ESPERE POR MIM Romance homo +18

1 - Ethan

Estou no canto da sala esperando com os outros caras. A iluminação não é muito forte, como em todos os cômodos privados da boate. Madam Louise, nossa chefe, diz que é porque no escuro é que a verdade se revela. Meio dramático, mas a temática toda da boate é, então tanto faz. Estamos em quatro, e cada um vem de um setor da área pública do lugar. Todos somos dançarinos e strippers da Lottus', e cada um de nós encarna um personagem, para garantir que qualquer homem que passar pelas portas do lugar tenha seu sonho molhado secreto realizado.

Quando vim até aqui a primeira vez, pensei que era um pouco idiota que uma boate gay fosse assim, mas depois percebi que a coisa toda realmente funciona. Era bizarro, mas servia para pagar as contas, então tudo bem. Os figurinos acabavam sendo motivo de piada, apesar disso. Peter usa um daqueles ternos de velcro, que saem com um bom puxão. Patrick usa um jaleco de médico e nada mais, Andrew esta apenas com sua calça vermelha dos bombeiros.

E eu uso minha calça e colete de couro, com luvas cortadas nos dedos. O típico motoqueiro clichê.

Todos nós tiramos sarro dessa merda, mas é uma loucura o quanto um cara casado de meia idade, totalmente trancado em seu armário, pode babar ao ver uma mangueira sendo chacoalhada na sua cara, por um homem com metade da sua idade. É meio deprimente, mas o dinheiro é bom, e nenhum de nós esta realmente podendo escolher como ganhá-lo.

A porta abre, e Madam Louise entra, impecável em seu vestido longo e preto, que é o seu próprio uniforme, seguida por um homem bonito, em um terno caro cor de chumbo, de três peças, que lhe cai com perfeição de uma roupa feita sob medida, de uns trinta anos. Seu olhar avaliador sobre nós deixa claro que é um cliente. Eu e os caras nos entreolhamos, porque nunca é boa coisa quando alguém com essa aparência vem à boate. Quer dizer: bonito, jovem, rico, para não estar com outro assim do lado, e precisar recorrer aos nossos serviços, alguma coisa muito errada deve ter. Todo mundo sabe que alguém com aquela aparência teria pretendentes aos montes, de ambos os gêneros. É difícil imaginar o motivo para ele precisar pagar para alguém por algo que sem dúvida eles conseguiriam de graça e boa vontade.

— Por favor, meninos, fiquem lado a lado aqui na frente. — Madam Louise pede, sua voz firme, mas ainda gentil.
Ela é uma mulher realmente decente, independente do fato de que, para todos os efeitos, ela é nossa cafetina. Sim, também vendemos sexo, muito raramente. Diferente da maioria, porém, Louise nunca nos deu nenhum ultimato, ou forçou que fizéssemos algo que não queríamos, ou com alguém que não quiséssemos. Ela pode ser realmente exigente e rígida, mas jamais abusaria de sua posição com nenhum de nós.

Nós quatro ficamos ombro a ombro sobre a pequena elevação de um dos lados da sala, perto de uma parede decorada, que serve para pequenos shows variados, e o cliente pega uma cadeira de espaldar alto e se senta, e começa a nos analisar com a atenção de um comprador de cavalos que escolhe seu próximo reprodutor. Por sorte estamos acostumados a ser olhados como pedaços de carne, ou isso seria esquisito pra caralho.

Depois de um tempo ele apenas gira um dedo, indicando que quer nos ver de costas também, e com um aceno de Madam Louise, todos nos viramos e continuamos esperando.

O tempo passa, ou talvez nem tanto, mas realmente parece demorar. Nos entreolhamos disfarçadamente, as expressões indo de intrigadas a divertidas. Mas enfim nossa chefe fala:

— Está ótimo, rapazes, podem voltar aos seus postos. Todos, menos você, Ethan.

Merda.

Recebo olhares simpáticos dos outros enquanto eles vão saindo, e eu fico ali de pé, meio sem saber o que fazer comigo mesmo.

Depois que a porta fecha, ela acena para a cadeira livre, e me sento devagar, olhando entre ela e o homem. Agora de perto eu fico surpreso por ver o quanto ele é realmente bonito. Olhos castanhos bem escuros, cabelo preto bem cortado, traços perfeitos, aristocráticos, pele lisa, muito elegante, perfume gostoso que chega até mim.