21| Encontro com Amelia.

1.1K 80 144
                                    

'Cause since you've been goneI've got along, but I've been sadPorque desde que você foi emboraEu me dei bem, mas fiquei triste"The Neighbourhood, Reflections"

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

'Cause since you've been gone
I've got along, but I've been sad
Porque desde que você foi embora
Eu me dei bem, mas fiquei triste
"The Neighbourhood, Reflections"

     OS OLHOS DE MATTHEW estavam vidrados, assustados, apavorados aos meus. Me fitava de cima a baixo, desde meus sapatos rosas manchados em um tom amarronzado, circulando a cestinha rosa da minha bicicleta que continha algumas das revistas da Abi, até me encarar.

     "Era você?" - me assustei com o seu acento vocal, porque estava mais para uma acusação do que para uma pergunta.

     "Eu "o quê", exatamente?" - me pronunciei. Foi a primeira vez que Matthew me assustou, pois não era de seu feitio deixar isso acontecer. É como se estivesse encarando o seu maior temor, como se, de alguma maneira, não me reconhecesse mais, e algo em seus olhos deixou escapar o fato de parecer me atacar naquele exato momento.

     "O que está fazendo aqui, Paris? No meio da noite?" - se aproximava a cada passo que dava, e aquilo estava apavorante demais. Seus olhos continuavam semicerrados, e seu passo cada vez mais firme atravessando aquela rua e chegando de encontro comigo. Por mais que não estivesse fazendo nada de errado, me sobressaltei por inteira, porque até a pouco tempo, conhecia Matthew em sua performance mais suave e menos arrogante.

     "O que eu estou fazendo aqui? Matthew, essa é a rua da minha casa. Estava saindo do dormitório da Blue, e parei no meio do caminho porque pisei em uma poça de água sem querer, até escutar um barulho vindo da floresta no meio da noite, e ver que era você. Então, Matthew, quem deveria estar fazendo essa pergunta deveria ser eu. O que estava fazendo naquela floresta esse horário?" - ele, depois de olhar aos arredores, e constatar que a minha casa ficava logo ali, pareceu se constranger. Coçou a sua cabeça por um instante, tentando se recompor.

     "Merda" - ele xingou entredentes - "Desculpa" - sua expressão parecia transtornada, e ainda sim tentava tornar aquela situação muito menos estranha, o que parecia impossível - "Viu por acaso alguém passando por aqui? Alguém que poderia estar fugindo de alguma coisa, ou algo assim?" - colocou a mão na sua testa, talvez tentando estancar o sangue que percorria por todo o seu rosto.

     "A única pessoa que vi que parece ter fugido de algo era você, correndo de um urso que encontrou naquela floresta" - ele não se conteve, e riu silenciosamente.

     "Justo" - proferiu, e um silêncio ensurdecedor resolveu entrar em campo, então sabia exatamente como contornar isso.

     "Acho que a mamãe tem um kit de primeiros socorros em casa. Quer entrar lá e ajeitar essa cratera aí?" - eu aponto em direção ao seu ferimento, assim, ele poderia explicar o que aconteceu.

     "Está tão feio assim?" - diz, indicando em direção à sua testa, e o que apenas fiz foi concordar com meu pescoço.

     "Não só como está feio, Matthew, está horripilante" - acrescento.

Às Vezes (Não) Tão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora