Capítulo 01 - O Clube Hellfire

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Leiam as notas da autora e boa leitura!

Cuidado com os spoilers!

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E agora, havia se passado sete anos. Se ela pudesse contar as vezes em que realmente foi feliz depois da tragédia, perderia as contas rapidamente. Demorou muito para que se recuperasse do trauma que a cercava, mas seus poderes ainda estavam sempre ali, para lembrá-la de que toda a confusão no laboratório tinha sido real, e que ela era um milagre.

Desde o começo, (S\N) achava isso. Ela tinha vaga lembranças de sua mãe biológica a dizendo coisas assim quando era bebê, e tinha lembranças do "papai" também, quando ela usava os poderes e se sentia insegura por isso. Agora, todas as habilidades de (S\N) ficavam escondidas dentro dela, porque seus pais adotivos nunca viram necessidade em usá-las.

Eles podiam muito bem ter se aproveitado da situação, criado uma espécie de Circo dos Horrores com ela, mas (S\N) sabia, acima de tudo, que eles não seriam capazes de tal crueldade.

Suas habilidades especiais lhe rendiam um intelecto maior do que o normal, e talvez fosse por isso que ela tinha sido aceita na delegacia de Hawkins para um estágio. Não esperava que conseguisse isso tão cedo, ainda mais pela pouca idade. E também não esperava ter de voltar àquela cidade onde seus pesadelos começaram e terminaram.

Mas seus pais tinham de continuar com o circo, não poderiam acompanhá-la, e ela tinha de continuar sozinha a caminhada. Então, sua coragem aguçada a fez querer muito enfrentar seus traumas e embarcar naquela aventura de regresso a Hawkins, pelo bem do seu futuro.

Além do mais, ela tinha lido a respeito da cidade nas manchetes do jornal. Finalmente, alguém tinha descoberto sobre os planos sangrentos do "papai". Finalmente, ela poderia falar abertamente sobre seu passado traumático. Talvez até sobre a tragédia que assombrava seus pesadelos e que tinha sido o motivo de ter de visitar uma psicóloga sozinha duas vezes por semana durante cinco anos.

Ninguém acreditaria nela, ainda mais naquela cidade que mais parecia um ovo de tão pequena.

Mas não custava tentar, pelo menos.

Quando (S\N) desceu do ônibus, segurou a respiração por alguns minutos e soltou-a depois, tentando memorizar os padrões de Hawkins. A cidade tinha crescido bastante, comparada ao que era há dezoito anos, haviam mais casas, mais lojas, mais pessoas andando pelas ruas, mais carros bonitos... 

Ela foi puxada de volta para a realidade quando um carro passou bem à sua frente, e seus ouvidos aguçados a alertaram do risco que estava correndo parada ali, no meio da rua. De vez em quando, a audição extra, herança das habilidades do experimento, a atrapalhava um pouco, mas existiam momentos em que ela era sempre útil, pelo menos servia para alguma coisa.

(S\N) andou novamente em direção à delegacia. Tinha recebido o mapa da cidade por correspondência, porque as pessoas nunca iriam saber que ela já tinha estado em Hawkins antes, e usava-o, na verdade, para disfarçar esse fato. Em poucos segundos, ela parou à frente do prédio e respirou mais uma vez, entrando pela portinha de correr.

Dava para perceber que alguma coisa tinha movimentado Hawkins naquele dia. Não havia quase viaturas estacionadas aonde deviam estar, e as pessoas corriam de um lado para outro com papeladas e andar apressado, sem nem olhar para trás. (S\N) se sentou em uma das cadeiras enfileiradas na sala e esperou que alguém viesse atendê-la.

FIVE | robin buckley x youOnde histórias criam vida. Descubra agora