Cicatrizes

201 22 3
                                    

Voltei, meu amores 💞

Part 14

Subo na moto de Draken e aperto sua cintura, fechando fortemente meus olhos e só pensando no calor de seu corpo e no pequeno sorriso que ele expressava no rosto.
Ele me leva até uma lanchonete perto de casa e pergunta o que eu queria comer. Após fazermos nosso pedido, um silêncio nos preenche.

Draken: Como foi a aula? — ele pergunta sem olhar para mim.

S/n: Normal.

Draken: Fez alguma amiga?

S/n: Estou conhecendo as pessoas ainda.

Novamente aquele silêncio, até Draken finalmente olhar em meus olhos, seriamente.

Draken: Vai continuar mentindo ou contará o que e quem te fez ficar assim? — seus olhos faziam com que eu me sentisse presa no fundo deles, sem ter pra onde fugir.

S/n: Não foi nada demais, só uma brincadeira sem graça.

Draken: Então porque está cobrindo sua bochecha com as mãos desde que chegamos? Tire elas daí. — ele pega elas e as coloca na mesa, tentando identificar o que há de errado. — Não vejo nada, qual é o problema?

S/n: Já disse que não é nada!

Ele se encosta no sofá e olha para o teto, suspirado. Parecia já estar perdendo a paciência.

Nosso lanche chegou e ele não olhou mais para mim, em momento algum. Ignoramos a existência um do outro até voltarmos para o apartamento.

Sentei na cama e o observei de costas, abrindo a porta do banheiro.

S/n:  Eu sou esquisita, Draken. — ele para. — Minhas cicatrizes não podem ser cobertas ou muito menos curadas, vão permanecer pra sempre em minha pele. Como a marca do meu passado, e mostra que não sou alguém como os outros. Mostra que não tenho uma vida normal. — o loiro se vira e volta sua atenção para mim.

Draken: Mas não precisa ter uma vida normal, para que seja boa.

Eu nem ouvia ou me interessava por aquelas palavras sem sentido. Desde quando a minha vida é boa? Eu só queria ter uma mãe e um pai que cuidassem de mim. Ter meu irmão novamente e poder abraçá-lo, sem nunca soltar, mas a única coisa que tenho são traumas. Para onde meu olhar segue, eu os enxergo.
A fúria havia invadido meu corpo e eu não suportava mais guardar tudo aquilo dentro de mim, doía demais para suportar. Então eu explodi naquele quarto, esbravejando tudo o que eu sentia.

S/n: Eu sou estranha, sou feia. Não consigo olhar no espelho ou tocar meu próprio corpo sem sentir nojo. — algumas lágrimas de ódio e tristeza caiam sobre meu colo e meu olhar pegava fogo. — Eu me odeio tão profundamente que sinto vontade de...

Ouço os passos do garoto se aproximando, até ver seus pés em minha frente. Ele se ajoelha, conseguindo ver meu rosto encharcado.
Eu olhei para o lado, tentando buscar fôlego. Draken segura uma de minhas mãos e com a outra, seca meu rosto e passa os dedos delicadamente sobre minhas cicatrizes.

Draken: Sabe, nada pode mudar quem nossas família são ou foram, onde moramos ou quem somos. E sim, somos estranhos. — ele aperta fortemente minha mão. — Eu também tenho as minhas cicatrizes físicas e emocionais, mas elas não definem que eu sou. Sei que as suas doem ainda, mas fazem parte de tudo que é agora, e você... você é linda. Extraordinariamente linda.

Enquanto ele me falava aquilo, eu finalmente me dava conta de que não estava mais na casa de meu pai. Que não tinha mais meu irmão e sua gangue. Isso tudo foi o meu passado, o meu presente... são as palavras de Draken que ecoam em meus ouvidos.
"você é linda."
O que são as minhas cicatrizes físicas comparadas a felicidade que eu sentia ao estar aqui?
Eu guardei aquilo por tanto tempo, ao em vez de deixá-lo ir e aproveitar o que conquistei agora.
Eu perdi tudo que eu tinha, para ganhar o que eu mais precisava. Alguém que me amasse.

Eu desmoronei em seus braços e me deixei ser apertada contra seu peito. Minha cabeça se afundava entre seu pescoço e seu ombro, eu chorava de alívio, algo que eu nunca havia experimentado de verdade.
O garoto puxou meus cabelos para o lado e beijou minha cabeça, fazendo com que eu me acalmasse e respirasse fundo.

Vai um Voto aí?

Love of Lie Onde histórias criam vida. Descubra agora