Capítulo 2

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Pov Wanda Maximoff

Acordo no dia seguinte das poucas horas dormidas, a dor de cabeça se fazendo presente por tanto choro derramado pela madrugada. Vejo os raios de sol entrando pelo quarto, me fazendo rapidamente me revirar para me cobrir totalmente.

Escuto batidas na porta porém nem se quer me movimento ou respondo. Era melhor assim. Mas a porta veio bater novamente e logo escuto o ranger da porta demonstrando que estava sendo aberta. Continuo sem me mexer porém sinto a cama se afundar ao meu lado.

- Eu sei que você está acordada. - Era Pietro, meu irmão gêmeo. 

Quando soube da morte de Sharon, eu estava no trabalho, que era uma editora de livros. A única coisa que me lembrava daquele dia, era de pegar meu celular e ligar para Pietro que apareceu em menos de dez minutos depois me levando para sua casa, onde até então, eu não sai mais. 

Consegui um atestado de três meses que na verdade se tornou "férias" que eu tinha acumulado durante tanto tempo que usaria para minha lua de mel. Chegava ser irônico a vida e a amargura sempre se fazendo presente, era um casamento onde nem se quer tinha chance de ser feliz. 

Retiro a coberta do meu rosto me fazendo enxergar o mesmo que estava esperando alguma reação minha, o que não veio e ele respirou fundo. Apesar de sempre demonstrar que não se importava por estar em sua casa, sabia que ele estava preocupado por estar naquele quarto durante aqueles meses. Tinha saído apenas na semana passada para retornar a casa e retirar coisas minhas e da Sharon.

/Flashback On/

Pietro tinha me convencido de ir até minha até então, casa, onde tinha passado os últimos meses com Sharon. Minha mãe, Magda, estava ao meu lado segurando minha mão tentando de alguma maneira me dar algum tipo de conforto que nunca vinha. 

- Podemos entrar? - Era voz de Pietro me trazendo de volta a realidade que parecia me engolir viva, sentia cada músculo do meu corpo se contrair e me fazer ficar travada como se tivesse cola em meus pés. 

- Wanda, tudo bem? - Era minha mãe, com sua voz calma como sempre foi, sem pressa de fazer aquilo, sabia que a mesma não sairia do meu lado, principalmente naquele momento. Tinha a impedido de vir para Westview me ver, o que a deixou triste mas falava com ela as vezes por telefone, o que a mesma sempre deixava claro que estaria pronta a qualquer momento para ir me ver, e de certa forma eu estava grata por ter aquele apoio. 

- Tudo, eu só preciso de um segundo. - Digo mas sabia que nem todo o tempo do mundo me deixaria pronta para entrar por aquela porta. Sinto a mesma apertar minha mão e Pietro me olhar como se me entendesse. Respiro fundo e então aceno com a cabeça em sua direção que começa a andar até a porta tirando a chave de seu bolso e logo em seguida a abrindo. 

Sinto minha mãe me puxar levemente e logo em pequenos passos começo a entrar. Parecia tudo tão esquisito agora, não parecia o lugar que eu chamava de lar antes. Tinha uma camada de pó por toda a estante onde continha fotos nossas. Sinto minha mão tremer por sentir aquele aroma que era uma junção nossa. 

Solto a mão da minha mãe e logo lhe dou um olhar para que não se preocupasse. Vejo a mesma indo em direção ao meu irmão que entrava novamente pela porta da frente com papelão e alguns sacos pretos. 

Acho que o luto de se perder alguém é tão intenso principalmente quando se convive com ela todos os dias, porque saber que não irá mais ter a companhia ao seu lado, não irá ver o sorriso da pessoa ou se quer sentir seu perfume pela casa, é indescritivelmente avassalador como a gente sente que perdemos o chão. 

Pego a foto da estante em minha mão, assopro para tirar um pouco do pó, vejo minha foto favorita nossa. Estávamos sentadas no parque onde frequentemente no começo do nosso namoro íamos juntas. Ela tinha seu braço em cima dos meus ombros me trazendo mais para perto. Nossos cabelos voavam um pouco por causa do grande vento que fazia, fazendo ficar ainda mais engraçado porém ambas tinham um sorriso enorme pelo rosto. 

Segurando a foto vou andando pela casa sentindo cada vez mais o meu coração acelerar. Entro no nosso quarto e vejo a cama da mesma forma que ficou quando saímos. Estava uma bagunça nossa. Em passos pesados vou andando até parar na frente da cama. Me permito deitar no lado que era dela. Pego seu travesseiro e puxo todo o ar do meu pulmão o seu cheiro que estava ali.

Fico abraçada em posição fetal sentindo lágrimas descer por meu rosto. Aquilo tudo era demais para mim. Eu não poderia acreditar que aquela agora era minha nova realidade, não poderia aceitar a falta que ela me fazia, não podia acreditar que ela morreu fazendo algo que ela amava fazer, não conseguia acreditar. 

Naquele dia, eu fiquei a tarde toda deitada daquele jeito, até eu conseguir criar coragem para me levantar e começar a empacotar as coisas. Tinha muitas coisas que eu não queria abrir mão, então eu simplesmente resolvi que iria levar para um depósito. 

Estava terminando de colocar as roupas da Sharon dentro da caixa, quanto me deparo com um diário bem escondido por uma fecha do armário. De cara eu não sabia como me sentir sobre aquilo porém, não o guardei com o restante das coisas, deixei separado para levar para casa. Tinha um sentimento em mim que mandava eu não ler porque estaria entrando na privacidade dela, então eu só o levaria para casa.

A ver a casa toda vazia agora, o sentimento de vazio se alastrou de vez pelo meu corpo, não tinha para onde correr, aquela era a verdade. Tudo que eu tinha, tinha sido tirado de mim, a mulher que eu sempre amei, ou tentei amar, que crescemos juntas, que me completava, ou tentava completar. Tudo isso foi tirado de mim e eu agora só tinha o nada. 

/Flashback Off/

- Como você está ? - Pietro insiste em tentar uma conversa.

- Estou bem. - Foi tudo que consegui responder. Mas fazia tempo que não sabia o que era estar bem de verdade. 

- Hoje tudo volta ao normal. Está preparada? - Ele fala se levantando indo até a janela abrindo as cortinas e deixando de vez os raios iluminar todo o quarto. Aperto os olhos tentando me costumar com a claridade e logo conseguindo já o ver totalmente arrumado para ir ao trabalho.

- Acho que sim. - Levanto da cama indo pegar uma roupa no armário. 

- É.. você se lembra que é hoje, né? - Ele pergunta e o olho sem saber direito sobre o que se tratava. Puxo em minha mente ainda de costas e acabo lembrando que era sobre a reunião para pessoas em luto que ele e minha mãe tinham insistido para eu fazer. Apesar de achar aquilo uma grande baboseira, depois de diversas vezes deles me dizendo que aquilo, de alguma maneira que eu não sei, me faria melhor, eu acabei aceitando, mas na verdade aceitei mais para que o assunto morresse. 

- Lembro sim. - Murmuro como resposta. 

- Ótimo, o endereço está no folheto que está em cima da mesa da cozinha. - Ele fala e sinto uma leve empolgação em sua voz. Ele me dá um beijo na testa. - Te vejo mais tarde, maninha. 

- Até mais tarde. 

E assim foi nosso pequeno diálogo. Lembro que antigamente, qualquer momento que pudéssemos, ficaríamos horas e horas jogando conversa fora, porém hoje em dia, nem ânimo para isso mais eu tinha.  

The True - WantashaOnde histórias criam vida. Descubra agora