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Era quase meio dia quando, debaixo de um sol um tanto frio e um céu coberto de nuvens, um rapaz caminhava pelas ruas de Hope City.

A cidade da esperança, como era chamada, acolhia milhares de turistas todos os anos, mas aquele rapaz não era exatamente um turista; havia cinco meses que ele estava lá. Não morando exatamente; o rapaz trabalhava em Central City, como perito forense da polícia, mas graças a uma habilidade especial que tinha, ele podia facilmente ir de uma cidade a outra em segundos.

De repente, Barry Allen parou, aparentemente nervoso e sem saber exatamente o que devia fazer. A sua frente estava o extenso prédio de um dos Laboratórios Mercury, lugar onde concentrava os melhores cientistas da cidade.

Barry correu e, vibrando todo o seu corpo, atravessou a porta principal do lugar. O velocista escarlate, conhecido como Flash, fechou os olhos por um segundo, concentrado, então quando abriu, o tempo estava congelado. Tudo ao seu redor parou, e apenas ele estava em movimento. Essa era uma das habilidades que ele tinha aprendido recentemente, em seus muitos estudos sobre a Força de Aceleração.

O perito forense caminhou até a ala médica, lentamente, pois precisava de muito controle para fazer o que estava fazendo. E foi quando ele a viu.

Os olhos de Barry brilharam e se dilataram ao ver uma moça de cabelos e olhos muito castanhos, boca rosada e pele clara, usando um jaleco branco. Uma lágrima percorreu o seu rosto pálido, e sua respiração ficou pesada. Era ela. Era realmente ela. 

Sim, ela ainda estava ali.

Todos os dias, por cinco meses, Barry ia para o mesmo lugar, fazer a mesma coisa: se certificar de que ela estava bem. E ela estava. Ela estava bem. Ela estava... viva.

Olhou para baixo, para sua mão, e percebeu que segurava uma sacola com comida. Checou a hora em seu relógio, que marcava meio dia em ponto. Era hora de ir.

Olhou para Caitlin Snow uma última vez e correu de volta para Central City.

*

Barry ainda se lembrava da sensação dentro dele ao ao irromper no córtex do Laboratório STAR, pela primeira vez depois de derrotar o Flash Reverso. Quando ligou para Cisco, algumas semanas depois da morte de Caitlin, pedindo ajuda para voltar no tempo, alguma coisa ligou dentro dele. Algo como esperança.

Barry e Cisco trabalharam por meses, um ano para ser mais exato, antes de finalmente encontrar a equação exata para viajar no tempo. Cisco sabia que era arriscado mexer na linha do tempo desse jeito e advertiu Barry sobre isso, o que não o fez desistir do plano. Ele viajaria no tempo e consertaria tudo, não importava o que custasse.

E ele conseguiu; Barry viajou no tempo. Usou a força de aceleração ao seu favor e foi para o passado, para o dia em que perdeu sua noiva e filho, Thomas. A raiva intensificou sua força e capacidade, além da tecnologia do futuro do Flash Reverso, que agora estava com ele. Barry também sabia muito mais sobre a força de aceleração do que antes.

Então o Flash finalmente tinha derrotado seu maior inimigo. Flash Reverso estava detido na mais potente prisão meta-humana do Laboratório STAR, sem poderes; o atirador estava preso na prisão de Iron Heights, e Barry finalmente estava livre. Henry Allen, seu pai, também estava livre, já que Barry conseguiu a confissão que precisava.

Mas, Barry voltou para o presente e sentiu que algo estava errado.

Ele adentrou no Laboratório STAR e comemorou com Cisco, Iris e Joe, mas... Onde estava Caitlin? Ele mudou o passado, Flash Reverso não tinha matado Caitlin nem Thomas, mas eles ainda não estavam lá.

Ele sentiu o desespero tomar conta de si. Correu por toda Central City e não a encontrou. Então percebeu uma coisa: essa tinha sido a consequência de viajar no tempo para mudar acontecimentos do passado.

Barry checou seus e-mails, aqueles que ele trocara com Caitlin, e eles simplesmente não existiam mais. Se Barry não tivesse a cópia de todos eles, poderia realmente achar que eles nunca existiram. Mas ele guardou tudo.

Caitlin não o conhecia mais. Ela nunca o conheceu, e provavelmente estava em Hope City. Ele correu para a cidade da esperança, na esperança de encontrá-la lá, e a encontrou nos Laboratórios Mercury com a sua mãe.

No primeiro momento, ele pensou se devia ir falar com ela ou qualquer outra coisa. Mas só de olhar para ela sentia uma vontade imensa de chorar e desabar em seu abraço, e não queria assustá-la agora que ele era um... estranho.

Ele só queria abraçá-la e tocar seu rosto, para ter certeza de que ela estava realmente ali.

Barry deveria estar se sentindo completo agora. Ele tinha vencido. Flash Reverso estava preso, seu pai estava solto, Caitlin estava viva...

Mas se ele tinha realmente vencido, por que ainda achava que tinha perdido?

*

— Voltei — disse Barry para Cisco e Iris, que esperavam por ele na bancada do córtex.

— Ah! Eu tô morrendo de fome — Iris suspirou. — Por que demorou?

— Não... demorei — disse ele.

Um silêncio profundo se instalou entre eles.

— Barry, você foi vê-la? — Iris perguntou, relutante, o que fez Barry engolir em seco. — Barry?

— Sim — disse ele, secamente, a voz falhando ao pronunciar a resposta. — Fui vê-la. Só demorei um pouco mais hoje do que o habitual porque hoje é...

— 30 de março — Cisco completou.

30 de março, o dia em que Barry enviou para Caitlin um e-mail que mudou completamente a sua vida. Fazia alguns anos desde então, mas ele ainda mantinha cada detalhe desse dia dentro de sua memória.

— É, desculpa.

— Tá tudo bem — disse Iris. — Sinto muito. Sei que quer muito falar com ela.

— Quero — ele respondeu. — Mas ela... está bem. E é só isso que me importa. Eu só... queria que houvesse alguma coisa que eu pudesse dizer pra ela que a trouxesse de volta, que... trouxesse suas memórias de volta. Porque pra ela não aconteceu mas... eu lembro de tudo. E o nosso filho, ele...

— Eu sei — Iris se aproximou. — Queria mudar essa situação pra você. E você sabe que eu mudaria, se pudesse.

Barry não disse nada, apenas ofereceu um sorriso gélido e doloroso.

— Cisco, você já...

— Sim — Cisco respondeu prontamente. — Já levei o almoço do Reverso.

— Ótimo — respondeu Barry, sem expressão.

— Barry, sabe que devia ir falar com ele — advertiu Cisco. — Nós ainda nem sabemos o nome dele. A polícia ainda acha que ele é Harrison Wells.

— A polícia não precisa saber de mais nada além disso — disse Barry. — Já foi difícil contar para eles que meta-humanos existem e pedir permissão para o Laboratório STAR prendê-los, em vez deles. Só foi mais fácil porque Joe é o capitão agora. Ajudamos a polícia, mas não trabalhamos para eles.

— Não estou falando para dar respostas a polícia — Cisco disse. — Estou dizendo que você deveria buscar respostas. Não quer saber quem ele é de verdade? Já fazem cinco meses, você tem que falar com ele.

Barry permaneceu em silêncio por um momento, até decidir que não queria falar sobre aquilo naquele instante.

— Então — disse ele, levantando a sacola —, vamos comer ou não?

***

Considerações finais

Voltei!

O que acharam do primeiro capítulo? Ainda tem muita coisa pra ser respondida...

Não esqueçam de votar . Até o próximo <3

Reconnect - SnowBarry (Vol. 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora