Horror. Era esse o sentimento que tive ao passar pela porta e ver tantas macas com adolescentes praticamente desmaiados naquela sala gigantesca.
— Meredith, Meredith por Deus, presta atenção em mim! — Amélia murmurou e segurou forte minha mão. — Preciso que você fique comigo. Tudo bem? — Amélia pediu e eu assenti sentindo as lágrimas escorrerem automaticamente pelo meu rosto assim que coloquei meus olhos no corpo pálido deitado na maca sendo vigiada. — Preciso que você fique lá fora.
— Não Amélia, por favor... — Implorei e minha amiga apertou mais firme.
— Meredith, nós não podemos chegar juntas. Eu vou inventar alguma coisa. Confia em mim.
Eu mordi meu lábio sentindo o gosto metálico do sangue e assenti.
— Assim que ele sair você entra. — Ela falou por último e eu concordei vendo minha amiga ir em direção a uma garota com o uniforme vermelho.
Eu ouvia passos rápidos soando por todos os lados e sentia meu corpo tremer de medo. Eu não tinha a mínima ideia do plano de Amélia, mas eu pedia com todo meu coração para que nós conseguíssemos sair daquele inferno.
Olhei para baixo e tentei limpar da melhor forma o sangue que ainda escorria dos furos que haviam sido feitos em meus braços, abaixei as mangas do uniforme tentando esconder os hematomas da forma que dava, ao mesmo tempo em que permanecia atenta a qualquer movimento.
Segundos depois vi o homem uniformizado passar por mim em direção ao corredor. Empurrei a porta com mais força que no necessário e vi Amélia tentando colocar Addison em pé.
Ela estava muito magra, haviam olheiras escuras embaixo dos olhos e os braços brancos cheios de rodelas arroxeadas ainda piores que as minhas.
— Ai meu Deus! — Eu murmurei entre o choro e corri em direção à Addison. Ela abriu os olhos e os verdes estavam apagados, mesmo assim, fez menção de um sorriso e eu senti meu coração errar uma batida.
— A cadeira Meredith... — Amélia falou e eu fui em direção ajeitado Addison da forma que podia. — Meredith se você acredita em algum ser é hora de pedir qualquer tipo de proteção, porque eu não tenho a mínima noção de como nós vamos conseguir sair com ela desse lugar. — Amélia falou baixo e empurrou a cadeira em direção a porta.
Assim que saímos demos de cara com Alex. Senti meu coração querendo sair pela boca e ele fez menção de colocar a mão no bolso.
— Meredith, coloque a paciente no mesmo lugar. — Ele falou e deu um passo em nossa direção. Amélia me encarou com o rosto em pânico e eu senti meu estômago revirar.
— Por favor me ajuda. Eu sei que você não é uma má pessoa. Por favor nos ajude a sair daqui. — Pedi e ele ponderou encarando nós três.
— Desculpe Meredith...
— Não Alex por favor. Eu sei que você é bom, por favor... — Antes que pudesse terminar eu já estava em prantos.
Senti a mão gelada tocar a minha e olhei para baixo vendo Addison me olhar enquanto fazia força para segurar minha palma. Eu apertei e encarei novamente Alex que olhava a cena ainda segurando o pager.
— Ande, eles não vão demorar para checá-la. — Ele falou apontando para Addison antes de andar na frente e depois olhou para trás. — Vamos logo, vocês não querem dar o fora daqui? — Ele perguntou e eu soltei a mão de Addison para ajudar Amélia a empurrar a cadeira de rodas.
Nós descemos alguns andares pela escada deixando para trás a cadeira para levar Addison em apoio, quando algum enfermeiro passava por nós. Alex mencionava o nome da doutora Hahn, como se ele estivesse apenas cumprindo ordens e foi assim que chegamos a saída de emergência que dava de frente para o estacionamento.
— Eu nunca vou ser grata o suficiente. — Eu falei olhando para frente vendo o mar se carros estacionados.
