No mês 05/2022 a Square Enix anunciou a venda de todos os seus estúdios "ocidentais" e de várias de suas propriedades intelectuais de videogames "ocidentais", para o conglomerado Embracer Group. Os estúdios vendidos foram Crystal Dinamics (Tomb Raider reboot, Rise of the Tomb Raider), Eidos Montreal (Shadow of the Tomb Raider) e Square Enix Montreal. Os games vendidos foram Tomb Raider, Thief, Deus Ex, Legacy of Kain, entre outros. O valor desta venda? 300 milhões de dólares estadunidenses. Sim, uma pechincha, pelo que valem estes estúdios e franquias de games, e comparado com as aquisições recentes de empresas de games. O estúdio Bungie, que tem exatamente 1 série (Destiny) e 2 games (Destiny 1 e 2), foi adquirido pela SONY, no mesmo 2022, por 4 bilhões de dólares estadunidenses. 4 bilhões.
Entre as explicações da Square Enix, está a de focar nos games japoneses (Final Fantasy, Dragon Quest, Kingdom Hearts etc.) e a de investir o dinheiro em "blockchain". No contexto de videogames, investir em blockchains significa games com NFTs, com criptomoedas, ou play-to-earn (P2E). Games que recompensam os jogadores com criptomoedas, NFTs ou dinheiro; e que são pouco mais do que especulação financeira, sem nenhum valor de jogar e sem nenhum valor artístico ou criativo. Em resumo, lixo.
Tomb Raider é uma grande série de games, a mais valiosa desse pacote "ocidental" vendido pela Square Enix. A trilogia reboot de Tomb Raider é ótima, e são os melhores games da franquia, superando o próprio Uncharted, da SONY, que foi inspirado pelos antigos games de Tomb Raider e inspirou a trilogia reboot. Porém, vemos no Rise of the Tomb Raider, o segundo jogo da trilogia reboot, a interferência negativa da Square Enix, introduzindo modos multiplayer de jogo, entre outras modificações que nada têm a ver com a aventura singleplayer e que só pioraram o game em comparação com o anterior.
Várias vezes a Square Enix disse que as vendas de jogos ocidentais, como os da trilogia reboot de Tomb Raider, ficaram abaixo do esperado. Porém, essa afirmação mostra apenas que a Square Enix tem um planejamento incompetente. Quando a Square Enix conseguiu a licença para fazer e vender um game dos Avengers, bem no auge do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), ela, em vez de fazer um game singleplayer competente, tentou misturar o singleplayer com um looter-shooter (jogo de saque, geralmente multiplayer e contendo lootboxes ou caixas de saque), resultando em um game medíocre e esquecível (de fato, ele já está esquecido em 2022). A Square Enix projetou vendas gigantescas para o Avengers, mas o game flopou e ela teve um prejuízo gigantesco, além de causar um grande dano à propriedade intelectual dos Vingadores (Avengers), que é da Marvel. Isso mostra o desconhecimento da Square Enix do mercado gamer.
Enquanto reclama das vendas dos games ocidentais, a Square Enix tampouco está fazendo um trabalho decente com todos os games japoneses. Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin, lançado em 2022, deveria vir com uma tarja de genérico, amarela, igual à dos remédios, pois ele é isso. A história é ridícula. A continuação de Final Fantasy VII Remake parte 1 parece cada vez mais distante, pois nada é falado sobre ela.
Portanto, não se enganem, não pensem que a venda do braço ocidental e de Tomb Raider foi alguma estratégia da Square Enix, que a empresa vai ser vendida mais facilmente, que vai criar uma revolução em games NFTs. É incompetência mesmo.
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Vender Tomb Raider a preço de banana não é estratégia, é incompetência mesmo
Non-FictionArtigo não-científico sobre games, Square Enix e a recente venda de Tomb Raider e do seu braço "ocidental" para a Embracer Group.