Capítulo Três

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Eu não conseguia parar de pensar na garota, no abraço, no perfume e no quase beijo

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Eu não conseguia parar de pensar na garota, no abraço, no perfume e no quase beijo.

No dia seguinte após ter conhecido a Julia, eu estava indo pedir algumas moedas para ver se conseguia ao menos comprar um pão, quando fui parado por Rafaela que jogou uma pulseira na minha cara.

— Toma, devolva pra sua priminha vadia. Tava no bolso do João Vitor, provavelmente, ele roubou quando eles tombaram. Apesar de não ter ido com a cara dela, não acho certo que ele roube, ainda mais quando é pra trocar por drogas. Aliás, tua prima deve ser uma burguesinha e tanto, devia pedir pra ela dar um jeito de te tirar desse muquifo. - Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ela saiu andando. É incrível como essa garota pode ser tão grossa, e ao mesmo tempo eu queria correr para abraçá-la e agradecer, pois assim, poderia ter uma chance de falar com a Julia novamente.

Passei a tarde toda mexendo a pulseira entre os dedos, ela parecia ser de prata verdadeira e tinha símbolos de vários países pendurados nela, como a Torre Eiffel e a Estátua da Liberdade. Eu não tinha a menor ideia de onde a garota morava, mas sabia que a avó dela trabalhava na mansão Albuquerque, eu poderia devolver a pulseira para a avó e pedir o endereço da Julia.
Passei a noite sonhando com o nosso reencontro e relembrando a química que tivemos no dia que nos conhecemos. Foi tudo tão mágico. Quem me dera poder viver no mundo dos meus sonhos onde eu tinha dinheiro suficiente para levá-la para passear onde ela quisesse, e que eu tivesse roupas decentes para ir encontrá-la de modo que chegasse perto de ao menos um por cento da beleza dela...

Cheguei na mansão Albuquerque com as mãos trêmulas, e o corpo todo tenso

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Cheguei na mansão Albuquerque com as mãos trêmulas, e o corpo todo tenso. Eu nunca havia ido a um lugar tão chique.

O portão era todo revestido de ouro, logo na entrada havia um belo jardim, com um chafariz, onde estava uma senhora cuidando das plantas. Seria a avó da Júlia? Não tinha como saber, afinal, os donos daquela mansão deviam ter milhares de empregados, a garota que morava ali deveria ser do tipo que nunca sai de casa, e que é escoltada por seguranças até para ir à escola. Isso se não fosse educada em casa.

Resolvi não incomodar os donos da casa, então, apenas chamei a senhora.

— Ei, moça, preciso falar com você.

Ela andou em minha direção, com um sorriso simpático.

— Do que está precisando rapaz? - Certamente, ela pensou que eu fosse pedir dinheiro ou algo assim, visto as condições que eu andava.

— Você é a avó da Júlia? Eu preciso devolver isso à ela. - Mostrei a pulseira à senhora.

— Na verdade, essa pulseira é da dona Lays, eu não tenho nenhuma neta chamada Julia, deve haver algum engano aqui. - Ela disse pegando a pulseira de minha mão pelo vão do portão. - De qualquer forma, vou devolver pra ela.

— Lays? Olha, não sabe se a Julia é neta de alguma outra empregada? É que, eu queria muito conversar com ela de novo, e a única coisa que eu sabia sobre ela era o nome, e que a avó dela trabalhava aqui nessa casa.

— Deve ter se enganado garoto, sou a única mulher trabalhando nesta casa no momento, houve uma troca de empregados recentemente, de qualquer forma vou devolver a pulseira pra Senhorita Lays, essa pulseira é muito importante pra ela.

De repente um pensamento iluminou minha mente. E se a Lays e a Julia fossem a mesma pessoa? E por alguma razão ela tivesse mentido?

— A senhora não pode... chamar a Lays? Precisava mesmo falar com ela, ou com a Julia, seja lá quem for.

— Eu realmente queria poder ajudar garoto, mas a senhorita Lays está de castigo. Saiu escondida do pai há uns dias atrás e é meu dever não deixar ela sair, nem receber visitas, enquanto o senhor Albuquerque estiver fora, a não ser que o pai dela permita tal visita. Eu aviso que você esteve aqui. Qual o seu nome?

— Caique. Muito obrigado, mesmo.

Dei meia volta, um pouco desanimado, eu realmente queria encontrar a garota. Será que ela era a Lays? Ela morava naquela casa chique então. Ela deve ter me achado tão miserável que mentiu para que eu nunca mais a achasse novamente...

Quando estava na esquina, um garoto loiro de olhos verdes, bem vestido, me parou.

— Caramba cara, você parece desolado. Foi rejeitado pela Lays? Eu vi você saindo da mansão Albuquerque. Não fica mal não, todos são, a princesa é bem exigente.

—  Na verdade, nem sei se ela é a garota que eu tô procurando... ela me disse que era neta da empregada e que o nome era Julia, mas aparentemente não existe nenhuma Julia. - respondi totalmente desanimado, mas resolvi conversar, afinal o rapaz estava sendo gentil.

— Provavelmente a Lays mentiu, porque aquela velha que trabalha na mansão é uma solteirona sem neta nenhuma. - Ele deu uma gargalhada, enquanto eu achava indelicado o modo como ele se referiu à senhora. - Vou te dar um conselho. A Lays pode ser uma princesinha mimada, mas ela adora a pegada de um cara rústico, vocês se conheceram, ela deve ter curtido você e tá se fazendo de difícil. Você não devia esperar que empregada nenhuma a chamasse, espera anoitecer, pula o muro e entra pela janela do quarto dela de madrugada, as garotas adoram isso, olha só as séries da Netflix, tá na moda hoje em dia. - Ele olhou o relógio, que provavelmente era de ouro verdadeiro. - Tenho que ir pra aula de violão, boa sorte garoto apaixonado.

Eu estava em um dilema moral. Sabia que invadir a casa era errado, mas também não tinha direito de falar o que era certo e errado, já que roubava o tempo todo, só que os roubos eram pra comer e sem comida eu não sobrevivo. Pensei melhor e concluí que eu também não sobreviveria mais um dia pensando na Lays, ou Julia, seja lá qual for o nome dela, sem saber como teria sido se eu tivesse ao menos conversado com ela mais uma vez. E baseado nesse sentimento de paixão e borboletas no estômago é que eu tomei a decisão de pular o portão da mansão Albuquerque.

Esperei até as onze da noite, quando as luzes da casa toda se apagaram. Tirei os sapatos para não fazer barulho e coloquei um dos pés no portão, depois o outro e fui escalando apoiado nas grades, até conseguir cair do outro lado.
Corri para trás de um arbusto com medo que o barulho tivesse acordado alguém. Fui engatinhando até uma janela. Qual seria a do quarto da garota? Droga!

Comecei a ouvir uma movimentação estranha, vinda da rua, luzes, vozes, sirenes. Eram carros de polícia. Mas ninguém na casa havia dado sinal de vida. Quem diabos havia chamado a polícia?

Desejos Do Coração [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora