Capítulo 7 - A Profecia

14 3 21
                                    


Ayla os guiou até a parte de trás da casa assim como havia levado Seishu anteriormente. Havia duas mesas postas na relva baixa, seis tochas de dois metros presas ao chão iluminava toda aquela parte da clareira. A maior mesa tinha onze lugares e estava coberta com todo tipo de comida: ensopados do tomate, repolho e batata, travessas com arroz, batatas gratinadas, salada de legumes, bolinhos de bacalhau e queijo, coulibiac de salmão, fatias de pães, uvas roxas e verdes que caem como em cachoeira numa fruteira de bronze e o prato principal: um enorme peru. Jarras de bronze cheias de vinho e rum do mais antigo ocupavam os espaços que sobraram na mesa.

— Não fui eu, nem pensem em me agradecer. Teria dado esterco de porco para vocês comerem, mas Yumi insistiu tanto em um banquete, que não pude contê-la. – Ayla disse ao perceber que alguns a encaravam com gratidão pela imensa mesa de comida.
 
— Mas e este tanto de carne? Yumi não nos permite comer carne perto dela. – Takemichi perguntou, flutuando até a mesa com o cheiro magnífico dos pratos.

— Vários morreram perto da clareira, Yumi achou que não seria tão mal se um fosse servido. – Ayla disse indo até a mesa redonda com dois lugares. Essa mesa, por sua vez, estava posta apenas com uma jarra de suco de uva, a louça de porcelana e talheres de ouro.

— Por mais que eu saiba que foi seu dragão elemental que tenha os atraído e os feito morrer. – Yumi disse com olhos acusadores para Ayla que sorriu sem culpa e pegou seu prato na mesa redonda.

— Agradecemos da mesma forma, belíssima feiticeira. – Kokonoi disse fazendo uma mesura exagerada para Ayla que revirou os olhos e seguiu até a mesa maior para se servir.

— Não vai comer conosco? – Seishu perguntou, vendo Yumi ir até a mesa redonda com Ayla assim que se serviu.

— Ayla não se senta à mesa com piratas para uma refeição, não posso deixá-la comer sozinha. – Yumi disse, servindo o suco de uva para Ayla. Seishu encarou Ayla com ressentimento por ter lhe privado de jantar ao lado de Yumi. Ayla ergueu a taça com um sorriso de escárnio para Seishu e Yumi revirou os olhos para os dois. — Vá comer, Inui. Teremos muito tempo para comermos juntos novamente. – Ela disse colocando as mãos nos ombros de Seishu e o fez se sentar no último lugar vago.

— Para um pirata, ele parece ser bem molenga. – Ayla disse enquanto comia a enorme coxa do peru. Yumi fez careta e comeu uma batata rapidamente, tentando evitar o cheiro da carne assada.

— Ele só é preocupado comigo e de estar perto de mim, mas é um homem quieto e recluso. Seu companheiro mais próximo entre os piratas, parece ser Kokonoi. – Yumi disse e Ayla grunhiu ao ouvir o nome de Kokonoi.
— Entre todos, ele é o mais irritante. Me trata como uma…

— Deidade. – Yumi disse sorrindo com doçura e Ayla pareceu desgostosa.

— Meu pai me encheria menos se eu fosse. – Ayla disse, parecendo amargurada e cansada, como se seu pai fosse uma pedra em seu sapato.

— Ele está fora ou mora em outro lugar em Waidal? – Yumi perguntou, bebendo do ensopado de repolho direto da tigela.

— Ah não, ele está no inferno. – Ayla disse com naturalidade e Yumi engasgou, espirrando o ensopado para todo lado.

— Perdão? No inferno? – Yumi perguntou limpando o rosto e ofegou, vendo Ayla rir e os piratas encará-las.

— É, ele manda naquele lugar frio, escuro e fedorento. – Ayla girou a mão e uma taça com água surgiu em sua mão, estendendo para Yumi beber.

— Seu pai.. seu pai é Hades?! – Yumi perguntou espantada e todos começaram a prestar atenção na conversa. Ayla apenas afirmou com a cabeça e bebeu um gole de suco. — Achei que não existisse meio-sangues em Benya. – Ela disse, voltando a comer e murmúrios voltaram na mesa dos piratas.

The Mist - Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora