A Prometida - Nova Era 3 - Conto

Capítulo 19

CRISTIAN COLLALTO

O espelho me devolvia a imagem de um homem bem vestido, mas o olhar que encontrei refletido não era de contentamento. Estamos na mansão da minha cunhada, Jane, ajustando a gravata com uma expressão tensa. Ao meu lado, meu irmão Vicenzo também se preparava, sempre com um ar de tranquilidade que eu invejava.

— Cristian, você parece que está indo para um funeral, e não para um noivado – Vicenzo comentou, com um meio sorriso.

— Talvez porque, para mim, seja mesmo um funeral, – murmurei em resposta, ajustando o paletó. – Odeio eventos.

Vicenzo balançou a cabeça, compreensivo. Ele sabia dos meus sentimentos por Beatrice e do quanto esse noivado era doloroso para mim.

— Não se faça, Cristian. Sei muito bem o porque desse mal humor todo. – murmura ao meu lado – Sente algo pela loira, não?

— Você foi muito abrangente. Seja mais específico, existe muitas loiras e..

— Beatrice. Essa é a mulher que não deixa você respirar normalmente, desde ela saiu de Veneza você mudou. Por acaso à ama?

— O que? – o olho sem entender – Que avaliação de merda é essa?

— Estou dizendo o que vejo. Vamos, me contradiza, se for mentira.

— Não posso. – antes que eu pudesse terminar minha frase, minha cunhada apareceu devidamente arrumada nos chamando. Saímos juntos, e a viagem até a mansão Savóia, onde aconteceria o noivado de Beatrice, foi silenciosa.

Meus pensamentos estavam apenas nela e na injustiça de vê-la se comprometer com James, o futuro dono da máfia australiana.
Chegamos ao evento, e a visão de Beatrice ao lado de James fez meu coração apertar. Ela estava deslumbrante, mas seus olhos não brilhavam como de costume. James, por outro lado, parecia irritado, mas a ostentava como se houvesse conquistado o maior prêmio de todos.

Enquanto caminhávamos pelo salão, Victoria, nossa prima, veio até mim com um pedido que só aumentou minha irritação.

— Cristian, você precisa me ajudar a me aproximar de Donato.

— Que caralho é esse, Victoria? Do que está falando?

— Eu sei que ele sente algo por mim, mas sempre foge – ela implorou, seus olhos brilhando com determinação.

— Se ele sentisse não fugiria, não acha? E outra coisa, Donato Savóia não é homem de se envolver romanticamente, sabe que se for corrompida, ele não irá se casar com você. Né?

— Oh – o rosto de Victoria se contrai, eu sabia que esse era o plano idiota dela – Por favor.

— Victoria, tenho coisas mais importantes para lidar agora – respondi friamente –Resolva seus problemas sozinha, mas pense direito.

Ela saiu bufando, batendo os pés, e eu finalmente encontrei um momento de solidão para pegar um copo de uísque. Precisava de algo para acalmar meus nervos. Foi então que Beatrice apareceu, movendo-se com a graça de um anjo caído. Ela me puxou para um canto mais isolado do jardim, longe dos olhares curiosos.

— Cristian – ela sussurrou antes de me beijar com uma intensidade desesperada. Eu correspondi, sentindo o sabor de sua saudade e dor. – Não aguento mais fingir ao lado do James.

— Beatrice, nós vamos encontrar uma saída. Eu prometo – murmurei contra seus lábios.

Antes que pudesse dizer mais, ouvi passos leves e rápidos. Grace, a irmã de James, estava ali, os olhos arregalados de medo e surpresa. Ela virou-se e saiu correndo antes que eu pudesse reagir.

— Grace, espere – gritou Bea. Eu me preparava para ir atrás dela, mas Beatrice me segurou pelo braço, a expressão dela pálida e grave.

— Cristian, não vá. Preciso te contar algo importante – ela disse, a voz trêmula – Estou grávida."

As palavras dela atingiram-me como um golpe. O mundo pareceu parar, e todas as complicações que estávamos enfrentando de repente se tornaram ainda mais intensas. Beatrice estava carregando meu filho, e isso mudava muita coisa. Caralho! C-A-R-A-L-H-O

— Beatrice... – comecei, mas as palavras me faltavam. A única coisa que sabia era que não importava o que acontecesse, eu lutaria até o fim para protegê-la e ao nosso filho. Naquele momento, no jardim da mansão Savóia, percebi que a nossa batalha estava apenas começando.