Alex puxou um molho de chaves e retirou uma chave codificada. — Espero que vocês fiquem bem. Minha esposa não teve tanta sorte.
Amélia puxou a chave de sua mão agradecendo e seguimos para o carro preto, levando Addison arrastada do jeito que dava. Amélia acelerou saindo do estacionamento com Addison e eu no banco do passageiro e graças ao insulfilm espelhado não tivemos problemas para sair da área do hospital.
— Eu não acredito que nós conseguimos! — Amélia falou animada enquanto nos distanciávamos cada vez mais do Northwestern Memorial, mas seu semblante logo ficou triste.
— Nós vamos encontrar Carina, Amy. Eu vou te ajudar da mesma forma que você me ajudou a encontrar Addison. — Eu disse olhando pelo espelho e minha amiga sorriu em resposta.
— Para onde nos vamos? — Ela perguntou me olhando e eu suspirei.
— Vamos para minha casa, se minha mamá estiver bem, ela conseguirá nos ajudar. — Respondi e minha amiga assentiu. Olhando em direção a Addison antes voltar a atenção a rua, seguindo pela rodovia.
Puxei Addison ainda mais para o meu colo. O corpo dela tremia contra o meu, e sua boca estava ainda mais roxa. Eu passei a mão pelo seu cabelo molhado de suor, ignorando o pouco de sangue que ainda saía do meu braço e a dor que tomava todo meu corpo após o surto de adrenalina.
Na metade do caminho encontramos um ônibus escolar. Amélia me olhou com os olhos avermelhados.
— Tudo bem parar Amélia, você precisa descansar. Não vai adiantar forçar e sofrer um acidente durante a madrugada.
— Eu preciso realmente dormir um pouco Mer. Meu corpo todo dói e eu preciso me deitar urgentemente.
Amélia estacionou ao lado do ônibus e retiramos Addison com cuidado após checar rapidamente se o ônibus estava vazio e para nossa sorte estava.
Ajeitei Addison nos últimos bancos enquanto Amélia permaneceu nos dois a frente. Apesar do sono e cansaço, eu não conseguia dormir. Durante toda a madrugada não ouvi nenhum barulho sequer de algum outro automóvel e quando meus olhos não aguentaram mais, acabei dormindo.
Um barulho alto me fez abrir os olhos assustada. Amélia olhava para trás com o rosto pálido enquanto Addison permanecia encolhida com os olhos abertos olhando para os lados.
— Meredith, o que ela tem? — Amélia perguntou eu me levantei do chão, onde estava deitada para permanecer próxima a Addison e me ajoelhei em sua frente.
Eu tentei me aproximar mas devido a escuridão, Addison se afastou. Eu conseguia olhar seu rosto apenas devido a pouca claridade que vinha de fora e refletia na janela mais alta, e quando toquei sua perna ela faz vários sons altos, se sacudindo tentando afastar minha mão.
— Meredith pelo amor de Deus o que ela tem? — Amélia falou mais alto e eu já sentia as lágrimas escorrendo.
— Shhh meu bem, sou eu. Sou eu se acalma! — Eu murmuravam e tentava segurar sua mão mas ela chorava e se afastava freneticamente.
Num impulso, eu prendi suas mãos e as coloquei contra meu rosto. Os olhos fechados se abriram, ainda em lágrimas e os dedos se moveram minimamente em meu maxilar.
— MEREDITH!
— Espera Amélia! — Respondi de volta sentindo a palma aberta de Addison sobre a minha boca e os olhos verdes dobrarem de tamanho.
— Sou eu amor. — Murmurei assim que senti seus dedos nos meus lábios.
Addison voltou a chorar e me puxou contra o seu abraço. Ela me apertava contra o próprio corpo passando a mão por todo meu rosto enquanto chorávamos copiosamente. Ela me puxou para o banco e selou meus lábios de forma demorada. Passou novamente a mão por todo meu rosto e negou colocando minha mão em cima do seu peito que batia rápido.
