, sabendo que no momento o mais importante era cuidar de sua família. — Sai daí e deixa eu cuidar de você, meu amor.

— Não... Não liga pra mim, é só... Uma ba-baboseira emocional — o ômega fungou do outro lado, agora se sentindo culpado por estar "fazendo cena".

Harry suspirou, tentando sem sucesso girar a maçaneta e abrir a porta. Ele decidiu então ir até seu quarto, onde guardavam algumas chaves reservas. Não tinha certeza sobre qual era a chave certa, mas pegou um molho de chaveiros e carregou para o banheiro, tentando uma por uma.

Tentou ser silencioso, já que Nicky estava dormindo logo ao lado, e o choro de Louis podia acordá-lo a qualquer momento, então precisava ir logo.

— Harry, para! Vai trabalhar, eu vou ficar bem... — o ômega tentou convencê-lo, segurando a maçaneta e tentando ir contra seus instintos. — É só drama, po-pode ir...

O alfa conseguiu acertar a chave, comemorando silenciosamente para não acordar Nicky. Ele forçou a porta e disse para Louis se afastar, finalmente conseguindo abrir.

Ele encontrou Louis com os olhos vermelhos e o rostinho inchado, lágrimas ainda escorrendo por seu rosto, e a cena fez seu coração apertar ainda mais.

how to be a family || l.s. aboOnde histórias criam vida. Descubra agora