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Denki não ligava para a fina garoa que caía sobre seus ombros, havia esquecido de ver a previsão do tempo e não trouxe guarda-chuva algum. Suas lágrimas caíam pelas bochechas coradas e o bico triste nos lábios. Fungou o nariz e limpou a meleca que escorria até sua boca, deixando um gosto salgado. Escondeu ainda mais o buquê em suas mãos, pressionando sobre o peito, mas também com medo de amassar as flores púrpuras.

Aquele era o pior dia da sua vida.

Kyouka Jirou, esse era o motivo de ser choro. Já vinha tendo um grande interesse nela desde cedo naquele ano, assim que ela entrou na universidade. Meu deus do céu! Aquilo foi paixão à primeira vista! Mesmo ela sendo uma tábua, era tão linda... Aquele cabelo, aqueles piercings, aquelas roupas cult... Ela era o próprio sonho. Ela era legal, gentil, e sabia arcar com seu humor de merda. Ela era tudo!

Achava que ela também estava gostando de si, pois todos os sinais para isso estavam em suas atitudes. Resolveu esperar muito tempo para um momento mais especial; se declarou e a pediu em namoro no dia dos namorados, pois, para si, era a coisa mais romântica que poderia fazer para a mesma. Já tinha pensado em todas as possibilidades, menos o grande não que recebeu na cara.

Caramba! Havia até se ajoelhado enquanto estendia um buquê de suas flores preferidas, e ela disse não?! Estava enganado o tempo inteiro? Ela não gostava de si? Não fazia o tipo dela? E o mais importante, ela tinha namorado? Nunca havia perguntado isso... Que droga!

Porém, ela não deu nenhuma explicação, parecendo nervosa demais até para negar o seu pedido. Kyouka foi embora do lugar onde estavam com pressa, deixando Kaminari totalmente sozinho. Resolveu voltar para casa, sem se importar que as pessoas olhassem para seu choro silencioso com dó, só que nem mesmo depois deste sofrimento, não teve paz. O tempo fechou, e uma fina chuva começou.

Bem, agora não era mais tão fina assim.

Olhou para cima e logo em seguida para uma poça formada no meio da rua esburacada; aparentemente, teria de pegar um ônibus, já que uma provável tempestade se aproximava. Por sorte, havia um ponto de ônibus não muito longe dali, e se pôs a entrar dentro da cabine mesmo sem saber para onde o automóvel coletivo iria em seguida. Iria o esperar, e mesmo se ele o levasse para Roma, não iria se importar.

Suspirou ao recostar a cabeça no plástico pichado, suspirando enquanto segurava as flores molhadas. E então, reparou que não estava sozinho ali. Levou um susto quando percebeu outro alguém ali, um homem, para ser mais exato. Ele parecia meio morto e tals. O cabelo era pintado de roxo, e era pálido como um vampiro. A expressão deprimida também não ajudava a ter uma aparência mais viva, de qualquer forma. Reparou em seguida no objeto que ele segurava, uma caixa em formato em formato de coração. Pela situação toda, dava para ver o que se passava.

Suspirou, ele era um frustrado fracassado igual a si.

— Levou um fora também? — perguntou, e só então ele pareceu perceber que não estava sozinho, olhando o loiro meio surpreso pela indagação

— É. — ele respondeu suspirando, olhando para a chuva em seguida — Um baita fora.

— Sei bem como é.

O desconhecido o observou de cima abaixo, parando o olhar no buquê encharcado em suas mãos.

— Glórias-da-Manhã? — ele disse — São bonitas.

— Eram as preferidas dela. — o menor informou, observando as flores com tristeza, e então, começou a chorar de novo

Era dramático demais.

Fechou os olhos e jogou as flores na cara para esconder o rosto, balançando os ombros por causa do choro. Sentiu uma mão pesada sobre seu ombro, então deixou uma fresta à mostra, observando a mão que estendia a caixa de coração — agora aberta — para si. Os doces ainda estavam lá, todos intactos e bonitos.

— Pode comer. — o homem disse — Não gosto de doce.

Denki fungou, baixando as flores para pegar um deles e colocar na boca dramaticamente, olhando para o chão molhado. Comeu uns três doces seguidamente, não se importando em encher a boca enquanto a outra pessoa permanecia silenciosa. Deu atenção a ele depois de alguns segundos, virando o rosto lentamente para o arroxeado, observando seu perfil duro e reto, bonito. Em seguida, estendeu a mão para ele, oferecendo o buquê para o mesmo, que o olhou confuso em seguida. Percebeu então que seu olhos eram roxos, não sabia se era lente e tals, mas eram lindos.

— Pode ficar. — falou para ele — Flores são caras, não quero ficar com elas. E você disse que elas são bonitas, então...

Ele permaneceu parado por um momento, contudo, pegou as flores com um suspiro, as observando nas próprias mãos e tocando as pétalas roxas como seus cabelos.

— Meu nome é Denki, à propósito.

— Hitoshi.

Continuaram em silêncio, com Kaminari comendo os doces exageradamente açucarados e Hitoshi observando cada flor com olhos analíticos.

O loiro franziu o cenho, reparando em uma coisa peculiar.

— Cara.

— Hum?

— Tu é?

foras & choros (ShinKami) (Especial Dia dos Namorados)Onde histórias criam vida. Descubra agora