I can't resist

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Essa OS foi ideia da Carol (uma das) quando depois do capítulo de terça percebemos que os dois poderiam se encontrar na cozinha, pois Heloísa foi buscar gelo e Leônidas foi buscar o remédio do Matias. Como a Poggi não fez, nós fizemos.

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Onde foi mesmo que a Manuela colocou aquela tigela? Heloísa procurava uma vasilha para colocar o gelo. Dorinha queimando em febre e ela já estava ficando preocupada com a demora na recuperação da sobrinha. Devia estar aqui... abriu mais um armário e nada de encontrar a tigela. Pensou que poderia estar no armário de cima. Abriu uma porta, e outra, mais outra. Lá estava ela! Ficou na ponta dos pés, mas sua altura não colaborava. Tentou se esticar um pouco mais.

- O que está procurando? – Leônidas estava apressado em busca do remédio para o doutor Matias. O homem não melhorava da maleita. Provavelmente a idade não ajudava, pessoas jovens tinham histórico de melhora mais rápida, mas nos mais velhos o risco de complicação era maior.

- Que susto, Leônidas! – Heloísa ouviu a voz de Leônidas e cambaleou para trás. Ele sempre chegava de mansinho e para variar mexia com ela.

- Eu te ajudo, minha rosa. – Heloísa que estava de costas se virou. – É aquela tigela ali que você precisa?

Leônidas estava perto demais. Involuntariamente ela levou a mão ao colar em seu pescoço. Aquele homem tinha o poder de desconsertá-la. Toda vez que ele chegava perto ela tinha aquele sentimento, aquela dor aguda. Não sabia por quanto tempo mais conseguiria se segurar com ele tão próximo. Poderia aproveitar que segurava a medalha da santa e rezar para ver se mais uma vez esse sentimento passava. Mas nem isso conseguiu fazer.

Heloísa não havia mentido quando disse a ele que rezava para esse sentimento passar, ela não sabia viver com isso. Nunca esteve preparada para ter ninguém. Se acostumara a viver assim. Desde que tudo aconteceu... desde que perdera sua filha não teve mais vontade de se envolver com ninguém.

O buraco que ficou em seu peito parecia que nunca se preencheria e ela também não queria. O que tinha vontade era de ter sua filha de volta, talvez assim conseguisse seguir em frente, mas enquanto isso não acontecesse sua vida não seria completa, e ela não se permitiria ser feliz, pois qualquer resquício de vontade de seguir em frente e ser feliz se esvaía e a culpa tomava conta de si.

Leônidas esticou o braço por cima dos ombros de Heloísa para alcançar a tigela. Ela estava tão perto que ele podia sentir o cheiro de rosas. Aquele mesmo cheiro que ele sentia sempre que ela passava por ele. Ela era sua rosa e nem que ele quisesse conseguiria parar de pensar nela. Confessava que no começo quando a conheceu chegou a pensar em esquecê-la, em deixar ir esse sentimento, mas o desejo de conhecer mais daquela mulher misteriosa, de se aproximar e saber quais segredos ela guardava, também de saber o que houve em seu passado que a fizera se fechar tanto, isso era o que o estimulava a amá-la ainda mais.

Agora que ele já sabia o que havia acontecido com ela, quer dizer, sabia em partes, pois ela não confirmou a história que o doutor havia lhe contado. Leônidas percebeu como tocar naquele assunto mexera com sua rosa. Ela jurou que era mentira do Matias. Ela pedira, implorara para que ele esquecesse aquilo, mas como esquecer? Como não desconfiar que o que Matias lhe disse era verdade? Tudo parecia se encaixar agora que ele sabia. Aquela história ficava ainda mais verdadeira depois que ele conversou com Manuela e a empregada lhe disse que não sabia de nada. Heloísa nunca teve um namorico. Foi o que a mulher lhe dissera. Então, como misteriosamente ela engravidara e se negava a contar para quem quer que fosse quem era o pai? Só poderia existir um motivo muito forte para isso. Quer motivo mais forte que o pai da sua filha ser marido de Violeta a sua irmã?

O cheiro do sabonete e da colônia que ele usava havia se entranhado em suas narinas e Heloísa fechou os olhos. Conseguiu se imaginar tocando aquele homem, mergulhando suas mãos nos cabelos dele, se perdendo em sua boca. O que ele tinha que a deixava assim? Jamais imaginaria que o amor a pegaria tão de jeito assim. Já havia negado para ele e para todas as pessoas que haviam insinuado que eles poderiam vir a ter algo. Ela estava convicta. Pelo menos assim pensara, mas ultimamente, toda vez que ele estava assim tão perto, uma força maior parecia querer dizer a ela que apenas fechasse os olhos e se deixasse levar, que não teria problema.

Heloisa abriu os olhos e o encarou. Os olhos verdes estavam ainda mais profundos e ela o viu olhar de seus olhos para sua boca. Ela sabia o que viria e dessa vez não se afastaria, apenas uma vez ela poderia deixar aquela dor que sentia lá no fundo tomar conta de si e ela o deixaria beijá-la. Quantas vezes no silêncio do seu quarto já não imaginara como seria o gosto dele? Como seria sentir o calor das mãos do rapaz em sua cintura enquanto tomava seus lábios. Sim, ela se deixaria levar, só hoje.

Lêonidas segurou a tigela mas ainda não se afastou. Ele olhou para sua rosa. Ela estava o encarando com os olhos castanhos brilhantes e ele poderia jurar que via desejo neles. A mão dela segurava firme o colar em seu pescoço como se fosse uma âncora. Ele já sabia que ela o fazia sempre que estava nervosa. Ele a lia, ela mesma dissera isso e ele sabia que não estava sendo fácil para ela afastá-lo toda vez que se aproximava. Ele queria conseguir ter um pouco mais de cautela com ela, principalmente agora que sabia sobre seu passado, mas a proximidade em que estavam o tirava de seu juízo normal. Os lábios dela estavam convidativos demais. Que tal só dessa vez? Depois ele deixaria que ela o afastasse mais uma vez, porém ele não desperdiçaria a chance de tê-la em seus braços nem que fosse só por um instante.

Os gritos do doutor Matias soaram tão altos sendo capaz de os tirar do transe.

- Aqui a tigela, minha rosa. – Lêonidas abaixou o braço e de afastou subitamente. Heloísa tinha as mãos trêmulas quando pegou a tigela.

Matias, aquele homem sempre seria um fantasma em sua vida.

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