Capítulo 12: O tempo necessário

172 16 1
                                    

Pedi ajuda da Alessandra para me arrumar. Afinal, eu não vou para a casa de qualquer pessoa. Primeiro, é o lugar onde mora o meu namorado. Em segundo lugar, é a residência da Julia Guerreiro, a melhor atriz já produzida neste país. No fim das contas, a minha afilhada escolhe uma roupa chique esportiva.

Coloquei todas as roupas em uma bolsa e segui para a escola. A Lúcia ficaria responsável de fazer um bolo de rolo. Levaríamos a sobremesa para o jantar e nada melhor do que uma deliciosa receita nordestina.

O dia seguiu com diversas mensagens do Henrique. Ele queria saber o que eu estava sentindo sobre conhecer os seus pais. Eu fui sincero, disse que era uma mistura de medo/pavor/desespero, uma vez que sua madrasta era a mulher mais incrível do universo.

Para variar, a aula passou da pior maneira possível. A parte mais interessante do dia foi uma fofoca sobre a aluna Rebeca Cardoso. Ela acabou sendo acusada de roubar as respostas da avaliação do 3º ano.

O ruim era controlar o burburinho dos alunos, em especial dos mais novos, no caso, os estudantes que eu comandava. Eles achavam a Rebeca uma lenda. Eu a considerava uma burra, afinal, quem é pego roubando respostas de uma prova. Amadora.

— Muito bem, senhores e senhoras, por favor, concentrem-se na atividade. Eu prometo, que ninguém pegou as respostas. — anunciei, enquanto passeava pela sala de aula. — E, por favor, não tentem fazer algo parecido. — alertei.

Recebi mais mensagens do Henrique. Ele passaria para me pegar na escola e seguiríamos para a minha casa onde a Lúcia nos aguardava. No fim da aula, aproveitei para trocar de roupa e alguns alunos comentaram sobre o meu look, de acordo com o linguajar dos jovens.

— Nossa, prof. Isso é tudo para agradar os coroas? — perguntou Diogo, o irmão de Henrique.

— Boa tarde, Diogo. E, por favor, não chame a Julia Guerreiro de coroa. Ela é uma mulher espetacular. — respondi, sem manter contato visual com o Diogo, que usava uma roupa bem estranha.

— Ela é enxuta, né? Eu tenho a mais gostosa dessa escola. — comentou o jovem, finalmente, ganhando a minha atenção.

— Respeite a Julia. — reclamei, olhando o Diogo da cabeça aos pés. — Vai para uma festa a fantasia?

— Não, vou para o balé. — ele explicou, fazendo uma posição de dança, algo que me impressionou.

— Parabéns. Você é bom, aparentemente. — o parabenizei, olhando para o celular e suspirando.

— Cara, cadê o boy? — quis saber Diogo.

— Boy? — questionei.

— Sim, o Henrique. Tenho que estar na aula em 15 minutos. Ainda bem que tenho o balé, pois não quero estar no matadouro, digo, jantar. — ele disse de maneira misteriosa.

— Ma, matadouro, é?

— Brincadeira, os meus coroas são perfeitos. Fora que o papai tem uns mil anos de diferença da mamãe. Eles passaram por isso. Eu, pelo menos, aprovo o senhor, principalmente, se me der as respostas das provas. — dando uma risada idêntica ao do Henrique quando conta uma piada sem graça.

— Boa tarde, meus amores! — gritou Henrique, que acenou de dentro do carro.

— Eu sou o amor número 1. — Diogo deixou claro, antes de seguir para o veículo e entrando na parte de trás.

Eu não digo nada, pois não quero causar uma impressão ruim com o irmão do meu namorado. O folgado senta no banco da frente, mas é expulso pelo Henrique. Opa, acho que alguém aqui é o número um. Deixamos o Diogo na aula de balé e seguimos para a minha casa. A Lúcia está ansiosa para conhecer a madrasta deles. Ainda não acredito que ela é a parente do Henrique.

No caminho, o Henrique fala sobre a importância da Julia em seu crescimento. Depois da morte da mãe, ele se sentiu solitário e a madrasta se tornou uma aliada, mesmo contra todos os que a chamavam de golpista, uma vez que ela casou com 23 anos e o pai do Henrique já estava com 50.

São coisas assim que me fazem acreditar no amor. Por tanto tempo, eu me fechei para os relacionamentos e acabei namorando um cara 20 anos mais novo que eu. Tiramos todas as dúvidas que temos sobre a Julia. Queremos causar uma boa impressão para a celebridade que amamos.

Ainda dá tempo para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora