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Uma semana depois, eu já estava entediada dessa rotina chata, de ir de casa pra faculdade e da faculdade pra casa. Naquela semana a Cindy começou a namorar o Charlie, Nick começou a se envolver com um rapaz e eu fui deixada de lado. Na saída da faculdade eu entregava alguns currículos, e quando eu chegava em casa me trancava no meu quarto até perceber que estava sozinha no apê. Sozinha, eu perambulava por todo o apê, entrava no closet da minha mãe e mexia nas coisas dela atrás de alguma pista (infelizmente não tinha nada demais), entrava no closet do Josh, mexia nas coisas dele também, era tudo muito organizado, mas eu sempre deixava alguma coisa bagunçada, e ele brigava com a minha mãe, achando que era ela. Tinha dia que eu me arriscava na cozinha, fazia meus deliciosos cupcakes, que se eu não comesse na hora, não sobrava um no dia seguinte, e também estudava muito pra ocupar a mente.

A semana seguinte começou cheia de boas notícias, eu consegui um emprego de meio período num restaurante fast food perto da faculdade, minha mãe adorou e gritou pros quatro ventos que agora eu poderia me virar sozinha e ir embora da casa dela. Cindy lembrou que tem uma amiga e começou a me ajudar a achar um canto pra eu morar, e na sexta à noite, fui na cozinha, pegar o último pedaço do pudim e encontrei meu padrasto no sofá sem camisa, todo largado, só com uma bermuda de moletom, meu coração acelerou traiçoeiro, mas logo inspirei fundo me controlando.
"Não se ilude, minha filha!", pensei, ao me sentar na poltrona do lado oposto ao dele, dando uma bela visão das minhas pernas, já que eu estava usando uma saia jeans curta e um cropped manga longa .
- Oi. ― Eu disse, séria, e ele se ajeitou no sofá olhando para as minhas pernas, eu cruzei as pernas no mesmo instante, e reparei que ele ficou todo sem graça quando eu o encarei sorrindo.
- O... o... o... ― Josh gaguejou e tossiu para disfarçar. - Oi Eloíse, tua mãe não está em casa hoje, disse que vai ficar uns dias fora. ― Ele disse, sério.
- Que bom, pra onde a bruxa foi? ― Perguntei, sorrindo.
- Mas respeito com tua mãe garota, ela recebeu uma ligação ontem da sua tia Norma, e disse que a mulher precisava muito da ajuda dela, e saiu bem cedo hoje, mas também disse antes de sair pra eu cuidar de você enquanto ela estivesse fora. ― Ele disse, sem me olhar.
- Que estranho... ― Soltei, sem perceber.
- O que é estranho? ― Ele perguntou, olhando para mim, sem entender.
- Ãh? Nada não. ― Eu disse, séria e pensativa, e enviando uma mensagem pra Cindy.
Eloíse: - Miga, meu padrasto disse que minha mãe foi visitar uma tia minha, só que eu não tenho tia por parte de mãe, isso é estranho, avisa seu pai, beijos, e usa camisinha gata.
- Que bom que ela não está, pelo menos não vou ficar ouvindo ninguém gritar o tempo inteiro. ― Eu disse, após um momento em silêncio, mas ele apenas deu um meio sorriso sem me olhar. - Então quer dizer que você vai cuidar de mim?! ― Perguntei, antes de colocar um pedaço de pudim na boca.
- Sim, e se não me engano você está de castigo! ― Josh disse, sério.
- Pois é, e o que tem pra fazer por aqui? Já que terei que ficar em casa em pleno final de semana? ― Eu disse, depois de passar a língua na colherzinha de um modo sensual, ele olhou para minha boca e corou.
- Bom, não sei... ― Josh disse, desconcentrado. - Não saindo de casa, já tá ótimo, e se me desrespeitar vou ter que tomar teu celular e te trancar no teu quarto. ― Ele disse, desviando o olhar.
- Isso é sério? Então serei uma boa menina. ― Eu disse, sorrindo, e ele me lançou um olhar desconfiado, pegou sua cerveja e deu um gole generoso. - Tu faz academia? ― Perguntei, e Josh me olhou surpreso, no mesmo instante que me ajeitei colocando as pernas cruzadas tipo borboleta, e uma almofada para tampar a visão da minha pequena calcinha branca fio dental.
- Faço. ― Josh disse, seco, me encarando, abaixei as pernas e ele acompanhou meu movimento, comecei a passar as mãos nas minhas coxas e ele engasgou.
- Tudo bem? ― Perguntei, cínica.
- Sim Eloíse, eu faço academias todos os dias antes de ir pro trabalho, e as vezes no final de semana. ― Ele respondeu, rápido, desviando o olhar. - Tem uma sala de musculação no terraço, quer conhecer? Te levou lá, se quiser. ― Josh disse, sério.
- Quero sim. ― Eu me levantei, animada, e ele me acompanhou.

- Ei, espera que você ainda está de castigo! ― Ele disse, autoritário, quando comecei a subir as escadas rapidamente na frente dele.
Parei no quinto degrau, e esperei ele se aproximar de mim para continuar subindo, eu o ouvi arfar com a visão da minha bunda próxima dele, as luzes acendiam conforme a gente subia, nós chegamos no terraço a porta estava trancada, e Josh estava ofegante.
- Tá cansado? ― Perguntei, sorrindo, e ele balançou a cabeça em negativa. - Tá trancada. ― Eu disse, apontando pra porta.
- Vou abrir, mas você tem que descer um pouco, por que ela tá emperrando. ― Josh disse, sorrindo.
- Tá. ― Eu respondi, descendo uns degraus, ele ficou de lado pra eu passar, e passando por ele, com uma mão no corrimão e a outra mão solta, esbarrei sem querer, querendo, a mão em seu pau, eu o sentir congelar um pouco, mas logo ele abriu a porta, e entramos.
Josh começou a me mostrar todas as coisas que dava pra se ver e fazer ali, ignorando totalmente minhas investidas. Me mostrou a sala de musculação, a piscina, a sala de jogos, as áreas restritas e exclusivas, deixando bem claro que ali ninguém poderia entrar, em hipótese alguma.
- Sabe que quando é proibido é mais gostoso né?! ― Eu disse, sapeca.
- Com certeza, mas não entre. ― Disse Josh, sorrindo, me medindo de cima a baixo.
- Ok então. ― Eu disse, sorrindo, e assim que ele se virou, eu entrei.
Era uma sala cheia de quadros, e eu que não entendo nada de arte, achei tudo muito lindo.
- Eu mandei você não entrar, Eloíse. ― Ele disse, rude, me pegando pelo braço com força.
- Eu ouvi e ignorei. ― Eu disse, me desvencilhando do seu aperto. - Olha esse aqui, que lindo. ― Eu disse, ignorando a dor no braço e caminhando pela sala, apontando para os quadros, Josh bufou, e me seguiu em silêncio, enquanto eu me admirava com tudo que via.
- Agora vamos. ― Ele disse, assim que cheguei em outra porta.
- O que é aqui? ― Perguntei, apontando para a porta.
- Não interessa! ― Josh disse, rude, e eu tentei abrir a porta, só que estava trancada, ele balançou a chaves, e eu sorri.
- Qual é cara? Deixa eu ver, eu sou muito curiosa. ― Eu disse, sorrindo.
- Já viu até demais garota, e sua mãe não pode nunca ficar sabendo sobre isso aqui, tá me ouvindo? É o meu lugar, não o de vocês. ― Josh disse, rude.
- Quem fez? ― Eu perguntei, ignorando as suas últimas palavras.
- Não interessa. ― Ele respondeu, seco.
- Ok, acabou o tour então. ― Eu disse, fechando a cara, antes de sair dali.
- Ei... ― Ele me chamou.
- Fica tranquilo, seu segredo está selado a sete chaves. ― Eu disse, séria, o encarando.
- Espero que entenda, foi minha mãe que fez tudo isso, e é muito importante isso aqui pra mim, não gosto que ninguém fique bisbilhotando. ― Ele disse, calmo.
- Eu entendo, só não entendo como um cara como você, se interessou por alguém como minha mãe. ― Eu disse, séria, antes de ir pra saída.
- Eu gosto dela, é diferente de todas as mulheres que já conheci... ― Ele começou a dizer, me seguindo até a saída.
- Aff, isso é clichê de se dizer, bem insano também, e improvável pra ser real. ― Resmunguei, e ele me puxou pelo braço e me encostou na porta, eu o encarei com os olhos arregalados.
- O que você queria que eu dissesse, Ize? Que vou me casar com ela, mas é na filha dela que eu penso antes de dormir todas as noites? ― Ele perguntou, sério, me deixando sem reação. - É isso que você quer ouvir não é, mas jamais esperava que eu fosse realmente dizer... ― Ele disse, calmo, bem perto de mim, me fazendo arrepiar o corpo inteiro. - Eu sei que era você quem mexia nas minhas coisas quando eu não estava em casa, eu brigava com sua mãe, mas eu sempre soube... ― Josh disse, sorrindo de leve, e tocando em meu rosto com delicadeza, me deixando ansiosa. - Mas saiba minha linda, eu vou me casar com ela e não a nada que você possa fazer para impedir isso. ― Se afastando de mim.
- Não tô nem aí pra vocês, que sejam infelizes para sempre. ― Eu disse, antes de descer as escadas, furiosa e frustrada.
Voltei para o apê, subi para o meu quarto e me tranquei ali, ainda boquiaberta contudo que me aconteceu, mandei mensagem para Cindy e contei tudo que aconteceu no terraço, ainda em estado de choque.

Entre Quadros & Desejos... - Disponível na AmazonOnde histórias criam vida. Descubra agora