capítulo 99

22 2 0
                                    

É! Eu recolho meus pedaços ,que ficaram pela rua quando vi Daniel cair e fiz o que tinha que ser feito. Pareço ser de ferro. Pareço, mas não  sou e sinto  minhas dores da alma,  eu ainda tenho uma   acreditam?

Eu caminho pela favela com um peso nas costas. Eu matei Daniel, nunca uma morte pesou minhas costas. Nunca foi  dificil apertar um gatilho.  Nunca um gosto de saegue perdurou tanto tempo na minha boca assim como o cheiro em minhas mãos.  Eu sei que eu tinha que fazer. Eu sei que ele me pediu. Mas dói.  Dói eu ter tido o sangue frio. A coragem.  Não  foi um gatilho, a pressao não foi um gatilho. A emoção foi.  Embora a emoção  de agora esteja me tomando de maneira que assusta! E alguém vai pagar. Alguém vai sofrer todo odio que preciso descarregar.

Ando pela rua todos me olham . Todos sabem que eu sou a nova dona. Muitos sabem da história  outros não.  Mas o peso dos acontecimentos esta sobre meus ombros. Só  dói! A vontade de sentar e chorar pelo meu amigo é  grande! Mas nao ha tempo. Nao tinha tempo. Eu ainda tenho contas a acertar. Postura Eduarda! Postura!O saegue dele ta na minha roupa, no meu rosto, na minha mão. Vou terminar a merda que alguém começou.  Vão pagar legal. Nao me interessa quem. Vao me pagar.

Abro a pora do barraco. Vejam só. O que foi isso minha gente? Um rato podre no fundo do comodo, não sei pq mas nao me assusta. Olho a ficha, leio c atenção.   Sinto meus olhos pegarem fogo.  O demônio  ta de volta. E vou levar pro inferno  esse capeta mal acabado.

Aproximo jogo cachaça pra arder.   Eu quero que pelo menos um pouco sinta meu odio! Minha raiva.  Meu terror na pele.

_ Tu axou mesmo ne? Que ia passar? 

_ me mata de uma vez ... me mata cadela imunda...

_ pode ter   certeza. Que tu vai morrer.  Eu vou cortar cada pedaço seu! Pra nunca mais traira axar que tem vez nessa porra!

_ Tu me odeia né? Pq ele gostava de mim!

_ Se ele gostase de tu! Eu te enforcaria em praça publica. Mas tu foi traira! X9 tu  fudeu o cara kelly. Entrou aqui pra issso. Tudo palmeado colega. Eu nao sou ele não.  _ atirei na  mão. _ tu veio pra ajudar a tomar o morro_ atirei no pé  _ so que axou que seria a primeira dama_ atirei no peito _ filha da puta desgracada!

Desci bala ate quase arrebentar o corpo .como se eu quizesse descontar nela todo meu odio.  Sai terminando de tomar a cachaça.  O morro tava quase limpo. Meu telefone não parava e eu sem cabeça pra atender ninguém.  Eu nao queria. Eu so queria ter paz por um  minuto. Uma paz que nunca tive. Uma paz que a vida nunca me deu. Eu nunca soube o que era isso.  Nunca vou saber.  Essa é a vida que escolheram pra mim. Essa é a vida que eu deixei levar. Essa era eu. Uma máquina.  Maquina de morte. Maquina de medo. Isso derrepente doia. Muito. Derrepente  me sentia culpada. O saegue de Daniel escorria ainda pelo meu corpo. Mas vamos la Donna.  É  c vc!  Tudo agora é com vc. Ele confiou em tu. Nao ta na hora de ser fraca.

_ Gb! _ chamei no rádio! Ta na voz?

_ To na voz Edu! 

_ Sobe no escritorio! Bater uma real contigo.

_ Marca 3 que to piando.

_ Jaé!

Olhei pra Gb que também estava transtornado.  Peguei uma cachaça, e olhei pra ele me sentando de frente pra ele. Seria uma conversa dificil. Eu sei. Mas ele era o homem de confiança.  Ele é  o cara que tenho que ter esse papo.

Sei que estamos esgotados. Mas precisamos.  Teremos.

_ Gb , o que vc quer que faça?

_ Edu! O morro é teu!

_ Eu te pedi pra.. 

_ Eu sei... mas nao era justo. Foi a vontade dele. 

_ Eu to tao perdida!

_ Não fica tio! Agora é tocar o morro. Tem o velorio dele. Tu é a  Donna. 

_ Tu continua na tua posição.  Tu é o frente.  Mas velorio.... ha isso nso me pede. Tenho pscologico não.  Eu nao vou. Não sinto forças.

_ Edu nem seibo que te falar.  Mas vai. Se seu coração pedir. Eu nao sou ninguém pra te falar. Cara nao sei de onde vou tirar forças. 

_ Eu não sei. Tenho que tomar um banho . Eu to c cheiro de morte. Eu to quebrada por dentro.

_ Nossa vida é essa. Bora pra mais essa parceira! Postura chefe!  Tu é  a Donna! A mulher de ferro!  Junta os pedaços.  E vamos e faz seu papel. Tu é forte.  Muito mais que qualquer um aqui. Os vapores precisam de tu.  Bora.

_ Tu ta certo! Bora!

Todos os cacos meus fui catando do chão.  Uma lágrima  desceu. E depois outra. Virei a garrafa de cachaça.  Peguei  minha arma.  Ainda segui pra fora agora com outra lágrima descendo.   Deparo com o carro da funeraria subindo.  Pego o fuzil e solto uma rajada de tiros pra cima.  Outros tiros foram sendo dados. Ali desabei em todas as lagrimas que nao tinha chorado.

_ Eu vou te honrrar isso eu te prometo!  Eu prometo.... eu juro!

Senti alguem me  abraçar! Abaixei o fuzil. Era Luiz.  Me abracei a ele.  Ainda tinha muita gente pra receber. Nao dava mais pra chorar.

DN levou com ele um pedaço meu.  E deixou um pedaço dele cmg.  Ele me ensinou que apesar de tudo. Sempre esteve ao meu lado. Sempre ser braço.  E assim vou me lembrar dele.

Bora Edu.  Vestir a armadura. E ser a nova Donna de São Gonçalo! A mulher de ferro. Bora la!

FOI NO ALEMÃO  2 Na Calada Da MaréOnde histórias criam vida. Descubra agora