5 DIAS PARA O FIM

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Acordo na minha cama, com ressaca do dia anterior, levanto, vou até o banheiro e jogo um pouco de água no rosto, minha cara está inchada, parece que fui atropelado, olho no relógio assustado. Caramba, estou atrasado para o trabalho! -até que vem na minha mente a lembrança do dia anterior, ah, o fim do mundo. Olho para a Alexa, o relógio marca 7:45am.

--Alexa, criar evento para daqui a 5 dias.

-Claro, qual o nome do evento? Diz Alexa.

--Fim do mundo.

-Vou agendar o evento Fim do mundo para daqui 5 dias. Certo?

--Certo.

-Certo, o evento foi criado.

Fui para a varanda observar os carros passando pela avenida, moro neste apartamento a 4 anos e nunca reparei na paisagem, nos carros, nas pessoas correndo para seus trabalhos, e hoje, sabendo o que sei, parece que o mundo está desconexo, a vontade que dá é de gritar que o mundo vai acabar em breve, mas quem sou eu para tirar o senso de normalidade das pessoas? Não é meu direito, mesmo por que, quem acreditaria em um analista zé ninguém? E outra que eu poderia ser preso, e ficar sem ver meus familiares e amigos.

Após o banho pensei em fazer uma lista de coisas que poderia fazer, com o fim eminente, peguei meu café um papel e caneta, e encarei a folha por uns 20 minutos... e eu estava sem ideias, nada me vinha na cabeça, eu estava anestesiado ainda. Até que lembrei dele, me veio na mente seu rosto - Carlos, a gente se paquerou algumas vezes, olhares se cruzando, eu tenho um crush enorme nele, mas nunca tive coragem de chegar nele. E agora que o mundo vai acabar eu quero vê-lo, então, isso seria egoísmo? -no fundo eu sei que sim- Mas cara, eu poderia dizer que estou apaixonado nele.

A primeira vez que nos vimos, ele ficou me encarando o tempo todo, e eu sempre desviava o olhar, mas sempre dava um jeito de olhar para ele, e nisso, nossos olhares sempre se encontravam, ele sempre foi muito simpático, talvez apenas por educação ou interesse também, e eu sempre quis chamar ele para sair, só me faltava coragem, talvez eu seja um bananão. 

Fiquei andando de um lado para o outro pensando, de um lado eu estava me culpando por querer ir atrás dele com tão pouco tempo, por outro lado estava curioso em saber se ele sentia algo por mim, ou era apenas coisa da minha cabeça, e fora que eu não queria deixa-lo no escuro. 

Decidi ir até a cafeteria onde Carlos trabalha, ele me atende desde sempre, sinto meu estomago formigar quando ele está por perto, mas eu sou tímido de mais para tomar uma atitude - QUE ODIO! grito comigo mesmo - mas quis ver o Carlos hoje, e é isso que vou fazer, decidi que ele seria o item número um da minha lista, dar uma chance ao rapaz que estou apaixonado, ele também pode nem querer nada. Mas me parece certo falar com ele, nem que seja a última vez, ou tentar.

Carlos é uma pessoa atenciosa, pelo que reparei nele, ele sempre ajuda as pessoas mais velhas a se sentar, a levantar, as vezes até a atravessar a rua, ele tem cerca de 1,65m, já que sou um pouco mais alto que ele e tenho 1,75m de altura, estou apenas chutando sua altura, cabelo escuro, e tem olhos claros.

Olhando para ele, penso em como o mundo está sendo injusto com ele, por ser alguém bom, que se empenha em seu trabalho, ele sempre parece feliz, ele merecia mais, bem mais. 

Me sento a mesa observo que o movimento está devagar. Olho de canto de olho e vejo Carlos vindo na minha direção, ele se inclina no meu lado e diz bem próximo. 

-Olá moço misterioso, o que posso te servir hoje?

-Gostaria de um café, duas torradas e uma torta, por favor. -Digo. E pode me chamar de Pedro, se quiser. 

É assim que acaba?Onde histórias criam vida. Descubra agora