-Olha, eu esqueci de pagar alguma coisa? -Perguntou ele ainda se aproximando.
Olhei indignada pra ele. Tudo bem que fazia tempo que nos vimos da última vez e foi uma vez só, mas isso não quer dizer que ele precisa ser arrogante assim, me olhando como se eu estivesse fedendo ou algo do tipo.
-Você não deve se lembrar de mim então não interessa meu nome. Só preciso falar uma coisa, não porque devo algo a você, até porque não me importo com você, mas é pra eu conseguir ficar em paz. -Falei enquanto me aproximava dele lentamente e ele me encarava confuso.
-O que está fazendo? -Ele perguntou enquanto eu alcançava meu bolso de trás.
-Você pode não se lembrar de mim, mas quatro meses atrás a gente se conheceu no pagode e transamos. -Falei enquanto tirava a foto da ultrassom.
-No banheiro? -Ele perguntou e olhei pra ele inconformada. -Ah, foi na viela? -Ele perguntou novamente e bufei irritada.
-Espero que não tenha me passado nenhuma doença. -Resmunguei enquanto esticava a foto pra ele. Nando olhou a imagem na minha mão e ficou revezando o olhar entre o exame e a minha cara.
-Que porra é essa? -Ele perguntou me olhando feio.
-É a sua porra, meu querido. -Falei sorrindo debochada.
-Ta tilt, garota? Achando que eu nasci ontem? -Perguntou ele pegando a foto da minha mão e cruzando os braços me olhando irritado.
-Você tá pensando o que? Acha que eu ia perder meu tempo vindo aqui pra mentir? Tá achando que eu sou alguma vagabunda que tenho tempo pra perder?
-Sem maldade, eu sempre uso camisinha, não tem como esse filho ser meu. Você deve tá me confundindo com outro. -Falou e ri.
-Bem que eu queria, você não tem ideia de como eu queria que você não fosse o pai, mas é impossível ser de outra pessoa. -Falei e apontei pro exame. -Calcula os dias, 14 semanas, você viu a hora que eu cheguei no pagode e depois daquela péssima transa, eu fui embora pra minha casa. -Falei e ele franziu a testa.
-Como assim "péssima transa"? Até parece que não se derreteu toda gozando pra mim. -Ele falou me olhando debochado e sentia meu rosto ficar vermelho, mas olhei brava pra ele.
-Vai me dizer que você gostou? Quis me pagar depois...
-Se não tivesse gostado, eu não tinha pagado amor. -Falou ele com um sorriso e o olhei irritada.
-Eu não sou puta não, seu rato de esquina. -Falei irritada e ele riu.
-Rato de esquina? Essa é nova. -Disse ele relaxando os ombros. -Olha, amorzinho, eu já ouvi essa história antes umas...
-Não sou seu amorzinho. -Eu disse o interrompendo e ele tirou o sorriso do rosto e ficou rígido novamente, foi minha vez de dar um sorrisinho. -Eu não te conheço e não sei o tipinho que você ta acostumado mas eu não sou igual elas não, certo? Não vim atrás de um pai, nem atrás de um marido, muito menos preciso de alguma coisa de você. -Me inclinei para pegar a foto do ultrassom, mas Nando foi mais rápido e guardou em seu bolso. -Apenas vim avisar você, porque, se daqui 15 anos alguém bater na sua porta, te chamando de pai e querendo te conhecer, você não vai ser pego de surpresa. -Completei arrumando meu cabelo e minha bolsa, pronta para ir embora.
-Tá maluca? Daqui 15 anos? Ta tilt é? Vou abandonar fi nenhum não, garota. -Disse ele irritado enquanto arrumava a calça. -Se for mesmo meu filho né. Ta dizendo que ta de 4 meses e não tem nem barriga. -Ele disse desconfiado me olhando.
-Tenho que provar nada pra você não, vim só te contar mesmo, pode seguir sua vida não lembrando mais de mim, prometo não te incomodar mais e garanto que não vai precisar se envolver. -Falei enquanto me virava pra ir embora.
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Laços de Sangue
RomanceDuas pessoas completamente diferentes que são ligados pelo destino, com o laço mais poderoso do mundo, um laço eterno e inquebrável. Dois estranhos, que se tornam conhecidos. Duas pessoas completamente diferentes, que acabam se conectando , juntand...