o fim e o início do recomeço

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Levi estava tão concentrado em dar um nó na gravata do noivo, que já estava a ponto de gritar caso esse pensasse em se mexer só um pouco.

ー Ele sempre se atrasa, é impressionante! ー Erwin pontuou, olhando o horário no relógio de pulso.ーParece que sua família não tem mais valor na vida dele e eu fico péssimo já que nossos pais sempre deram tudo do bom e do melhor pra ele, um educação excelente e toda atenção que ele sempre quis, e agora ele me chama de Senhor-Sabe-Tudo e falta grande parte dos jantares de sexta fazendo, fora a faculdade que ele mais odeia.

ー A faculdade é compressível Erwin, era o sonho dele cursar jornalismo e seus pais não aceitaram isso e, decidiram uma das partes importantes da vida de Armin por ele. Se fosse eu no lugar dele faria o mesmo, ou até pior. Ele perdeu as duas pessoas favoritas em um curto período. O avô e aquele ex-namorado que faleceu no acidente de carro.ーEstalou um dos dedos tentando recordar o nome.

ー James. ー O loiro disse. 

ー Isso, Armin disse que ele voltou bêbado pra casa e como nunca foi de beber assim, Armin deu um sermão, só que ele já estava tão bêbado que ficou chateado, pegou o carro e saiu de casa e no meio do caminho... 

Os dois se calaram pensativos, confirmando o fim daquele assunto tão emotivo para todos. Afinal, até os dias de hoje, o Arlet se considerava a causa da morte do amado e nunca se perdoaria por conta disso, ele não conseguia amar ninguém por medo.

[...]

Eu me perguntava se ele estava bem, a sua feição parecia tranquila, mas os dedos estavam inquietos e as pernas se balançavam ansiosas pra um lado e outro. Queria que conversasse comigo, me dissesse alguma coisa

Fiquei quieto observando-o de canto com um sorriso pequeno. 

Nós não tínhamos nada, nenhum tipo de relacionamento que não tivessem negócios no meio, mas precisávamos um do outro, porque mesmo tão diferentes quando trabalhávamos juntos era perfeito, minha ideia completava a sua. 

Seus olhos estavam baixos, a boca estava fechada como se tivessido trancada, Armin estava bem longe da realidade.

O sinal parou e enfim criei coragem, era agora ou nunca. Ele estava mal pra caralho, eu precisava fazer alguma coisa, ele fez tanto por mim, vamos Eren, seja legal com o garoto uma vez na vida!

Entrelacei nossas mãos, como uma forma de chamar sua atenção, nossos olhares finalmente se encontraram e eu nunca havia visto aquele oceano tão mexido.

ー Olha Armin, confesso que até pensei em sugerir que fossemos jantar ou até lhe presentear com alguma coisa, mas se tem algo que eu sei é que a vingança não consegue saciar a saudade, é mais impossível ainda reviver alguém ou suas memórias, acho que não sou a melhor pessoa do mundo pra te aconselhar, no entanto, existem milhares de pessoas que dariam de tudo pra ter ao menos a fachada sua família. Pessoas são únicas e insubstituíveis. ー Disse.

O loiro não aguentou a pressão que se formava em seus olhos e agora seu rosto estava molhado por um rio de lágrimas. Aquela foi a primeira vez que Armin chorou por algo que realmente o importava na frente de alguém.

As cores do sinal já haviam mudado, mas não só as do sinal, o verde da mesma forma, para Armin significava permissão, ele estava se permitindo a novas experiências, aceitar uma parte de si qual nunca parou pra olhar.

Não pensou duas vezes e discou o número do irmão.

ー Erwin, eu... ー Mordeu os lábios.

ー Já sei que não vai aparecer, vou avisar a todos, não se preocupe.

ー Não, eu...Já estou a caminho, a chuva está forte. ー Olhou para o moreno que assentiu com a cabeça acompanhado de um sorriso gentil.

ー Ah, C-Certo. Estaremos te aguardando. ー Se despediu confuso.

Graças a Eren, Armin iria encarar a família de frente, lutar por si, sozinho, sem a ajuda de ninguém, ele não era mais um adolescente, precisava tomar as próprias rédeas. Suspirou aliviado, odiava fazer aquilo, mas sabia da necessidade.

Era o fim da guerra, hora de voltar pra casa. Não haviam mais príncipios para lutar, estávamos todos cansados de viver em bolhas, em nossos próprios mundos.

[...]

ー Quando eu te vejo de novo? ー Perguntei com um certo ar de despedida.

ー Quando quiser. ー Respondeu simplista com o mesmo sorriso de sempre.

ー Entao esse é o fim do contrato? ー Brinquei o ouvindo rir.

ー Acredito que sim. 

Sorri genuinamente, me esticando para alcançar seu pescoço, fiquei alguns segundos preso ali, não queria sair, Eren beijou minha nuca com delicadeza e eu lhe sussurrei um simples ''obrigada'' por tudo que havia me proporcionado.

Sorri genuinamente, me esticando para alcançar seu pescoço, fiquei alguns segundos preso ali, não queria sair, Eren beijou minha nuca com delicadeza e eu lhe sussurrei um simples ''obrigada'' por tudo que havia me proporcionado.

Finalmente me soltei, encostando no chão novamente, guardei o celular na bolsa e pela última vez ajeitei as presilhas coloridas do cabelo no retrovisor.

ー Até algum dia, Eren Jaeger.

ー Te vejo lá, Armin Arlet.

Suspirei e tomei coragem para lhe dar as costas, nada e nem ninguém dura para sempre, mas tenho certeza de que nossos momentos foram eternos, nossas risadas sinceras e nosso encontro foi necessário, nada e por um acaso.

Havia outras questões sem resposta em minha vida e era hora de finalmente amadurecer e encarar frente a frente. Com Eren aqui, ficaria preso a um sentimento o qual eu mesmo não tinha certeza, se tornando mais um empecilho em meu caminho, por isso, precisava me desapegar e até esquecer por um tempo.

Olhei pra trás assim que dei de cara com a porta e sorri gentilmente para si, acenando com o olhar, em seguida, toquei a campainha, sendo recebido por um caloroso abraço dos meus avós, Erwin estava com um sorriso gigante no rosto enquanto segurava Levi pela cintura, e até o baixinho marrento estava de bom humor.

Eren assistiu a cena a poucos metros de distância em cima da calçada encostado na porta do carro, desejou fazer arte daquele momento na vida do loirinho, mas sabia que era importante que ele seguisse esse caminho sozinho, seria melhor pros dois.

O episódio de algumas horas a trás já tinha sido esquecido por nós, Floch Forster já não era mais um peão a ser derrubado por nós e o tabuleiro já não exisitia mais, éramos dois e um campo de orquídeas azuis a nossa volta, prestes a desabrochar novos sentimentos em nós. 


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