Sete dias haviam se passado desde que Kinn prendeu Tay naquela cela. Durante esses dias ele foi tratado como um prisioneiro vip: roupa de cama trocadas todos os dias, televisão, frigobar com todo tipo de bebida, água e seus doces favoritos disponíveis, liberdade para usar o banheiro quantas vezes quisesse (acompanhado sempre de quatro seguranças, é claro), refeições seis vezes ao dia – sempre dos restaurantes favoritos de Tay – e o mais importante de tudo: seu pai todo dia mandava perguntar se ele tinha mudado de ideia e Tay sempre dava a mesma resposta: nem fudendo.
A questão era, naquele oitavo dia havia algo de diferente. Seu café da manhã estava atrasado e tinha apenas um guarda de vigia – geralmente eram dois -. Tay estava inquieto dentro da cela, estava acontecendo alguma coisa lá em cima, ele podia sentir. Já havia perguntado para o guarda, mas ele estava fazendo um excelente trabalho em se fingir de surdo, o que só aumentava ainda mais o nervosismo e irritação de Tay. O rádio de comunicação de um deles fez um barulho de ruído irritante, Tay observou atento um deles falar alguma coisa e fazer um sinal de cabeça para seu colega. Os dois olharam em sua direção e subiram as escadas com pressa. Algo estava acontecendo.
Seus pensamentos voaram direto para Vegas – não que o mafioso tivesse saído da sua cabeça um segundo sequer desde que foi preso – mas algo dentro de si gritava lhe avisando que Vegas estava ali. Ele finalmente veio ao seu encontro.
E depois de mais trinta minutos tortuosos de espera, ele teve a confirmação do que o seu coração já sabia. Kinn surgiu segurando o ombro direito ensanguentado, um olho roxo e vários cortes pela face. Descia lentamente as escadas em sua direção sob a mira da pistola de Vegas. Seu mafioso finalmente estava ali.
Tay se jogou contra as grades e chamou por Vegas. Suas mãos coçaram aflitas para tocar o mafioso e se assegurar de que era ele mesmo ali, e não sua imaginação brincando com a saudade que seu coração sentia do outro.
Os olhos tempestuosos de Vegas varreram Tay de cima abaixo certificando-se de que ele estava bem. Só depois de fixar seu olhar no mais novo e ver o mesmo assentindo levemente com a cabeça, é que empurrou Kinn com o cano da sua pistola em direção a porta da cela de Tay. O chefe da primeira família não disse nenhuma palavra, apenas soltou o ombro baleado com dificuldade, pegou uma chave pequena no bolso da frente da calça e lentamente abriu a cela onde havia prendido seu melhor amigo. Tay em nenhum momento olhou em sua direção, apenas focou toda sua atenção no que realmente importava para si, Vegas.
E quando aquela maldita porta finalmente foi aberta, ele ultrapassou igual uma flecha e se jogou nos braços do seu mafioso. O perfume de dama-da-noite invadindo todos seus sentidos. Vegas o apertou forte em seus braços, enquanto encaixava seu rosto no pescoço do menor, inalando o máximo possível do cheiro de Tay. Era um abraço que gritava saudade em cada toque trocado.
- Desculpe pela demora – Vegas sussurrou rente ao ouvido do mais novo.
- Tudo bem... – Tay sussurrou de volta.
Kinn os encarava em completo silêncio.
- O que você vai fazer agora? – Kinn perguntou, depois de alguns minutos. Sua voz parecia meio morta.
Vegas afastou Tay devagar, mas seu braço livre permaneceu ao redor de sua cintura, mantendo-o rente ao seu corpo de forma protetora. Os dois encararam Kinn seriamente.
- Eu já disse e fiz tudo o que vim fazer. – Vegas disse devagar. – A única coisa que me interessa agora é o bem-estar de Tay. Ele vai decidir o que vai ser daqui em diante.
Vegas o encarou esperando que ele entendesse o que suas palavras significavam. Tay piscou algumas vezes parecendo um pouco confuso, mas conhecendo um pouco sobre como a mente de Vegas funcionava, ele tinha mais ou menos uma noção do que havia ocorrido lá em cima. Com isso em mente, ele encarou o anel prateado no dedo mindinho da mão direita por uns instantes, antes de voltar sua atenção para Kinn.
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Start Over
FanfictionTay já tinha perdido às contas de quantas vezes havia sido traído por Time, seu namorado. Mas essa foi a primeira vez em que ele presenciou a traição com os próprios olhos. Agora ele estava decidido a dar um fim nesse relacionamento e seguir um novo...