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Kristal mal pôs os pés para fora e os olhos ágeis da Sra. Wilson já estavam sobre a morena, como sempre a idosa estava sentada na varanda de sua casa, em uma cadeira de balanço estrategicamente posicionada para que ela pudesse vigiar todo e qualquer ser que se aproximasse, um novelo de lã no colo, que ela jurava a anos que um dia se tornaria um cachecol.

- Como vai Sra. Wilson?

- Levando, Vanessa. Hoje o ciático está me matando. - desde que se mudou para aquela vizinhança, toda vez Kristal perguntava como a idosa andava, ela tinha uma queixa diferente.

- Melhoras para a senhora então. - a agente tentou atravessar a rua, mas a senhora lhe chamou de volta.

- Ei, vem aqui! - a mulher disse apressada.

- Pois não? - Kristal respondeu sem muita paciência.

- Está indo na casa dos Meléndez?

- Sim, por quê?

- Olha minha filha, se eu fosse você não ia lá hoje. - a velha diz em tom de aviso.

- Por que não Sra. Wilson?

- Ah você sabe que eu não sou de mexericos. - ela diz voltando sua atenção a peça em seu colo. - Mas... O Júlio saiu hoje cedo com uma cara de poucos amigos.

- E a senhora sabe o porquê do mal humor? - Kristal questiona apenas para ouvir a teoria de Sra. Wilson, afinal ela já tinha uma ideia do porque.

- Não faço ideia, mas, eu não arriscaria irrita-lo - a senhora continuou a tricotar enquanto falava.

A morena então percebeu que ela não era a única que tinha um pé atrás com o "papai Meléndez".

- Obrigada Sra. Wilson, mas eu sei me cuidar. - ela atravessou a rua e adentrou pelo portão de madeira branca da residência.

Kristal bateu algumas vezes na porta e já estava impaciente pela demora em ser atendida, já estava a um passo de arrombar aquela merda quando finalmente a pequena Amy abriu a porta.

- Vanessa! - a menina saltitou alegre.

- Oi Amy, como está?

- Muito bem, obrigada! - ela responde fazendo uma reverência tal qual uma princesa.

- Sua mãe está?

- Oh sim, mas ela não está se sentindo bem.

- E você está sozinha? - Kristal pergunta entrando na casa.

- Não, o tio Diego está aqui comigo. - assim que pôs os pés no hall de entrada Kristal pôde ver Diego sentado no sofá, ele a fitava de cima a baixo com seu típico olhar predador.

- Ora, ora, ora... veja quem está por aqui, Vanessa! Muy bela, como sempre. - o homem se levanta.

- Obrigado, Diego não é? - Kristal se fez de desentendida propositalmente, o intuito era mostrar que o homem não era ninguém especial para ela.

- É uma honra para mim que uma dama como você se lembre de meu humilde nome. - ele faz um gesto de reverência semelhante ao que Amy fizera a pouco.

- Eu vou lá em cima, ver a Mary. - Ela diz ignorando o flerte. - Quer vir comigo Amy?

- Não, vou brincar um pouco com o tio Diego.

- Ok então. - Kristal diz contrariada, ela não queria deixar a menina a sós com Diego pois conhecia o seu histórico e sabia não ele não era a melhor companhia para uma garotinha. Ainda, assim não seria louco a ponto de fazer qualquer mal sabendo que Kristal estava por perto.

Ela então subiu as escadas e adentrou pelo corredor até o quarto no fim. A porta estava entre aberta.

- Mary, posso entrar? - ela questionou cautelosa e após não obter resposta ela adentra o cômodo.

A suíte principal tinha uma decoração elegante, diferente do resto da casa, uma cama king size no centro com um jogo de lençóis que pareciam caros demais para Kristal, cortinas que cobriam a parede posterior de cima a baixo e a direita dela um grande painel espelhado acima de uma prateleira de vidro com vários perfumes dispostos em cima.

Kristal estava concentrada demais analisando o lugar que nem percebeu a porta do banheiro se abrir.

- Aaaaa! Que susto Vanessa! - Mary diz com a mão no peito.

- Desculpa, eu vim ver como você está. - ela responde depois de dar um pequeno sobressalto no lugar.

- Eu estou bem, mas acho que exagerei um pouco na bebida ontem. - Mary ri enquanto libera os cabelos da toalha que estava enrolada em sua cabeça.

- Exatamente por isso que eu vim. Tirando a parte da ressaca, você está mesmo bem? - ela pergunta preocupada.

- Sim, o Júlio está um pouco chateado comigo, mas nada que uns bolinhos e muito carinho não resolvam.

- Mary, eu não quero me intrometer, mas é que eu sinto que somos amigas...

- E somos!

- Sim, então... A Sra Wilson disse que viu o Júlio saindo mais cedo e ele não parecia só "chateado".

- Ah não liga para tudo o que a Sra Wilson diz, ela está velha e entediada e adora causar um rebuliço na vizinhança. Júlio está ótimo, só anda um pouco estressado com a visita do irmão, mas como eu já disse, nada que uns bolinhos não resolvam.

Não foi o que Mary disse, mas sim, como ela disse que intrigou Kristal, cada palavra usada parecia ter sido minuciosamente escolhida para passar a impressão certa.

Uma enorme sensação de desconfiança tomou conta da morena, tudo ali, aquele quarto chique, as coisas que Mary disse, ela definitivamente não estava falando a verdade, se é que alguma coisa que já saiu da boca dela era verdade.

Talvez Kristal tenha se afeiçoado a mulher ou até àquela vizinhança inteira, a agente sabia qual era a missão, mas é possível que o vislumbre de uma vida pacata tenha a retardado um pouco do seu objetivo.

Kristal precisava entrar no jogo dela e tirar qualquer informação que fosse.

- Ah e por falar em irmão, eu vi o Diego lá embaixo.

- Sim, ele veio passar uns dias.

- Por que o Júlio está estressado com ele?

- Por nada, é birra de irmão, eles são dois teimosos e sempre que se juntam ficam discutindo pelos cantos.

"Então a relação dos irmãos Meléndez está estremecida? Interessante!"

- Quer saber, eu já vou indo.

- Fica, eu vou fazer um café.

- Não precisa, você tem que descansar - Kristal se direcionou a porta, mas parou se apoiando no batente - e se trocar também! - ela deixou o cômodo rindo e Mary finalmente percebeu que estava o tempo todo de roupão, pois havia acabado de sair do banho.


(っ.❛ ᴗ ❛.)っ

Kristal tá desconfiada até de própria sombra 😌

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