Escolhida

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Damon soltou as minhas mãos e levantou da cama, estava chorando.

- Eu não acredito. – Disse ele nervosamente. – Eu fiz isso com você?

- S-sim, eu também não me lembrava, minhas memórias estavam voltando, mas eram bem poucas e raramente, mas quando encontrei você elas voltaram quase todas de uma vez só e agora lembrei de tudo. - Falei enxugando algumas ralas lágrimas em meu rosto. – Me abandonou depois de prometer que nunca me deixaria.

- Me perdoa anjo.

- Por favor... não me chama assim.

- Mas você...

- Dói, desde que você sumiu... eu prometi não me apaixonar por ninguém, ninguém sabia o que tinha acontecido, você simplesmente foi embora, você e sua família, até então, antes das minhas memórias começarem a voltar, minha família e o Tyler acharam que você tinha me abandonado, ido embora sem se quer se despedir ou me dar uma explicação.

- Raven...

- Você poderia me deixar sozinha? É que é demais pra mim, reviver tudo isso de novo, sofrer tudo de novo...

- T-tudo bem, está tudo bem. – Falou ele saindo do meu quarto e indo para o dele.

Eu estava sufocando, tinha dificuldade para respirar, arranquei a roupa que eu estava vestida e corri para o banho, eu precisava me acalmar. Deixei a água quente correr pelo meu corpo e me acalmar, mas eu não conseguia, não conseguia parar de lembrar e pensar, não conseguia esquecer, o passado estava de volta. Cada beijo, cada abraço, cada brincadeira, cada almoço em casa; eu estava vendo tudo de novo, abrindo feridas.

Quando olhei para o chão, vi a água correr no tom vermelho pelo ralo, eu estava chorando sangue, de novo, estava sentindo aquela dor horrível que parecia rasgar o peito de novo.

Foi quando ouvi algo ser arremessado na parede, no quarto ao lado, quarto do Damon, brilhei meus olhos e olhei para lá. Ele estava quebrando tudo, literalmente.

Eu sai do banheiro correndo, vesti um pijama e fui até o quarto dele, bati na porta várias vezes, mas ele não abriu a ideia mais louca da minha vida passou pela minha cabeça, ativar a nossa cor, mas não deu certo, estava fraca demais; eu voltei para o quarto e peguei um grampo de cabelo e abri a fechadura da porta dele.

Quando entrei vi-o com os braços cruzados, encostados na parede e ele com a cabeça encostada nos braços, de costas para mim.

- Damon.

- O que está fazendo aqui? – Indagou ele ainda na mesma posição.

- Você achou que eu ia ficar tranquila no meu quarto, enquanto você quebra tudo aqui – Falei catando alguns cacos de um vaso de flores que ele havia quebrado, do chão.

- Eu quero ficar sozinho. – Falou ele se sentando no mini sofá.

- Você está mentindo.

- Não estou não.

- Sim, está.

- Não...

- Damon.

- Tudo bem.

- Damon... – Eu então me aproximei do mini sofá, me ajoelhei na frente dele e fiz com que me encarasse. – Você não é assim! O que houve, porque está assim?

- No momento não é importante.

- Não é importante? Mas é o suficiente para te fazer quebrar tudo?

- Ra...

- Tem a ver comigo?

Damon então olhou em meus olhos e começou a chorar; até chorando ele conseguia ser bonito, ele não fazia careta, não fazia barulho, as lágrimas apenas escorriam pelo rosto.

A escolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora