271 dias para o verão
Setembro, 06
♪ now you say you want it back
Now that it's just too late
Well, it could've been easy
All you had to do was (stay) ♪– All you had to do was stay
Betty
Não se deve acreditar muito no que Inez fala e eu não sabia até que ponto eu queria acreditar. Eu não sabia o que sentir. Borboletas voavam no meu estomago na mesma intensidade que elas morriam. Uma mistura de coisas boas e coisas ruins me atingia com força. Uma parte de mim estava super contente com a possibilidade de isso ser verdade. James, meu melhor amigo... estava voltando para os Estados Unidos, estava voltando para casa, estava voltando para mim... Porém, outra parte de mim estava chateada. Por que diabos Inez sabia disso e não eu? Se ele vai realmente voltar, por que ele não me avisara antes? E por que avisá-la? Logo ela... Inez.
Fui para casa com a cabeça a mil. Durante a viagem, eu não quis falar muito e minha mãe percebeu que algo estava acontecendo. Ela tentou puxar conversa, mas eu não estava pronta para tê-la naquele momento. Já no meu quarto, eu encarei a tela do meu celular. A minha conversa com James estava aberta. A última mensagem foi eu que enviara, cerca de um ano atrás. Não havia resposta à pergunta que fizera e agora já nem importa mais. A única coisa que ponderava na minha mente era o porquê de Inez saber disso e se era verdade. Arrisquei digitar:
Ei, James. Quanto tempo, né? Fiquei sabendo sobre a sua volta...
Pensei um pouco antes de enviar. Antes que eu me arrependesse, enviei.
Não obtive uma resposta imediata e me frustrei por isso. E ali, olhando para a tela com a minha mensagem de agora e lendo a minha pergunta que não foi respondida há mais de um ano, eu comecei a me sentir estúpida. Talvez, a verdade sempre esteve diante do meu nariz e eu nunca tive a coragem de enfrentá-la. Talvez, eu tenha me apegado demais às memórias do que James significou para mim que eu não pude enxergar o que realmente estava acontecendo. Ele se cansou de mim, se cansou da nossa amizade. Foi para Londres, fez novos amigos e isso, talvez, pudesse ser a melhor oportunidade possível para se afastar de mim sem me magoar. Talvez, ele não tivesse tido a coragem de me dizer que não queria mais conversar comigo e foi se afastando. E eu, talvez, tivesse sido idiota de mais de acreditar em outras coisas, de não aceitar que não somos mais amigos.
Acho que um dos sentimentos está dominando a minha essência. Já não sobraram tantas borboletas mais em minha barriga. A tristeza e o ódio estavam começando a superar a felicidade em saber que ele estava voltando.
Passei o restante do dia olhando para mensagem sem resposta, martelando aquilo na minha cabeça.
No dia seguinte, eu apareci na escola com as forças que minha mãe me deu na mesa do café da manhã. O primeiro horário era história e eu já havia me preparado psicologicamente para suportar a presença de Inez. Quando ela e Sophia entraram na sala, um grupo de pessoas cercaram as duas e despejaram perguntas sobre elas.
— Posso ir à festa também?
— Quando vai ser?
— Sophia, posso levar um acompanhante...
Quando eu escutei o nome de Sophia na última pergunta, tudo fez sentido para mim. Todas as peças do quebra-cabeças se encaixaram e eu me senti muito estúpida novamente. Não foi Inez que ficou sabendo primeiro sobre a volta de James. Foi Sophia. É claro que teria sido ela. O irmão mais velho de James namorou Sophia nos últimos meses antes de ir para Londres. Não tenho dúvidas que ele deva ter contado para ela que estaria voltando para os Estado Unidos. Inez deve ter ficado sabendo de tabela que James também estaria voltando. Pelo que me parece, Sophia está dando uma festa em sua casa, que com certeza deve ser uma festa de boas-vindas para Josh e, consequentemente, para James.

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Éramos Três
RomanceBetty, James e Inez são adolescentes que estão descobrindo o quão intensa a vida pode ser. Nesse triângulo amoroso, é contado os dramas e os romances vividos por eles em um mundo moderno o qual os problemas da vida real ainda não saíram de moda. Ne...