Capítulo 5
270 dias para o verão
Setembro, 07
♪ And you stood there in front of me just
Close enough to touch
Close enough to hope you couldn't see
What I was thinking of♪- Sparks Fly
James
Olhei de soslaio e vi Betty se aproximar. Ela vestia uma calça jeans clara, uma camiseta preta e seus cabelos loiros estavam amarrados em uma trança, deixando apenas alguns fios como franja emoldando o lado esquerdo do seu rosto. Ela estava um pouco diferente desde a última vez que a vi. Deixara o cabelo crescer e ela parecia mais alta. Betty caminhava em direção à porta. Por alguma razão, minhas pernas falharam e meu coração acelerou. Em alguns segundos, ela estaria bem na minha frente e o que eu diria? Tentei acessar o roteiro que eu havia ensaiado na minha cabeça desde que embarcara no avião de volta para cá, mas, de alguma forma, não conseguia verbalizá-lo. Tudo que fiz foi esperar ela se aproximar.
Betty encarou o chão por alguns segundos antes de lançar o seu olhar carregado de incertezas e tristeza em mim. Por um momento, lembrei do olhar doce e do sorriso que ela sempre tivera comigo. Sei que eu a deixei chateada comigo, mas havia mais coisas naqueles olhos azuis. Havia tristeza.
— Betty... — fiz um sinal convidativo para que ela entrasse.
Ela entrou e ficou de pé ali no meio da sala, observando Cloe caminhar. Ouvi um breve momento desconfortante de silêncio até que resolvi quebrá-lo.
— O nome dela é Cloe.
— Não sabia que voltou a gostar de cachorro.
— Ela é da minha vizinha. Eu estou de olho nela até que a senhora volte do mercado.
— Entendi.
Betty fechou os braços em seu corpo e tentava desviar seus olhos de mim. O silêncio que se instalou a seguir doía em mim. Eu sei que parte desse nosso estranhamento é minha culpa, ela está chateada comigo. Quando tentei falar alguma coisa, minha mãe aparece na sala.
— Betty! Querida, que bom revê-la. — disse a minha mãe se aproximando dela e a abraçando.
— É bom revê-la também, Jenny — disse ela abrindo um sorriso pela primeira vez desde que chegara.
Se havia algo quebrado em mim, aquele sorriso me consertou. Era tão lindo, como uma estrela brilhante no céu. Aquele sorriso tinha a capacidade de iluminar essa cidade inteira.
— Bom, vou deixar vocês à vontade e voltar para o meu quarto — disse minha mãe um pouco atrapalhada quando percebeu o silêncio.
— Não se preocupe, mãe, a gente estava indo para o meu quarto. — disse olhando para Betty a espera de uma confirmação se estava tudo bem irmos para lá.
Betty acenou com a cabeça e então fomos para o meu quarto. Ao entrarmos, ela se deparou com algumas roupas minhas espalhadas no chão, alguns livros em cima da cama e mais algumas bagunças extras. Eu saí chutando as roupas para debaixo da cama e organizando algo em cima da escrivaninha.
— James, não precisa se preocupar.
— Desculpa, eu ainda não tive tempo de arrumar tudo desde que cheguei.
Ela deu uma leve risada. As paredes do meu quarto eram azuis, minha cama de casal ficava em um canto e meu guarda roupas no outro. Um móvel de cabeceira ficava ao lado da minha cama com um abajur em cima. A mesa do computador ficava perto do espelho e no centro do quarto um tapete peludo retangular. Ela observou cada detalhe.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Éramos Três
RomanceBetty, James e Inez são adolescentes que estão descobrindo o quão intensa a vida pode ser. Nesse triângulo amoroso, é contado os dramas e os romances vividos por eles em um mundo moderno o qual os problemas da vida real ainda não saíram de moda. Ne...