''Não somos amigos, ainda"

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Vegas tinha dispensado metade do seu pessoal naquela tarde. Ele queria privacidade. Eram três da tarde e Tay ainda dormia. Ele tomou um gole de chá de hortelã com canela enquanto escrevia um bilhete e colocou-o na cabeceira da cama.

Depois de acordar tome um banho. Tem tudo o que precisa no banheiro. Deixei uma muda de roupa sobre a poltrona, tenho certeza que vai lhe servir perfeitamente. Tem remédio pra dor de cabeça na primeira gaveta da escrivaninha. Estarei no jardim da frente.

Vegas

Às quatro e meia Tay desceu as escadas usando as roupas de Vegas. Calça de linho preta e blusa de botões branca. Pés descalços. Cabelo ainda molhado jogado para trás. Uma visão que encheu todos os sentidos de Vegas. Os dois trocaram um rápido olhar antes de Tay se acomodar na cadeira ao seu lado. Vegas tinha providenciado um chá da tarde no jardim. A comida servida ali era suficiente pra alimentar um batalhão.

- Eu não sei o que você gosta de comer, então pedi para prepararem o básico. Sinta-se à vontade – Vegas disse.

- O básico. – Tay fez aspas com os dedos.

- O que posso dizer. Aqui gostamos de fatura. – Vegas deu de ombros.

- O que sobrar, espero que tenha um destino adequado.

- Não se preocupe, nada aqui vai se estragar. – Vegas lhe ofereceu uma xícara de café.

- Obrigado. – Tay bebeu um gole antes de perguntar.

- Ontem à noite, o que aconteceu?

- Você chorou até dormir em cima da mesa, depois eu o levei pro quarto. – Vegas explicou tranquilamente.

- Foi só isso que aconteceu? – Tay perguntou um pouco nervoso.

- Sim. – Vegas tinha um sorriso travesso quando continuou. – Acredite, você saberia e sentiria se tivesse acontecido o que quer que você esteja pensando que aconteceu.

Tay imediatamente desviou seu olhar do mais velho sentindo suas orelhas em chamas. Maldito seja esse mafioso de merda. Era melhor se ocupar em comer, então eles comeram em silêncio por um tempo.

- As roupas lhe caíram bem. Não é muito o seu estilo, mas escolhi as que pareciam mais confortáveis. – Vegas disse depois de terminar sua terceira xícara de chá.

- Ah sim, obrigado por isso também. São realmente confortáveis – Tay passou as mãos sobre o peito. – Mas elas têm um cheiro curioso, o que é?

- Dama-da-noite. Era a flor favorita da minha mãe e é também à do meu irmão. Estão espalhadas por toda parte na varanda do meu quarto e tem um vaso delas dentro do closet. Macau não me deixa tirar de lá. – Tay lhe sorriu sincero.

- É um perfume muito bom. Me lembrou um pouco do meu pai, ele tem a mania de mastigar folha de Hortelã misturada com canela, eu cresci com esse cheiro. – Tay disse com certa nostalgia.

Vegas não se atreveu a dizer que amou sentir esse cheiro no seu cabelo essa madrugada, nem que gostaria de senti-lo mais vezes daqui em diante. A hora certa chegaria. Eles não tocaram mais no assunto da noite passada, apesar de Vegas sentir um certo desconforto vindo da parte de Tay. Talvez vergonha por ter chorado na sua frente, uma pessoa que não era seu amigo como ele frisou várias vezes. Não que isso o incomodasse, mas ele preferiria manter um clima mais ameno.

Tay no geral parecia bem, mas seus olhos estavam tempestuosos e tristes demais. O choro da madrugada foi apenas a ponta do iceberg. Ele ainda tinha muita coisa pra colocar para fora. Vegas queria que quando Tay fosse embora uma pequena parte dessa tempestade tivesse se acalmado.

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