"Eu pensei que fosse morrer, eu senti tanto medo de nunca mais te ver, Mer" Addison moveu as mãos de maneira mais lenta que o normal e eu selei nossos lábios novamente a puxando contra meu corpo, abraçando o mais forte que conseguia.
— Esse é o motivo dela nunca ter falado comigo Amy. — Sussurrei para minha amiga que suspirou falando um palavrão. — Assenti ao mesmo tempo em que deixava um beijo no topo de sua cabeça.
°
— Merda! — Amélia resmungou após tentar abrir outro carro.
— Aqui Amélia, esse aqui. — Eu chamei na hora que avistei a chave ainda no carro desligado.
— Por favor que tenha gasolina. — Ela falou sozinha e me olhou sorrindo largo assim que ligou o carro. — Vem, vamos logo. — Ela chamou e eu fui até a escada do ônibus escolar buscar Addison e lavá—la até o carro. — Deus abençoe o Alex pela ajuda. Mas eu que não vou usar o carro dele até a casa da sua mãe e facilitar a vida desse bando de filha da puta. — Amélia resmungou e deu partida assim que bati a porta do passageiro.
Durante o caminho Addison voltou a dormir. O corpo sempre agarrado ao meu, os braços com o sangue misturado devido ao uso de cateter por tanto tempo mas eu não me importava com toda a sujeira. Nós havíamos passado pelo mais difícil, eu não iria me abalar por causa de sangue seco de forma alguma.
Amélia aproveitava para contar sobre como conseguiu gravar as passagens dos corredores após fingir desmaio e de como haviam sido seus dias desde que havia sido levada pela ambulância após a noite da festa. Eu contei sobre o comunicado que a diretora havia feito e como tudo aconteceu desde que Addison teve os primeiros sintomas.
— Mas porque nós Amy? — Perguntei e minha amiga negou com a cabeça.
— Eu não faço a mínima ideia e espero que sua mãe possa nos explicar isso.
Eu suspirei e olhei para Addison que me encarava. Seus dedos percorriam os vários furos que haviam espalhados pelos meus braços e as marcas arroxeadas que ficavam cada vez mais evidentes.
"Eu queria ter o poder de tirar toda sua dor" - Sinalizei e vi o pequeno sorriso se formar no rosto pálido.
"Saber que você está bem e te ter perto já me alivia o suficiente" - Addison sinalizou de volta e eu dei um beijo de esquimó sentindo a pontinha de seu nariz.
— Ah pronto. Avisa pra branquela que eu vou aprender essa linguagem de sinais também pra conseguir xingar as pessoas na cara delas quando eu estiver de saco cheio. — Amélia falou debochada e eu ri vendo o olhar perdido de Addison e sinalizei rapidamente o que minha amiga havia dito.
Addison negou com cabeça e deu um joinha para minha amiga.
— Já aproveita e pergunta. Como sinaliza... Vai tomar no cú? — Ela perguntou e eu não consegui segurar a risada alta. A primeira que eu dava depois de tanto tempo.
°
O sol estava quase se pondo novamente quando avistei minha casa. Às luzes estavam apagadas e minhas mãos começaram a tremer.
"Se acalma" - Addison sinalizou após chamar minha atenção, respirei fundo antes de abrir a porta e sair do carro sendo seguida por Amélia, que me ajuda a segurar Addison pela cintura.
— Mamá?! — Chamei alto o suficiente após ver algumas casas ao redor com as luzes acessas e outras apagadas, mas o silêncio permaneceu o mesmo.
— Tem alguma chave reserva por aqui? Embaixo de vasos, alguma pedra falsa? — Amélia perguntou e eu a encarei séria.
— É claro que não né.
— Ué, funciona assim em filmes. — ela deu de ombros e eu suspirei passando a mão na testa.
— Tem outra entrada? — Amélia perguntou e eu assenti rapidamente andando com as duas pelo quintal, abrindo a cerca lateral para ter acesso a entrada dos fundos.
