I Ain't No Nice Guy

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— Nori, o telefone tocou umas três vezes, alguém querendo falar com você. Acho que era o Rohan.

Noriaki jogou a mochila sobre o sofá e passou direto para a cozinha de casa. Precisava de um pouco de chocolate para melhorar o seu dia extremamente cansativo. Tudo que precisava era apenas comer, tomar um banho bem quente, cair em cima da cama e ter a melhor noite de sono do mundo. Entretanto, o anúncio de Ryoko o fez sorrir e ao mesmo tempo ficar nervoso.

— Ah, é, era o Rohan, ele disse que ia me ligar para combinar umas coisas da banda. — em hipótese alguma Noriaki mencionaria ser Jotaro, caso contrário, talvez teria a cabeça arrancada pela irmã.

Não pelo fato dele ser gay — Ryoko foi a primeira pessoa que enfrentou cobras e lagartos pelo irmão e estaria sempre disposta a isso —, mas sim por se tratar de Jotaro. Ryoko detestava Jotaro mais do que Noriaki antes e talvez desaprovaria uma suposta saída dos dois. Sem contar que a raiva por Jotaro foi o motivo pelo qual a garota que cantava no coral da igreja tirou a guitarra do altar para ceder ao irmão.

E por falar em guitarra, a garota, sentada em frente à televisão assistindo algum filme do Tom Cruise, perguntou:

— Como andam os ensaios? Destruindo muito o Jotaro?

O estômago de Noriaki se revirou, mesmo contendo apenas água. Ele queria responder algo como "bem, eu estou saindo com ele", mas não teve coragem. Em vez disso, se debruçou sobre o balcão que separava a cozinha da sala de estar da casa e passou a acompanhar uma parte do filme.

— Se eu dissesse que ele está mudando, você acreditaria? — foi a única coisa que Noriaki conseguiu confessar à irmã.

Ryoko pausou o VHS e se revirou sobre o sofá, ficando de frente para Noriaki. Um olhar de mistério dela foi o suficiente para amedrontar o irmão.

— É mais fácil as trombetas do apocalipse tocar do que Jotaro mudar. — ela debochou, se acomodando confortavelmente sobre o sofá. — tá, Jotaro está diferente, parece que está mais adequado com a ideia de estar em uma missa, mas continua indo pra igreja usando umas blusas estranhas. Na terça-feira ele estava usando uma blusa com uma frase que dizia "Haunting The Chapel". Padre Pucci quase matava o Sadao depois.

Noriaki riu. Só mesmo Jotaro para aprontar o que não devia na intenção de ser expulso da igreja. Nem mesmo a capa de um álbum do Slayer era o suficiente para o banir do cristianismo. Quem sabe aprontar como Madonna em Like a Prayer pudesse fazer tal façanha para ele.

— É sempre assim, você só tem que se acostumar, ele só veste blusas de bandas e casacos pretos. — Noriaki terminou de beber água e deixou o copo na pia. — Eu tô subindo, qualquer coisa só bate na porta.

— Boa noite, Nori. — desejou Ryoko, que se acomodou no sofá com um edredom e voltou a reproduzir o VHS, aproveitando que o irmão apagou a luz da sala.

Noriaki subiu depressa. No quarto, deixou o abajur aceso e passou direto para o banheiro. Poderia ter colocado no rádio a fita cassete pirateada que Avdol lhe deu, mas não queria ter que enfiar um lápis e rebobinar toda a fita apenas para ouvir o lado A novamente. Decidiu apenas tomar um banho e partir para a cama.

E antes que terminasse de se vestir com o pijama, ele olhou para o ramal do telefone no seu quarto. Será que ele deveria ligar para a casa de Jotaro? Será que ele atenderia? E se Sadao atendesse?

— Merda, que seja. — ele pegou o telefone e tirou de dentro do caderno, na mochila encostada na cama o número de Jotaro.

O coração disparou em antecipação, mas logo foi acalmado quando apenas um bipe foi o suficiente para o moreno atender.

Battle Blood! | (BL Jotakak)Onde histórias criam vida. Descubra agora