Sobre o dia fatídico mencionado anteriormente, em que usava o vestido verde visco, tão logo cheguei ao escritório do Dr. Ragostin a campainha tocou. E tocou, e tocou, e continuou tocando como um alarme de incêndio.
-Socorro! Pelo amor de Deus, alguém me ajude! - gritou a voz de um homem com tom aristocrático, melodramático, de fato quase lírico. Sem tentar manter de modo algum o comedimento britânico.
-Depressa! - não reconheci o sotaque estrangeiro naquela voz grossa?
-Por Deus, Joddy - instruí dali da minha mesa, o garoto assustado. -Abra a porta.
E assim que ele o fez, vi o homem que gritava, seu rosto contorcido e enrubescido ridiculamente ensanduichado entre sua cartola brilhante e seu colarinho engomado, gravata de seda e casaco de usar na cidade. Entrando a passos largos em meu escritório, vindo direto em minha direção, enquanto me levantava para recebê-lo, com um evidente esforço tentou normalizar o rosto. Um jovem lorde com uma beleza um tanto quanto selvagem, ele me fez lembrar de Heathcliff, do livro de Bronte.
-O Doutor Ragostin está? -ele exigiu como alguém que estava quase perdendo a cabeça, mas não a educação; tirou o chapéu, mostrando os cabelos negros como um corvo.
-Infelizmente não. E não esperamos que ele volte por um bom tempo - meu vestido de seda e organza não me fazia parecer uma simples empregada, e isso aumentava minha coragem.
-Como assistente pessoal do Doutor Ragostin, talvez possa lhe ajudar? Por favor, serte-se.
Ele se deixou cair em uma cadeira comk se estivesse exausto. Quase por milagre, considerando sua habitual ineptidão, Joddy apareceu com um jarro de água gelada e copos em uma bandeja. Servi a água, e o homem aceitou sua bebida gelada, sem dúvida de modo a se recompor e, ao mesmo tempo, confortar sua garganta rouca. Enquanto isso, voltei qo meh lugar atrás da mesa.
-Seu nome, por favor - requisitei, com lápis e papel a postos.
Suas sobrancelhas, coko asas negras de um corvo, inclinaram-se.
-Minha esposa, que vem a ser a terceira filha do conde de Chipley-on-Wye, desapareceu inexplicavelmente, sob condições muiti estranhas. Os policiais agen com o patetas; e não tenho tempo a perder com mais erros. Gostaria muito de falar diretamente combo Doutor. Ragostin.
-É claro. Todavia, estou totalmente autorizada a me reponsabilizar por ações preliminares em caso de emergências. Agora, por favor, devo regostrar os fatos. Seu nome?
Ele se colocou reto com o um mastro em sua cadeira.
-Eu sou Duque Luis Orlando Del Campo de sangue real catalão.
Ah, um duque espanhou!
-Fico encantada por estar a serviço de Sua Vossa Graça - recitei automaticamente.
Como qualquer aluno de colégio britânico, tinha que saber de cor os níveis da nobreza: rei, duque, marquês, conde, barão; e formas de me dirigir sendo vossa Real Alteza, Vossa Graça, Lorde, Lorde e Lorde. E para coisas estranhas coko imperadores, condes, cavalheiros, filhos mais jovens e coidas parecidas, precisa-se consultar um livro de etiqueta.
-E o que...
-Minha duquesa - ele interrompeu com ainda maior imponência. É a louvada Lady Banchefleur, reconhecida mundialmente por sua beleza frágil; uma flor delicada sobre um frágil filamento de mulher.
-De fato - murmurei, bastante surpresa com sua descrição poética, mesmo que o nome de sua esposa siguinificasse "flor branca" em francês. -E a infelicidade de Vossa Graça é que a duquesa tenha sumido?
-Ela foi sequestrada de algum modo incompreensível, como acreditamos, enquanto desfrutava de sua caminhada diária com suas acompanhantes.
Sua pele, agora, estava muito branca sob seus cabelos negros.
-E aproximadamente que horas ocorreu o terrível feito?
-Por volta das duas horas da tarde ontem.
Então, provavelmente, ele passou a noite acordado; não é dw se estranhar wue esteja com a aparência um tanto abatida.
-E onde isso aconteceu?
-Enquanto caminhavam pelas resondezas do bairro de Marylebone. Acredito qie tenha sido na Baker Street.
-Ah - balburciei. -Hum.
Baker Street! Onde meu adorado e formidável irmão Sherlock residia, e onde eu seria colocada perigosamente próxima a ele enquanto investigava esse caso.
-Er... Baker Street. Certo. Em que pontk de Baker Street, exatamente?
-Em Dosett Square...
Oh Deus! Exatamente perto do apartamento de Sherlock.
-...onde, pelo que parece, há uma estação de metrô - o duque disse a palavra "metrô" com o desgosto característico de um cavalheiro, desdenhando deste novo, sepérfluo, escuro e nocivo modo de se locomover, já que apenas as classes mais baixas usavam o transporte mais barato de Londres. Embora as locomotivas armazanassem sua fumaça em câmaras atrás dos motores, soltando-a apenas em poços ventilados criados com esse propósito, mesmo assim, o metrô fedia a emissões gasosas e vapores, tudo somado ao esplendor devastador da humanidade sem banho.
Será que meu irmão Sherlock já usou o metrô? Em nenhum dos relatos do Dr. Watson, que eu havia lido sobre o grande detetive, ele colocava seus pés na estação de metrô localizada convenientemente a um quarteirão de sua residência.
-Por favor, Vossa Graça - encorajei meu aristocrático cliente. - Diga-me examente o que aconteceu.
-A coisa mais tola e preocupante. - O Duque Luis Orlando Del Campo levantou as duas mãos enluvasas em sinal de proposto. -Não posso continuar a repetir essa história como se eu fosse um papagaio. Exijo que você chame o Doutor Ragostin!
Deixe-me poupá-lo, gentil leitor, dos afagos, das tentativas de acalmar, dos copoa de água, da perda de tempo que tudo isso me causou antes de conseguir um relato bem confuso da parte dele. Basta dizwe que, por razões que não ficaram claras, inferiores do metrô de Baker Street. Uma de suas damas de companhia teve coragem de acompanhá-la. Outra havia ficado na estrada. Eventualmente, a primeira voltou correndo escada acima muito pertubada; onde estava a duquesa? As duas, então, deaceram para procurar, mas em vão. A nobre e bela Blanchefleur Del Campo havia desaparecido.
Que intrigante.
-Suponho que a polícia já tenha iniciado uma busca?
Ele esgueu o rosto feroz, desesperado.
-Sim, eles procuraram, mas não encontraram nenhum sinal dela.
-Poderia ela ter saído por uma entrada diferente?
-Asseguro-lhe que não há outra. E é ridículo pensar que pode ter saído andando pelos trilhos.
De fato, ridículo, pois fazer isso seria ficar em companhia dos ratos e se arriscar a ser atropelada por um trem.
-Poderia ela, por alguma razão, ter entrado no vagão de um trem?
-Nenhum trem passou durante o momento em que ela desapareceu. As duas damas de companhia foram inflexíveis nesse ponto, e o horário do metrô o sustentam.
-E se a duquesa houvesse permanecido na plataforma, ou subido as escadas, elas teriam visto?
-Exatamente! É impossível. Minha sanidade está por um fio.
-O senhor recebeu um pedido de resgate?
-Ainda não. Diria que irei. Não apenas eu, coko o pai dela, o conde - somos muito ricos - mesmo assim este sequestro bizarro é inconcebível! Como ela foi levada? Sem que ninguém visse? Sendo que ninguém poderia imaginar que entraria em tal lugar, já que ela foi até lá por um mero capricho tolo?
-Que capricho pode ter sido esse, Vossa Graça?
-Ninguém me explicou de maneira satisfatória. As damas de companhia de dequesa simplesmente ficaram histéricas quando questionei, e o inspetor da polícia também não conseguiu encontrar algum sentido no que elas disseram. O mundo inteiro está ficando louco. Acredito que eu vá ficar louco também! Eu chamei o senhor Sherlock Holmes...
O meu coração saltou!
-Mas ele tinha idk para algum lugar ridículo no interior e espero que regresse hoje. De fato...
O pertubado Duque Luis Orlando Del Campo puxou um magnífico relógio de ouro do bolso do casaco e o consultou.
-...ele deve estra me esperando nesse momento. Preciso ir - ele se levantou -Faça a gentileza de contar ao Doutor Ragostin...
-Vossa Graça, estou certa de que o doutor... - interronpi, mantendo minha voz serena enquanto meus pensamentos estavam acelerados -...precisará falar com qs samas se companhia da duquesa...
-As duas estão muiro consternadas.
-Muito natural. Apesar disso, elas devem ser interrogadas e, sem dúvida, se não confiaram em você ou no inspetor de polícia, não iram falar abertamente com um homem estranho.
-Verdade. Absoluta verdade - ele murmurou de um modo distraído, seus olhos loucos vasculhando o escritório, e então se fixando em mim como se tivesse uma revelação.
-Talvez fosse melhor se você, uma mulher, fosse interrogá-las? Você eataria disposta a fazer isso?
-É claro - me refreei de parabenizá-lo por atingir a solução que eu havia planejado desde o começo com tanta inteligência. -Qual é weu endereço, Vossa Graça?
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O caso do adeus cigano - Os mistérios de Enola Holmes
AdventureEnola descobre que a duquesa Blanchefleur desapareceu. Durante sua initerrupta procura, se depara com uma cigana que possui um colar muito conhecido. Enquanto isso, Sherlock é chamado até a mansão para averiguar um pacote misterioso. E Mycroft zela...