Entre Quadros & Desejos... - Disponível na Amazon

~ 01 ~

- Como assim vamos nos mudar? ― Eu perguntei, perplexa.
- Tá surda, Eloíse?! Tô te falando disso a dias já, meu. ― Ela disse, bufando, e foi aí que me lembrei de quando minha mãe me contou que estava noiva de um cara bem mais novo que ela, e de como ele era rico, bonito e blá blá blá, o resto eu não prestei muita atenção, estava de fones de ouvido com uma música bem alta.
Eu e minha mãe nunca fomos confidentes (e não foi por falta de tentativas, frustradas), talvez nem tão próximas, quer dizer, nada próximas, o máximo de comunicação que mantínhamos no dia a dia eram os tradicionais: Bom dia, Boa tarde e Boa noite. Eu era mais apegada ao meu pai, era a princesinha do papai... Enquanto minha mãe sempre gostava de deixar bem claro que eu fui um acidente na vida dela e que acabou com todos os seus planos, meu pai era um homem amoroso, de bem com a vida, alto astral, nunca me deixava dormir tristinha ou desanimada, ele era meu melhor amigo...
- Sem contar que eu já mandei você arrumar esses seus lixos, por que já estamos de saída. Meu marido não pode ficar me esperando uma vida inteira por sua causa. ― Minha mãe respondeu, histérica, e eu até esqueci que ela ainda estava parada na porta do meu quarto, falando pelos cotovelos.
- Mas já é marido é? Que desespero. ― Debochei, e ela me ignorou. - O mais engraçado e trágico disso tudo, é que o papai morreu foi mês passado, e tu não deixou nem o corpo esfriar ainda pra já tá de enrosco com outro macho né, e ... ― Eu comecei a dizer, mas ela me interrompeu.
- Primeiro querida, aiiinda não nos casamos, mas vamos muito em breve, segundo; por que você não cala sua boquinha e vai cuidar da tua vidinha de merda? Ao invés de se vestir igual uma putinha de esquina, vai arrumar um emprego, por que meu futuro marido não vai pagar sua faculdade pra sempre. Acabou a mordomia querida, seu pai já morreu, se foi, já era, e quanto a isso não posso fazer mais nada, já com você, ou anda na linha ou te expulso de casa na primeira oportunidade. - Ela disse, com desdém.
- Não espera menos de você, mamãezinha querida, mas pode deixar que eu não vou chegar na meia idade e começar a caçar macho no meio da rua pra me sustentar não viu?! ― Eu respondi, ríspida e a alfinetando, mas ela me ignorou.
- Sou tão jovem minha filha, sou linda, e com um marido milionário, quero mais o quê? ― Ela começou a dizer, deslumbrada, e foi minha vez de ignorá-la, mexendo no meu celular. - E anda logo com isso, que eu tenho muita coisa pra fazer, Eloíse. ― Minha mãe disse, bufando, antes de sair do meu quarto.
- Eu preciso muito sumir daqui. ― Eu murmurei, baixinho, controlando uma lágrima que insistia em cair, arrumando minhas coisas na mala.

Depois de quase uma hora terminei minhas malas, fiquei surpresa com o tanto de coisa que eu tinha naquele pequeno quarto. Me joguei na cama exausta, e meu celular tocou quase no mesmo instante, atendi de imediato assim que vi que era minha melhor amiga, Cindy.

Sabe aquela frase: Os apostos se atraem? Então, essa frase nos define muito, pois ela é uma tão meiga, carinhosa, romântica, alto astral, good vibes, já eu... Prefiro nem comentar, sou grossa, não curto dar abraços, sou um furacão em erupção ou uma panela de pressão prestes a explodir, com toda certeza.

Eloíse: - Oi Cindy. ― Desanimada.
Cindy: - Que baixo astral é esse Ize? Nem parece que vamos pra balada, mais badalada da cidade hoje! A Seven Fest. ― Animada.
Eloíse: - Aí amiga, é minha mãe, como sempre, não bastava ela arrumar um macho, agora decidiu que vão se casar e a gente está indo agora morar no apartamento dele, tu acredita nisso? Eu nem conheço o cara ainda, meu pai acabou de morrer, é muito sem noção... Aff. ― Indignada.
Cindy: - Aff, Ize, que chato pelo seu pai e tudo mais... Mas entenda que tem coisas na vida que não estão no nosso controle mesmo, então deixa como está, e veja pelo lado bom também, esse não é o cara milionário que mora aqui no Centro, que sua mãe contou pra gente aquele dia? Como ele se chama mesmo?
Eloíse: - Josh alguma coisa... Ér... Thompson! ― Eu respondi, bufando.
Cindy: - Então amiga, pensa um pouquinho, você vai ficar mais perto da minha casa, de mim, da faculdade, então relaxa a periquita, gata. Deixa sua mãe pra lá, ela já fez a escolha dela, faça a sua também. ― Animada. - E outra coisa importantíssima e mudando totalmente de assunto pra você sair dessa foça, se anima aí, por que fiquei sabendo que os irmãos Jones estarão hoje à noite na Seven, e eu tô muito ansiosa. ― Apaixonada.
Eloíse: - Aff... ― Bufei alto.
Cindy: - Ah pára, Ize, eu sei que você também gosta. ― Resmungando, eu revirei os olhos.