— Droga. - Murmurei ao tentar abrir a porta que assim como a da frente estava trancada.
— Meredith quebra essa janela. - Amélia falou impaciente. — Não é invasão se você também for dona. — Ela bufou e no segundo seguinte senti parte do meu cotovelo rasgar e o barulho de vidros caindo no piso.
— Caralho! — Xinguei assim que tentei retirar meu braço, sentindo alguns cacos adentrarem mais na minha pele.
— Porra Meredith, era pra você pegar uma pedra. — Amélia gemeu e me ajudou a retirar o braço, colocando a mão por dentro da pequena janela para destrancar a porta pela parte de dentro.
Sorri de maneira forçada para Addison que me olhava assustada e a puxei para dentro de casa, fechando novamente a porta.
A casa permanecia absolutamente da mesma maneira que eu me lembrava, Amélia foi direto para a geladeira preparar algo para comermos enquanto Addison ficava no sofá e eu andava pelos cômodos procurando meus pais.
Sem encontrar ninguém, fui até meu quarto, separando algumas mudas de roupa. Logo vi o corpo frágil de Addison entrar segurando a parede. Eu estiquei meus braços e ela veio de encontro ao meu abraço. Nós ficamos alguns segundos assim e logo pedi para que ela me esperasse enquanto eu levava as peças de roupa para Amélia.
Quando voltei Addison estava sentada olhando para alguns pôsteres de atrizes que havia na parede. Em outra ocasião eu teria vergonha de me expor daquela maneira. Peguei mais algumas peças e levei para o meu banheiro, mamá sempre deixava meu quarto da mesma forma, ela dizia que era para ter a sensação de que eu estava sempre por perto.
Despi Addison jogando no lixo a roupa do hospital e dei o mesmo fim à minha própria vestimenta. Addison havia perdido peso de forma considerável e parecia ainda mais frágil com os ossos pontudos tão visíveis. Tentei ignorar aquele sentimento e ser grata por tê-la ali comigo do jeito que fosse e segurei firme em sua mão puxando para a água quente.
Ela grunhiu assim que o primeiro jato tocou seu corpo e eu a empurrei suavemente para baixo d'água.
Addison colocou a mão na parede, despejei o sabonete líquido fazendo espuma e deslizei levemente com a mão por seu corpo. A água vermelha escorria pelo ralo levando todo sangue que estava grudado em nossos braços, fazendo arder cada parte machucada, principalmente do meu cotovelo recém cortado.
Assim que lavei o cabelo escuro, forcei Addison a sair do banho e sentar na privada. Eu queria ajudá-la a se vestir mais havia muito sangue em mim e precisei me limpar antes que pudesse fazer qualquer coisa. Ela se secava de forma lenta. Eu fiz tudo da maneira mais rápida possível para que ela pudesse deitar na cama e comer o lanche que Amélia havia preparado.
Quando Addison estava na cama alimentada vi Amélia entrar com minha roupa emprestada e o semblante triste.
— O que foi Amélia? — Perguntei e puxei o papel que ela segurava.
— Eu sinto muito Mer. — A voz saiu embargada e meus olhos percorreram rapidamente a folha.
Atestado de óbito Thatcher Grey
Estava datado a três semanas atrás de acordo com o calendário que havia no meu relógio que apitava sutilmente ao lado da cabeceira da minha cama.
Minha amiga se sentou ao meu lado e me puxou para um abraço apertado e com ela e Addison me abraçando eu chorei. Chorei até sentir minhas forças indo embora. Chorei até meu corpo exausto se entregar ao sono.
— Hija? Virgen Santa, hija? Meredith?! — Ouvi a voz de mamá ao longe. Forcei meus olhos a se abrirem e focar na imagem da mulher ao lado da minha cama.
Eu ainda estava dormindo na cama sendo abraçada por Amélia e Addison.
— Mamá?! Meu Deus, mamá que saudade! — Falei me movendo rápido fazendo Amélia cair da cama, ignorando os resmungos me ajoelhei para abraçar minha mãe que me apertava e soluçava ao mesmo tempo.
— Hija, eu tive tanto medo de ter te perdido também. — Ela murmurou contra minha cabeça e senti meu coração esquentar ao sentir o cheiro do perfume de lavanda que ela sempre usava.
— Mamá... O papai... — Eu choraminguei e ela continuou me abraçando apertado como se eu fosse sumir a qualquer momento.
Após segundos assim minha mãe se sentou na cama, encarando tanto a mim quanto a Amélia e Addison.
— Ela está infectada. — Mamãe murmurou e eu assenti puxando Addison para mais perto.
— Nós estávamos presas no Northwestern Memorial tia Ellis. — Amélia falou e mamá negou segurando a mão da minha amiga.
— Eu lamento vocês terem passado por todo aquele pesadelo. — Ela falou e eu encarei.
— Como você sabe que foi um pesadelo mamá, a senhora sabe o que fazem com quem é imune ao vírus?
Ouvi o suspiro longo e um pequeno aceno com a cabeça. — Hija, nós precisamos conversar.
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— Mas que porra! — Amélia vociferou quando minha mãe terminou de explicar a situação.
— Então... Não espera. Tem alguma coisa nisso tudo que não está se encaixando.
— Ah claro, será a parte em que nos faziam prisioneiras ou a parte que poderiam retirar nosso sangue até morrermos? — Amélia debochou e riu sem humor.
— Hija, todos que estão imunes são mantidos em locais fechados, qualquer doença, uma gripe que seja já causa alteração e o sangue perde a eficácia.
— Mas mamá, é exatamente por isso. Haviam muitas pessoas doentes no Northwestern, se é possível fazer o antídoto para salvá-las, por que elas continuam morrendo, porque ninguém está sendo curando? — Questionei e ouvi suspiro alto. — A não ser que...
— A não ser que eles não estejam usando na população e sim vendendo para outros lugares. — Amélia divagou e o rosto ficou vermelho. — Eu vou acabar com aquela doutora! — Amélia ralhou e algumas lágrimas corriam pelas bochechas. — Alguém tem que dar um fim naquela maldita!
"Será que isso é feito em todos os hospitais?" - Addison sinalizou após eu ter explicado resumidamente o que estava acontecendo.
— "Eu não sei, fazem isso no hospital em que você trabalha mãe?" — Sinalizei e perguntei para ela sentindo a tristeza querer me tomar por imaginar minha mãe participando de tamanha crueldade.
— Virgen Santa hija, não pense em um absurdo desse! Fora Linda e eu, todos foram contaminados aqui na cidade, os médicos que trabalham no hospital são voluntários imunes ao vírus que perderam entes queridos ou tiveram a própria cidade dizimada e vieram por amor a profissão.
— Tia Ellis, como é feito o antivírus? - Amélia perguntou e minha mãe que estava em pé se sentou.
— Assim que inserido no organismo, o antígeno permite que o sistema imunológico de um infectado comece a reagir, produzindo anticorpos de forma desencadeada para o combate ao vírus.
"Quantas doses são necessárias para que a pessoa volte a ficar saudável?" - Addison sinalizou e eu fiz a pergunta a minha mãe que a olhou antes de ficar em silêncio.
"O que? Eu sempre gostei de fazer pesquisas, me faz parecer sexy além de inteligente" - Ela arqueou a sobrancelha de forma rápida me fazendo rir.
— Mer... — Dinah chamou e eu a encarei sem conseguir esconder o sorriso do rosto.
— Fala. — Perguntei e Amélia se aproximou da cama, parando de frente a Addison que a encarava e me olhava levantando os ombros por não entender a aproximação.
— A Addison está melhor aparentemente... Pergunta se ela está se sentindo bem. — Amélia divagou segurando o rosto de Addison virando de um lado para o outro.
