Beautiful Chaos || z.m

3.

[[ Zayn ]]

"Não és de falar muito, pois não?" Scarlet desvia o olhar para mim. Os seus dedos brincavam com as pontas dos seus cabelos escuros, enrolando-os em volta do indicador.

"Quando não tenho nada para dizer, não digo." Eu encolho os ombros e a morena suspira, atirando o saco de desporto para cima da mesa de bilhar. Ela apoia as mãos nas margens da mesa de bilhar, saltando para cima dela depois. Os seus cabelos são lançados para trás quando ela começa a vasculhar num dos buracos das bolas, retirando de lá um mini pacote transparente.

Ergo a sobrancelha ao assimilar o que era aquilo, pequenas pastilhas de cores diferentes sobressaíram por detrás do plástico e a minha mente parecia ter ficado chocada com o que aconteceu a seguir. Ela sorriu ao meter um dos comprimidos na língua, engolido-o de imediato.

Como é que eu não descobri aquilo ontem?

Imediatamente o seu corpo se estende sobre o o forro verde da mesa de madeira, as suas pernas esticam, os joelhos no alto, formando uma espécie de ângulo de 30 graus. Não posso deixar de reparar como os seus músculos relaxam instantaneamente, os seus olhos fecham numa tranquilidade intrigante enquanto o seu rosto se abre num pequeno sorriso satisfeito. Ela leva as mãos até à sua barriga nua, descansando-as lá. Os seus cabelos longos caem pelo lado da mesa, quase tocando no chão.

Scarlet parecia agora estar noutro mundo enquanto eu tentava entrar no dela. Honestamente, ela não parecia o tipo de rapariga que consumia drogas. A sua pele era lisa, sem qualquer defeito ou mancha e os seus dentes eram demasiado brancos para já terem experimentado ecstasy.

"Diz-me Zayn..." Ela fala através do silêncio. Os seus olhos continuam fechados e o seu corpo magro parece sem vida. "Porque matas-te a tua mãe?"

Começo a tossir ao ouvir a sua questão. Nunca ninguém me tinha perguntado aquilo antes, a não ser a polícia nos seus interrogatórios estúpidos e sem utilidade nenhuma. Não importava o que eu dissesse, eles apenas assumiam as coisas, não dando a mínima para as minhas palavras de defesa. Foda-se para eles também. Mas, tirando isso, nunca ninguém se importou o suficiente para me fazer aquele tipo de pergunta. A excepção do Louis, mas bom, ele não conta.

"Então?" Scarlet pressiona. "Não tens exatamente cara de psicopata."

Tenho vontade de rir com a sua afirmação. Foi provavelmente a coisa mais simpática que me disseram nos últimos tempos.

"Tu também não tens propriamente cara de drogada." Eu digo de volta e posso ouvi-la a rir baixinho.

"Parece que é algo que temos em comum," A rapariga sussurra com humor. Eu fico confuso. "Ambos aparentamos ser algo que não somos."

"Ou ambos tentamos esconder aquilo que somos realmente." Sussurro.

"O quê?"

"Nada." Eu rio baixinho, suspirando. "Não disse nada."

O silêncio volta a instalar-se, desta vez um pouco constrangedor. Onde estava o Louis de qualquer das formas? Era suposto ele vir aqui hoje, e já passa da hora de almoço e eu estou esfomeado e com uma ressaca horrível. Por outro lado, Scarlet estava a começar a assustar-me. Ela não mexia um músculo à minutos, e a sua barriga estava congelada, sem quaisquer sinais de respiração. Com algum esforço, consigo levantar-me do sofá velho, aproximando-me da morena inanimada. Os seus olhos pareciam ter sido fechados com uma delicadeza extrema, as suas mãos estavam pousadas no centro da sua barriga, uma por cima da outra e o seu rosto estava sereno. Os seus lábios carnudos formavam um sorriso não muito óbvio, mas engraçado de certa forma. Os meus dedos moveram-se lentamente até ao seu rosto, mas antes que pudesse tocar-lhe, alguém falou em tom baixo: