De volta ao passado
- Filha cuida logo! – Disse mamãe.
Era domingo e estávamos nos arrumando para ir à missa, todo domingo íamos à missa na igreja, meus pais eram católicos devotos e não aceitavam perder a missa por motivo nenhum.
- Estou indo. – Respondi já descendo as escadas.
A mamãe e o papai só estavam esperando-me terminar de me arrumar; eu entrei no carro com a mamãe, e papai ficou fechando a porta.
- A Elizabeth se mudou. – Falou mamãe.
- A menina aqui da frente?
- Sim, ela e a família foram para Portugal.
- Hm... que bom.
- A nova família já veio ver a casa, eles têm um filho, um garoto da sua idade, eu acho.
- Legal. – Falei sem nenhuma animação.
- Você tem que fazer novas amizades, você só tem o Tyler como amigo, está na hora de conhecer mais alguém.
- Mamãe!
- O que?
- Eu tenho como amigo quem merece minha amizade.
- Ou quem quer ser seu amigo, porque eu até entendo se não quiserem fazer amizade com você, você tem um estilo... peculiar.
- Mãe!!
- Você está indo para uma missa de calça preta, uma camisa do Nirvana, jaqueta de couro preta e botas... pretas, quem quer ser seu amigo afinal querida?
- Oh pai pelo amor de Deus, me defende.
- Querida... – Meu pai começou a falar, mas o interrompi.
- Cada um tem seus gostos mãe.
- É, e os seus são péssimos.
Eu apenas revirei os olhos e cruzei os braços sentada no banco de trás. Fomos para a missa e quando acabou fomos almoçar na casa do Tyler – meu melhor amigo – e depois voltamos para casa.
Quando estávamos chegando em casa, vi a família nova que minha mãe falara mais cedo e também vi o garoto, ele estava sentado na escada da entrada da casa, estava de calça preta e uma regata preta e de cabeça baixa.
Ele era bonito, corpulento, pela forma que seu corpo estava encurvado com certeza era alto e tinha a cabeleira loura. Enquanto eu admirava a beleza dele super distraída, ele me deu um susto, levantou a cabeça rapidamente e olhou diretamente pra mim, ele era como eu.
- Mamãe.
- O que? – Ela desceu do carro e percebeu que eu estava assustada. – O que foi?
- O garoto.
- O que tem?
- Ele... ele é como eu.
Olhei para ele novamente, ele ainda estava olhando para mim, nossos olhares se encontraram de novo e brilharam em um azul lindo, azul-fogo, ele sorriu para mim e entrou na casa. Meus pais estavam parados, estagnados, observando o que havia acabado de acontecer, olhei para eles confusa, mas não olharam pra mim e não tiveram nenhuma reação, então apenas entrei e subi para o meu quarto.
Passei a tarde toda trancada no quarto ouvindo música e desenhando, só desci a noite para o jantar, que inclusive foi bem estranho, meus pais ainda estavam calados e quietos, eu jantei, dei boa noite para eles e subi para o quarto.
- Você viu o que aconteceu, eles... – Mamãe parou de falar assim que me viu. – Oi querida, você está sem sono?
- Já são onze da noite. – Falou papai olhando para o relógio de parede.
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A escolhida
RandomEste livro conta a história de uma garota que desde pequena soube que era diferente e especial, só não sabia que um dia o futuro do mundo estaria em suas mãos.