"Minha cabeça e me corpo ainda doem. Mas já não parece que vou morrer". - Addison sinalizou e eu dei um tapa na perna dela de leve enquanto repetia a resposta para Amélia.
— Addison querida, você se lembra de te darem algum antídoto enquanto estava no hospital? — Mamá perguntou devagar e Addison negou rapidamente.
— "Eu só me lembro de aplicarem remédios para me fazer dormir" — Repeti para minha mãe e olhei para Amélia que permanecia olhando para o nada ainda sentada na cama.— Amélia? — Chamei e minha amiga me olhou fixamente.
— E se... Por acaso não precisassem fazer todo o procedimento em laboratório...
— Você quer dizer... — Mamá falou ficando de pé e Amélia assentiu freneticamente.
— E se o contato direto com o sangue pudesse curar um infectado?
— É impossível. — Mamá divagou.
— Não seria impossível, tia Sinu a senhora não viu a sujeira que as duas estavam depois de terem retirado o cateter. Meredith ainda estava com sangue fresco enquanto abraçava Addison e ela... — Apontou para Addison que me olhava em perspectiva enquanto eu sinalizava. — Está definitivamente melhor do que à dois dias atrás.
— Eu precisaria fazer testes primeiro, podem ter dado algo para Addison antes de vocês terem a tirado de lá.
— Mamá, onde está Lexie? — Perguntei e vi os olhos marejados me olharem de volta.
— Ela está no hospital. Tenho cuidado dela pessoalmente por todos esses dias. — Mamãe divagou e eu suspirei.
— Meredith você pode tirar um pouco do seu sangue e sua mãe aplicar diretamente nela. — Amélia falou e eu neguei rapidamente.
— É arriscado demais Amy, se ela... Se ela realmente melhorar vão querer prendê-la. Eu não posso deixar minha irmãzinha passar por tudo isso.
— Eu vou trazê-la para casa. — Mamá falou e eu a olhei surpresa.
— Mamá, pode ser que tenha sido tudo coincidência. — Murmurei e minha mãe me olhou, deixando algumas lágrimas caírem.
— Sua irmã já está praticamente morta hija. Se não der certo, nós a perdemos tentando salvá-la, caso contrário, a perdemos sem ao menos tentar.
Levantei e a abracei, em seguida ela saiu do quarto para se arrumar e voltar ao hospital.
Após nossa despedida, Amélia desceu para preparar algo para comer, Addison e eu permanecemos deitadas.
Algumas horas já haviam passado, eu me virei na cama ficando de frente para Addison. "Eu estava preocupada, pensei que não fosse te encontrar". - Sinalizei e Addison suspirou.
"Eu realmente pensei que nunca mais fosse ver esses olhos verdes que eu amo". - Sinalizou e contornou minha bochecha com a ponta dos dedos.
"Ama somente meus olhos?"
"Eu te amo por completo Mer".
Antes que pudesse falar algo mais, os lábios dela já estavam contra os meus. Eu amava a sensação de ter sua língua em volta da minha. Sua mão desceu para minha cintura por baixo da blusa e ela me puxou mais contra seu corpo. A sensação de posse me fez gemer contra sua boca.
— Tem... Opa. Foi mal aí. — Amélia coçou a cabeça e eu me afastei de Addison que se balançou na cama como se estivesse fazendo pirraça pela intromissão.
— Tá tudo bem Amy. Já vamos descer.
"Vamos comer?" - Sinalizei e Addison ergueu a sobrancelha sorrindo ladino.
"Comida comível, safada" - Completei e ouvi o som rouco da risada dela atrás de mim enquanto saímos do quarto.
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The V - Meddison
Fanfiction[Concluída] Addison Montgomery e Meredith Grey são colegas de quarto na faculdade, apesar disso elas nunca haviam se comunicado, Até à chegada de um vírus desconhecido mudar toda situação. - A estória é adaptada; - Créditos: @triangulumcamren