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O moreno permaneceu parado, o olhar incomum de Vanessa não saía de sua mente, ele queria mesmo acreditar que aquilo não havia passado de um impulso pelo susto, mas sua intuição gritava que havia algo a mais por trás daquele olhar e daquele tapa. Seus pensamentos foram interrompidos pelo som do aparelho em seu bolso.

- Diga!

- Meléndez. - a voz masculina era rouca, aparentemente de um senhor de idade avançada.

- Oh Sr. Alonso, a quanto tempo não nos falamos?

- Realmente, Diego.

- Como vão as coisas em casa?

- Nada bem, e é justamente por isso que estou te ligando.

- O que houve senhor? - Diego sentiu os nervos enrijecerem.

- Eu recebi uma notícia nada boa hoje. Ao que parece os italianos descobriram sobre o "pacote" e estão vindo buscar.

- Mas como eles souberam?

- Isso não importa, o que importa é que souberam e você precisa proteger e trazer-la para casa.

- Mas senhor...

- Você tem 48 horas. - o senhor desligou de maneira rude na cara de Diego.

Como se não bastasse todo os problemas que ele já tem, agora mais um adicionado a lista. Diego tramava um plano na própria mente de como faria aquilo, faltava muito pouco tempo até os italianos começarem a rondar o lugar atrás da menina, se é que já não estavam fazendo isso. Pensava em como contaria a Júlio e Mary sobre as ordens de seu chefe, Júlio sempre soube que seria questão de tempo para levarem a menina, já Mary, ela nunca soube da origem da criança e preferia continuar sem saber, para ela a única coisa que importava era cuidar e protegê-la, ela se apegou demais e não será nada fácil convencer ela a deixar Diego levá-la.

Mas ele faria, os dois gostando ou não, sua cabeça dependia disso e por mais difícil que seja, ele não hesitaria em se livrar de qualquer um que se meter em seu caminho. Dois dias, era o tempo que ele tinha para levar a menina em segurança até a Espanha, onde era será o trunfo perfeito para os espanhóis tomarem todo o poder para si.

(...)

- Bom dia tio Diego! - Amy o cumprimentou de maneira afetuosa assim que adentrou a casa.

- Bom dia mi tesoro. Onde está seu pai?

- Ele saiu. - Mary respondeu no lugar da menina.

- E posso saber para onde?

- Se você descobrir me avisa, por que eu também não sei. O café já está posto, vai lá tomar! - Mary disse com sua pressa costumeira, ela sempre parece estar ocupada demais para conversar, principalmente com Diego. - Vamos querida, vou arrumar seu cabelo.

Ele observou as duas subindo as escadas juntas e refletiu internamente sobre o quão difícil será separa-las,  ele com certeza precisará de reforços. Pegou o celular e digitou algumas mensagens antes de ir tomar seu café.

Enquanto sentia o líquido quente e amargo descer em sua garganta, Diego se lembrou dos acontecimentos da noite passada. Seu momento com Vanessa na sacada, a discórdia que Tereza plantou entre o casal Couson e a provável briga que aconteceu durante a noite, tendo em vista a cara abatida da morena nesta manhã. Tudo estava compactuando a seu favor, só restava a decisão de Vanessa de ir com ele até a Espanha e eles poderão ficar juntos sem mais nenhum empecilho. Ainda há uma peça a ser descartada desse jogo, e Diego sabia exatamente qual seria o seu golpe final.

(...)

Três toques na porta foram o suficiente para uma Tereza furiosa aparecer em sua frente.

- Ah você de novo? O que quer aqui?

- Quero saber como vai sua "pesquisa de campo"? - Sem esperar um convite ele adentrava a casa.

- Nada fora do comum, o cara é um santo. Um santo do pau oco, mas ainda sim um santo. O resumo da vida dele é trabalhar na concessionária, dirigir um carro utilitário e babar o ovo da esposinha dele. Ele é a personificação de tédio pra mim.

- E sobre o momento de vocês ontem? Ou pensa que eu não vi?

- Não houve momento, o que houve ali foi eu praticamente me atirando em cima dele e ele se esquivando de mim o tempo todo. Eu ainda estou bem confusa em relação ao Brian.

- Confusa por que? Acha que é impossível alguém resistir ao seu charme?

- Acho sim. Mas o que me deixa mais confusa é ele ter se esquivado tanto e mesmo assim aceitar sair pra tomar um café comigo.

- Hum. - essa parece ser a chance de ouro para Vanessa deixar de vez aquele bundão e fugir com Diego. - Então faça isso o mais rápido possível!

- E eu posso saber o porquê de tanta pressa?

- Porque os chefes querem a menina em dois dias e eu quero que a Vanessa venha comigo. - Diego disse quase num sussurro. Os olhos de Tereza saltaram as orbes tão surpresos com a notícia.

- Mas como? Por quê?

- Isso não importa. O que importa é que amanhã a noite eu, Vanessa e o meu tesouro estaremos em um avião indo direto para a Espanha. E você vai me ajudar a garantir que isso aconteça.

- E o que eu ganho com isso? - Diego saltou em direção da mulher e a agarrou pelo pescoço.

Tentando se desvencilhar do aperto, Tereza recuou alguns passos até sentir suas costas baterem na parede, ela estava encurralada e Diego aumentou a pressão em sua traquéia. Os olhos amendoados brilharam com as lágrimas se formando e a falta de oxigênio deixava a mulher cada vez mais próxima da perca de consciência.

- Sabe o que você ganha? Que tal a sua cabeça continuar presa ao pescoço? Nós estamos nessa juntos Tereza e se qualquer merda acontecer e eu me der mal, saiba que eu vou te levar comigo direto pro inferno. Você entendeu sua vadia? - Já sentindo as vistas escurecendo, tudo o que Tereza foi capaz de fazer foi acenar positivamente com a cabeça.

Diego a soltou, e imediatamente o corpo da mulher cedeu de encontro ao chão, ela ficou lá tentando recuperar o fôlego enquanto o homem apenas assistia impassível. Ainda no chão ela retomou sua feição debochada e o encarou.

- Você... Está realmente desesperado por ela não é? - um sorriso tomou o lábios de Tereza de um jeito que o moreno não gostou nem um pouco.

- Ligue para ele, vá tomar café e não me faça perder mais tempo. - Diego saiu da residência com um amargor na boca, agora ele tinha uma fraqueza e o nome dela é Vanessa.

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