"Rompimento"

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Tay não viu o tempo passar enquanto esteve dentro daquele carro. Em sua cabeça os gritos de Macau chamando pelo irmão eram como um disco arranhado, uma repetição sem fim. E quando a porta do carro abriu, seu olhar caiu em cima da face do líder da primeira família. Por um momento sua mente ficou em branco, e quando se deu conta, seu punho já descia de encontro ao rosto do amigo. Kinn caiu para trás.

- Como ousa me tratar assim!? – Gritou avançando sobre o corpo caído no chão. Os seguranças o impediram de seguir adiante.

- Você não tinha esse direito, não tinha! Não sou seus subordinados de merda! Me soltem! – Gritou para os seguranças.

Kinn levantou-se com a ajuda de outros seguranças passando o polegar sobre o lábio cortado e riu soprado para si mesmo. Ele não encarou Tay nos olhos, apenas o ignorou e fez sinal para que o levassem para dentro da mansão.

Tay foi arrastado para a sala de reuniões e empurrado para dentro. Quando girou o corpo para sair, as portas foram fechadas em sua cara. Ele soltou um gemido frustrado enquanto chutava a maldita porta.

- A única coisa que vai conseguir com isso é se machucar. – Uma voz familiar soou atrás de si.

Tay virou o corpo na direção da voz e deu de cara com a figura do seu pai sentado na poltrona ao lado da janela do escritório. E pra aumentar ainda mais a sua fúria, Time estava em pé ao lado do mais velho. Ele tinha um pequeno sorriso entre os lábios. Tay desejou mais que tudo no mundo poder enfiar uma bala no meio daquele rosto, enquanto apreciava ele se engasgando com o próprio sangue.

- Sente-se. – Seu pai ordenou.

- O que o senhor está fazendo aqui? – Tay reuniu toda sua força de vontade para conseguir proferir aquelas poucas palavras sem surtar. Sua atenção ainda estava em Time.

Ele tinha certeza que o outro estava por detrás disso tudo.

- Quando você se sentar, poderemos dar início a nossa conversa.

- Foi você não foi? – Ele ignorou a fala do seu pai e apontou para Time. - Você foi correndo se lamentar e se vitimizar como sempre fez... Você não passa de um grandíssimo filho da puta!

Seu pai ia repreende-lo, mas foi interrompido com a chegada de Kinn. O amigo passou reto por si e sentou-se na cabeceira da mesa de reuniões.

- Foi eu que chamei o seu pai, Tay. Ele precisava saber o que está acontecendo com você.

Tay revirou os olhos com tanta força que os sentiu doer. Eles achavam que estavam falando com uma criança por acaso.

- E o que é que está acontecendo comigo, Kinn? – Sua voz estava carregada de ódio.

- Pelo o que os dois falaram, você só pode estar fora de si. – Seu pai respondeu.

Então seu pai já sabia de tudo. Não havia necessidade de enrolação.

- O que eu faço ou deixo de fazer da minha vida particular não é da conta de nenhum de vocês.

- Se relacionar com o inimigo do seu melhor amigo, e consequentemente também inimigo da nossa família está longe de ser apenas um assunto só seu. – Seu pai disse, ainda sentado confortavelmente na poltrona. Time parecia sua sombra. Apenas observava a discursão dos três.

- Vegas não é nosso inimigo. – Tay nunca se imaginou dizendo uma frase como essa, principalmente se tratando de Vegas, no entanto, ele acreditava fielmente nessas palavras.

- Sim, ele é. – Kinn o contradisse.

- Não, a sua família que deu esse papel para ele. Vocês só não sabem lidar com o quão bom ele é desempenhando esse papel. – Tay sorriu ao ver a veia do pescoço do amigo saltando para fora.

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