Nesse exato momento estou indo falar com a minha mãe, o por quê? Eu não sei.
Bom, talvez seja porque eu separei um casal na minha última missão....
Ô céus minha mãe vai me matar!!!
"Preciso fugir o mais rápido possível!", penso com um certo desespero, porém continuo andando.
Cheguei à sala do trono, fazendo todos os meus planos irem por água a baixo.
— Oi mãe, mandou me chamar? — falo com a voz falhando, um nó se formando em minha garganta assim que vejo sua expressão furiosa olhando para uma papelada.
— Sim, eu mandei, você está muito encrencada, e sabe muito bem disso Yuri!!! — ela me encara irritada, fazendo com que eu fique apavorada.
Afrodite, a Deusa do amor, uma mulher com os cabelos compridos e lisos de coloração preta, com olhos azuis como o oceano.
— Desculpa mãe, eu não queria separar aqueles dois... — eu sussurro triste, em um tom que ainda dá para ela escutar, mas quando eu olho pra minha mãe a tristeza se torna medo, muito medo — mas se você me der mais uma chance eu posso concertar tudo, sério, acredita em mim! eu posso fazer isso, só preciso de mais uma chance!!! — falo gaguejando pelo nervosismo.
— Mais uma chance? É isso que você quer? — ela me olha com desprezo, o que faz eu me sentir muito mal.
— Só mais uma! Eu prometo que não vou fracassar dessa vez — quase imploro aos seus pés, aos pés da minha própria mãe....
— Tudo bem, mais uma chance — decreta meio receosa, com aquele tom autoritário que me deixa sempre incapaz de me opor.
— Obrigada mãe, eu juro, você não vai se decepcionar — falo ficando um pouco mais calma.
— Mas não se acalme! Pois vai morar no mundo humano até conseguir 100 casais destinados a ficarem juntos, se encontrar, e sem separar nenhum casal desta vez! Você também vai ficar sem suas asas até lá, e se você fracassar eu vou retirar os seus poderes para sempre!!! — ela joga toda essa informação na minha cara de uma vez, sem me deixar espaço para raciocinar.
Logo a minha calma se desmorona junto ao meu corpo, que foi parar ajoelhado no chão.
Eu estava horrorizada, ia perder minhas asas, e se não junta-se 100 casais sem separar nenhuma, ficarei sem meus poderes de cupido para sempre, e sem minhas asas também, eu seria praticamente banida do céu e viraria uma "humana normal" para toda a eternidade, e pior, eu nunca mais ia juntar casais na minha vida. Meu coração estava despedaçado, minha própria mãe estava sendo um monstro comigo, e o pior, eu sabia o porquê....
Sempre juntei casais a minha vida toda, e eu sou muito boa nisso, posso até dizer que sou a melhor cúpido entre todos os cúpidos da minha idade, porém, arruinei um relacionamento de algum jeito, que nem eu mesma sei!!! Isso é muito frustrante, eu sempre fui a cúpido perfeita, sempre tentei orgulhar minha mãe ao máximo, e tudo isso foi por água a baixo.
Saio dos meus pensamentos quando minha mãe arranca de mim a possibilidade de andar sobre as nuvens.
Quando me toquei estava caindo do céu e minhas asas estavam sumindo aos poucos.
E pra melhorar a minha situação, eu cai com força em uma lata de lixo, bem o meu lugar mesmo.
E como se tudo não pudesse piorar, chuva começou a cair de forma dramática, os Deuses do clima pareciam querer me castigar.
— Ah, ótimo, era só o que me faltava, chuva.... — sai da lata de lixo e me deitei no chão do beco, afinal eu não tinha o que fazer, eu estava perdida — DROGA!!! POR QUÊ? POR QUÊ?? POR QUÊ??? —gritei desesperada batendo meus punhos no chão, quando percebi eu estava chorando, meu peito doía muito, e machucados se abriam nos nós dos meus dedos.
Mas na minha cabeça só se passava uma coisa, "por que eu? Por que isso está acontecendo comigo? Eu agi como uma cupido padrão e perfeita durante anos para orgulhar a minha mãe, eu dei minha vida a esse trabalho, só para orgulhar a minha mãe, e nada, nunca um 'parabéns querida você fez um ótimo trabalho' ou um 'eu to tão orgulhosa de você!' nada....."
Foi tudo em vão, agora eu estou aqui, chorando debaixo de chuva, sem minhas asas, em um beco escuro na Terra, me lamentando e conseguindo me deixar ainda mais triste do que já estava.
— Eu sou um pedaço de lixo... — digo me lembrando do casal que eu separei, e que agora devia estar sofrendo um sem o outro.
— Não, você não é um lixo, não diga isso a você mesma ou vai acabar acreditando, e se você nasceu foi por um propósito, e aliás, o que está fazendo deitada na chuva em um beco escuro como este?
Logo após está frase, olhei pro final do beco e vi uma garota linda, de cabelos cacheados cortados na altura dos ombros de coloração castanho claro, magníficos olhos cor de mel iluminavam seu rosto, sua pele era clara, fazendo suas bochechas rosadas aparecerem ainda mais.
Ela estava com um grande guarda chuva em mãos, se protegendo do céu que chorava fortemente.
Eu dei um pulo de susto, susto esse que me fez levantar super rápido, eu não sabia que estava sendo observada.
— Quem é você? — perguntei assustada.
— Oh, desculpa se eu te assustei — ela disse com um sorriso envergonhado — não vou falar meu nome pra uma estranha né?
— Ei! Eu não sou tão estranha quanto pareço — disse brava encarando ela.
— Oh meu Zeus! Desculpa, eu não quis dizer dessa maneira, quis dizer que nunca te vi, portanto, para mim você é uma estranha, não posso te falar meu nome.
— Ah? — penso por um instante, e logo a fixa cai — desculpa, desculpa eu entendi errado — disse sem graça — meu nome é Yuri, e você não me conhecer é mais um motivo pra você me dizer seu nome, não acha?
— Tem razão, meu nome é Rayla e é um prazer te conhecer, garota estranha em um beco escuro.
— Você já sabe meu nome, não precisa me chamar assim!!!
— Tá, tá, afinal o que você tá fazendo aqui em um beco escuro, na chuva, sozinha, a noite?
— Eu fui expulsa de casa — eu disse desviando o olhar para o chão.
— Oh, eu... Sinto muito.
— Não precisa sentir.
Ficamos alguns minutos constrangedores sem falar nada, apenas o som alto da chuva quebrando o silêncio Insurdecedor.
— Eu tive uma ideia! — ela se aproxima de mim e me olha animada — Que tal você vir passar a noite na minha casa!?
Contínua
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Akai Ito, Operação Cúpido
Teen Fiction(CONCLUÍDO) eu era a melhor cúpido da minha geração, eu tentava ser perfeita em tudo que fazia, e isso me desgastava muito. Porém, até a cúpido mais perfeita já cometeu erros, bom, pelo menos não minha mãe, a deusa do amor, Afrodite. Eu não podia co...