Capítulo 5 - O cavalo branco e o Arqueiro

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[Narrado por Eric Lluv]

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[Narrado por Eric Lluv]

Então, ouço passos chegando perto de mim e me viro esperando encontrar Enrique ou Tamara, mas quem vejo é um homem que nunca vi na vida.

— Boa noite, Vossa Alteza.

Antes que eu possa responder, sinto a pancada por trás na cabeça e tudo fica escuro.

***

ABRO OS OLHOS, DEFINITIVAMENTE, DEPOIS de muito tempo, grogue demais para raciocinar e, como em uma onda, minha cabeça é preenchida por um medo descontrolado; em segundos, sinto meu coração bater tão forte que acredito que ele não será tão forte para aguentar. Estou tonto. E estou chorando. E estou tremendo. Mas me seguro para não fazer nada imprudente, pois não quero que quem quer que tenha me sequestrado saiba que já acordei. Vamos lá. Inspiro, expiro e continuo assim por algum tempo, tentando não sucumbir à ansiedade, ao medo e ao resto. Passei quase três anos treinando no Forte Real e, agora, parece-me que tudo o que aprendi lá se esvaiu de minha mente como se fosse um copo de água derramado. Respiro fundo novamente. Preciso descobrir o que está acontecendo e, para isso, não posso surtar agora.

Sinto meu coração se acalmando e começo a listar o que consigo perceber.

Primeiro: onde estou balança demais e, em meio ao sacolejo, ouço vozes que, infelizmente, com meu aturdimento, não consigo decifrar. Segundo: acho que estou sangrando. Ainda não ousei mexer a minha cabeça com medo de, sei lá, piorar as coisas, embora o sacolejar de onde estou esteja, de fato, piorando as coisas. Minha cabeça insiste em me fazer pensar que posso morrer a qualquer momento. Sinto algo líquido no meu pescoço e minha cabeça lateja muito, mas a tontura passou. Percebo que as vozes se calaram faz um tempo.

Pode ser até engraçado, mas a primeira coisa que penso é em como esses homens passaram pela segurança do palácio, já que eles não deveriam, de forma alguma, chegar a mim, nem a ninguém do palácio tão facilmente. Ok, minha guarda oficial estava beijando meu noivo, mas ela não era a única guarda que deveria guardar o palácio ou a mim. A segunda coisa que me vem à mente é que talvez essa seja a primeira vez (talvez a segunda, considerando meu vexame na Avenida Real) que eu esteja vivendo algo que não seja pré-pensado pela minha mãe ou que não seja um dever do reino.

Terceiro: ainda é noite. Está tão escuro dentro de onde estou que não consigo enxergar quase nada. Um vento frio invade a cela em que estou e balança as folhas das árvores ao redor da estrada; a escuridão parece ficar mais forte e sinto um arrepio estranho. Não, por favor, não. Preciso parar de focar no vento. A carroça balança e tento me levantar. Levo minha mão à nuca e, assim que elevo a ponta dos dedos, tentando sem êxito encontrar alguma fresta de luz da lua, sinto o cheiro metálico do sangue e confirmo a minha teoria de que, sim, estou sangrando.

Quarto: não estamos nem perto da cidade de Aurora, pois o ar aqui é muito mais frio que o ar abafado da cidade. Considero que o meu estado possa me deixar mais sensível ao frio, mas conheço o clima de Aurora muito mais que qualquer pessoa do reino e sei que esse frio não é o frio que, às vezes, faz na Capital. Dessa constatação, já sei que estamos seguindo a oeste, na direção das Terras Altas, ou ao norte, para as Montanhas Geladas.

A Canção do Rei [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora