Afrodite: E o Beijo da Meia Noite.

Dante, parte um.

-Afrodite-  

''Eu sei que você não é a pessoa certa para mim
Vamos desejar nunca termos nos conhecido quando eu for embora
Eu te deixei de joelhos
Porque dizem que o sofrimento ama companhia
Não é culpa sua eu ter arruinado tudo (Tudo)
E não culpa sua eu não poder ser o que você precisa
Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo, oh
Anjos como você não podem voar para o inferno comigo''

    Miley Cyrus (Angels Like You/ Traduzido) 

   É maravilhoso andar pelos corredores da escola Torezanni Mezzo sem que ninguém te olhe com pena, as risadas e os cochichos sessaram e foram substituídos por olhares de desejo e descrença ao me verem linda e de cabeça erguida, as pessoas sempre querem te ver para baixo ou piores do que ela, tente se reerguer e veja o quanto pode surpreender alguém, eu não era ninguém quando comecei a namorar com Andreas e assim que o imbecil decidiu sacanear comigo eu fiquei conhecida como a pobre coitada corna do segundo ano.
Caminho devagar até chegar ao meu armário cinza metálico, ele é um dos únicos que não está personalizado como as meninas costumam fazer enchendo de frufrus e coisas inúteis que só ocupam mais espaço, destranco o cadeado com a minha chave que fica no bolso esquerdo da minha camisa e apanho meus livros de física e química que serão as minhas primeiras aulas de hoje, fecho a porta do armário trancando novamente o cadeado guardando a chave  no bolso, saio andando pelo corredor com os dois livros apoiados em meu braço direito quando avisto Camilla correndo tentando me alcançar.

- Você anda muito rápido, Afrodite.- A  mesma respira fundo e algumas gotículas de suor escorrem pelo seu rosto , Camilla as enxuga e se recompõe ajeitando o uniforme.

- Conseguiu aquilo que eu te pedi?- Pergunto quase que sussurrando, olhando para todos os lados.

- Claro que sim, são poucas as coisas que estão longe do meu alcance.- Camilla abre o zíper da sua mochila rosa com florzinhas amarelas e retira do bolso menor um papel com as respostas do exercício de química orgânica que eu e ela perdemos ontem ao matarmos aula para assistirmos uma maratona de Harry Potter, eu estava triste e meio depressiva e ela queria apenas ficar atoa mesmo, confesso que estávamos aproveitando aos montes o fato da minha mãe ter viajado á um mês atrás com o seu namorado.

Desdobro o papel visualizando as respostas das questões rapidamente, abro o zíper da minha mochila vermelha e retiro meu celular olhando para os dois lados para ter certeza de que não tem ninguém nos vigiando, desbloqueio a tela após digitar a senha e tiro uma foto, guardo o celular novamente e fecho zíper.
Aproveito que a maioria das pessoas já entraram em suas devidas salas e começo a rasgar o papel em vários pedacinhos, jogo a minha prova do crime na lixeira mais próxima e caminhamos até o corredor final da escola, viramos á esquerda e entramos na sala de química, o meu pavor diário.

- Bom dia, professor Fernando! Me desculpe o atraso, podemos entrar?- Camilla tenta barganhar com o professor de química, enquanto eu tento fazer a famosa cara de cachorro pidão.

- Só dessa vez meninas, entrem logo e comecem a fazer o exercício que vocês perderam ontem e agradeçam por eu estar dando essa segunda chance.- O professor dá as costas e entramos na sala, nos sentando nas últimas cadeiras restantes, sobrando apenas mais duas.


-Alucard-
  

     Quando eu digo que Tivhá é chata, é porque ela é mesmo, se existe vida após morte com certeza eu cuspi na cruz de Jesus Cristo para ter que aguentar um castigo desses, sério, não é possível alguém ser tão impossível quanto a minha irmã. Ela simplesmente está de mau humor por não ter conseguido comer toda a comida que pedimos de manhã na padaria, além de que sua maquiagem borrou quando dei partida com o carro, agora me diga, o que eu tenho haver com isso? Já falei várias para esse projeto de vampiro ''se arrume em casa, pare de ficar enrolando nesses aplicativos de pegação e faça logo o que você tiver que fazer'' mas não, gosta de enrolar até o último segundo e depois fica botando a culpa em mim, vê se pode?!
Agora tenho que ficar escutando um monte de baboseiras na quais não são culpa minha e não posso discutir caso o contrário estou sendo igual ao meu pai, agora esse é o argumento para me manter quieto.

- OK, já entendi todo seu drama mas agora eu preciso que você me deixe estacionar o carro, pode ser? - Suspiro fundo, revirando os olhos.

- Você pode me compensar mais tarde em alguma lanchonete, ok?- A mesma cruza os braços, como se fosse uma criança.

- E eu tenho escolha, Tivhá?- Arqueio a sobrancelha esquerda em protesto.

- Você sabe que não, agora vamos se não iremos perder a aula de química.

- Mas você jura? Eu não sabia!

- Você é mais velho Alucard, não pode me tratar assim.

- Não abusa da minha boa vontade, Tivhá...- Manobro o carro na vaga  da esquerda, ao lado direito tem  um carro prata que  está mal estacionado quase ocupando a minha vaga, os humanos não saber fazer isso? Solto o cinto de segurança e espero minha irmã sair do carro, porém a irritadinha sai do carro bufando e bate a porta  provocando um forte zunido em meus ouvidos, respiro fundo de novo e agora conto até dez, saio do carro e o tranco com o controle automático, fazendo dois bipes.  - Você é insuportável, sabia? Como eu pude ter tido essa ideia estúpida de te chamar?- Ajeito meu cabelo olhando para a janela espelhada do lado de fora da escola e desvio o olhar quando uma menina gótica me olha torto.

- Por que você não vive sem mim meu bem, aceita que dói menos!-  A mesma apressa os passos jogando o cabelo longo em minha direção, balançando-os com força.

- Mas é abusada mesmo...- Apresso os passos também e a alcanço em questão de segundos, ponho as minhas mãos nos bolsos do sobretudo preto para fingir que estou com frio.

Andamos em passos rápidos mas mesmo assim não deixo de admirar a beleza da escola Torezanni, o gramado é bem verde e amplo permitindo que alguns alunos fiquem por lá matando as primeiras aulas. O prédio é espelhado e mais parece um shopping do que uma escola, talvez um tanto exagerado ? A vestimenta que os humanos chamam de  uniforme é simples e elegante porém não orna muito bem com a estrutura do lugar que é totalmente futurística, parecendo que saiu de algum filme de ação. Quando passamos pela porta automática me deparo com uma máquina de café e capuccino expresso, uma pequena fila se forma com alunos que certamente estão de ressaca.
Me pergunto se essas pessoas não se preocupam em perder as aulas, já que uma grande parte dos alunos estão no gramado ou reclamando na fila do café expresso estavam na festa de ontem, acredito que quem ainda não tem a vida ganha deve estar dentro da sala de aula estudando. 
Andamos pelos corredores da escola após a minha irmã conseguir a informação de que a sala de aula  de química fica no último corredor, a escola até que é bonita, de fato, mas nada se compara o castelo de Neuschwanstein e seus enormes corredores, torres e quadros pintados por grandes artistas.

- Estamos chegando, você está preparado para encontrá-la novamente e não arrancar aquele pescocinho fora?- Tivhá arqueia a sobrancelha direita, cutucando meu braço com o dedo indicador.

- Eu consigo me controlar muito bem minha sede, ontem foi um ... deslize.- Tento afirmar para mim mesmo que posso controlar meus instintos de vampiro, mas sei que no fundo estou mentindo.

- Depois não diga que eu não avisei, se você tiver que voltar com o rabinho entre as pernas para  Neuschwanstein saiba que irá sozinho, nunca mais volto para lá.- Tivhá desvia o olhar e começa a mexer em uma mecha do seu cabelo, seus olhos transmitem um semblante de tristeza.

- Você não sentiria falta dos nossos pais? O nunca tem um significado muito forte.- A mesma ignora minha pergunta e continua mexendo na mecha do seu cabelo para evitar qualquer tipo de contato visual,  e ainda por cima apressa os passos me deixando falando sozinho.