Capítulo 27

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Pilar sentia seu coração quase saindo pela boca e suas mãos que costumavam serem tão quentes estavam
gélidas e suadas. Isso tudo porque se aproximava cada vez mais do grande portão da mansão do Robert.

- Quanto tempo demoramos? - Perguntou com seus olhos levemente arregalados a medida que o carro reduzia a velocidade para passar pelo portão. O desespero estava a consumindo.

- 1 hora, senhora. - A voz do motorista era de puro descontentamento. - Gostaria muito de ter chegado antes do prazo que o senhor Mozza me deu, mas não foi possível e provavelmente não serei mais o motorista. - Disse com pesar.

Então Pilar ficou ereta na mesma hora.

- Havia mesmo um prazo? - Perguntou, mesmo já entendendo que sim.

- De 40 minutos, senhora. - Pilar abaixou a cabeça com vergonha, pois sentia que a culpa era toda sua. - Minha filha está doente, consequentemente meu salário vai inteiro para remédios e o hospital. - Suspirou. - Temo por sua vida agora que vou estar desempregado. - A voz do motorista saiu embargada e com muito pesar. Ouvir isso partiu o coração de Pilar.

Deixou mais um suspiro de derrota sair quando o carro finalmente parou. Finalmente, haviam chegado.

- Não vai perder o seu emprego e sua filha vai ficar bem. - Saiu do carro antes mesmo do homem responder.

Pilar caminhou determinada e, ao mesmo tempo, temerosa, não iria demonstrar que só queria se isolar de vergonha e medo. Olhou para seu buquê de rosas e pensou que a única coisa boa do dia com certeza foi ele.
Em sua cabeça a única certeza era que Lúcio não iria de maneira alguma perder o seu emprego por sua causa.

Quando iria tocar na maçaneta da porta para abrir... a porta é aberta em abrupto.

- Cristine!? - Perguntou no automático quando viu a mulher um pouco eufórica, o que de fato não era seu estado normal.

- Robert está te esperando. - Disse apenas essa frase, mas seus olhos queriam dizer muito mais. Pilar assentiu engolindo em seco. Os olhos de Cristine brilhavam de ansiedade. - Ele escutou a entrevista, mas não fale sobre se ele não dizer primeiro. - Cristine encarou a moça antes bronzeada, agora totalmente pálida a sua frente esperando a confirmação que não veio, pois Pilar estava perdida demais na sensação ruim que se formava na boca do seu estômago. Tinha medo de qual Robert estaria esperando por ela, não queria de forma alguma rever o Robert furioso que a prendeu em sua casa e tomou seu celular. - Espero muito que você faça valer a pena eu ter te escolhido. - Então, com essa declaração de expectativa se Pilar estava a beira de um desmaio, agora ela achava que poderia morrer ali mesmo.

- Eu nunca lhe prometi nada, senhora. - Conseguiu dizer, desviando o seu olhar e passando por Cristine.
Estava cansada de ter tantas expectativas sobre ela como se não pudesse cometer nenhum erro.

Pilar andou até onde imaginava que ele estava.
Quando chegou na porta do escritório não pensou muito, apenas bateu e logo escutou um entre firme.
Pilar forçou os seus pensamentos ruins para desaparecerem e passou a imaginar que ela seria capaz de passar por isso, pois já passou por tanta coisa durante sua vida.
Firmou o buquê de rosas que estava deslizando das suas mãos pelo suor, em seguida abriu a porta do escritório de cabeça erguida e adiante pode ver Robert em pé de frente para uma pintura indecifrável como se estivesse a decifrando.

Em silêncio Pilar entrou e fechou a porta atrás de si, notando que Mozza não havia mexido nem um dedo. Não aguentando mais o silêncio ela resolveu falar.

- Robert, eu... - Sua fala morreu quando ele levantou um dedo em sinal que ela devia se calar.
Pilar suspirou de nervoso, mas imitou o silêncio de Robert que não se deu o trabalho de virar em sua direção.

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