2 - Patrick

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Depois de deixar a sala para Ethan, Madam Louise e o desconhecido bonito, volto para meu posto na parte leste da boate. Sem precisar falar com ninguém, ou receber qualquer instrução, subo no pequeno palco exclusivo que serve de ilha para um mar de mesas dispostas para que, quem as ocupe, possa ter uma boa visão minha. O salão principal da boate é configurado para parecer um bar antigo, mas ninguém confundiria o que aqueles quatro postos eram.

Isso não me incomoda. Dançar é algo do qual eu realmente gosto, e tirar a roupa é apenas mais um movimento, nada realmente grande. Então quando a luz diminui ao meu redor, exceto por um ponto brilhante que me envolve, eu apenas fecho os olhos e deixo a música me envolver.

Essa é a parte fácil. Fecho os olhos e começo a me mover devagar, minhas mãos percorrendo meu corpo conforme vou me balançando no ritmo da melodia. Às vezes minha dança é mais ágil, mais exigente, mas hoje sinto uma necessidade de ficar vulnerável enquanto me movo, como se estivesse apenas esperando que alguém viesse me guiar, cuidar do meu corpo enquanto giro, meus quadris balançando de uma forma que só poderia ser descrita como lasciva. Na minha mente me imagino fazendo esses movimentos enquanto monto... alguém. Um estranho sem rosto, porque não há ninguém em especial para quem eu queira fazer isso. Mas se houvesse, eu certamente saberia o que fazer.

Demora talvez meia hora até que a sensação seja forte o suficiente para eu não conseguir mais ignorar. Há alguém me observando, e não o tipo de observação usual. Movendo o corpo de forma sinuosa, viro e localizo a mesa num dos cantos escuros, onde um único homem está sentado, um copo pela metade na mão longa e elegante.

Mesmo que ele esteja usando óculos escuros combinando com seu terno caro e totalmente preto, eu poderia apostar qualquer coisa que seus olhos estão sobre mim. Mas o pouco que eu consigo ver do seu rosto não revela nada. Ele bebe devagar, e eu danço lentamente. Preciso me virar, dar 'atenção' para todos, mas o que eu quero fazer é continuar olhando para o estranho misterioso. Há algo inquietante, quase perigoso na forma que ele me observa, e não de um jeito ruim.

Queria uma reação sua, apenas uma. Por menor que fosse, mas por mais que eu dance e abra o jaleco Vovó Line que uso, ficando quase completamente nu, exceto pelas boxers justas que uso por baixo, ele se mantém na mesma posição, e se não fosse pelo fato de às vezes levar o copo de bebida aos lábios, eu poderia pensar que ele era um boneco.

Quero que ele reaja. Percorro a boca com a língua, meus olhos presos aos dele, sem conseguir afastá-los, e é nessa hora que uma das músicas que eu mais gosto começa a tocar. Um sorriso lascivo se abre em meu rosto enquanto minhas mãos percorrem meu corpo e eu balanço, deixando o jaleco cair no chão. Ao meu redor há gritos, e notas altas dobradas caem ao meu redor, mas meus olhos continuam no estranho, e agora parece que ele acabou de congelar no lugar. Será que percebeu que o show que estou dando é para ele?

Tomara.

Com dois dedos dentro da boca e uma mão descendo de forma perigosa pela minha barriga, vou me abaixando devagar, movendo os quadris ao som da música, e meu coração voa quando vejo a forma que ele se remexe. Rá! Lide com isso! Viro de costas, me empino e curvo para frente, olhando por cima do ombro. E meu sorriso cresce quando a bebida é virada toda de uma vez.

É ridículo e tentador e engraçado, mas pela primeira vez em muito tempo eu realmente estou me exibindo para alguém. Não meramente me mostrando sem roupa, mas me exibindo no meu melhor, convidando e instigando com meus movimentos, tentando seduzir e conquistar. É um pouco emocionante, e uma partezinha minha conclui que se aquele estranho pedisse uma sessão exclusiva comigo, eu aceitaria.

E se ele quisesse mais que apenas me ver dançar, eu aceitaria também.

Mas então ele põe a mão no bolso e retira um celular, que obviamente está tocando, e coloca o aparelho na orelha, parando de me observar. E é como se um halo quente que esteve ao meu redor desde que subi ali naquele palco tivesse sido apagado. Continuo dançando, agora com um certo esforço, toda a exuberância de antes sendo deixada de lado, e quase paro quando o estranho fica de pé, deixa uma nota na mesa e sai.

ESPERE POR MIM Romance homo +18Onde histórias criam vida. Descubra agora