Como começa

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  Num lugar cheio de luz branca e com forma divina, passeia-se um Ser Mítico de nome Marco,  com asas de tom puro e ar amigável, que se apresenta a cumprimentar todos os que o observam, tal habitante de paragem prolongada e vontade de ser menos um na multidão fazendo-se mostrar, aos que vê e conhece, por longas ou curtas conversas, que se formaram por simples ocasião ou por força de as ter querido ter.
  Até que ao longe vê um amigo de longa data a passar na sua direção, era Francisco e decide meter conversa.

Marco- Então Ser Francisco, como anda tudo? O que tens para fazer hoje?

Francisco- Olha Ser Marco está tudo razoavelmente agradável como é o hábito, hoje vou falar com Deus, ele chamou-me, parece que o filho dele está a querer fazer diabrites e apoderar-se do céu mudando o modo de existência das criaturas na terra e nos planetas Zerta e Retco que são os únicos planetas habitados.

Marco- Porrinha, Deus também não teve sorte com os filhos... Às vezes até me esqueço que és o conselheiro Dele. Vai correr bem, olha já eu tenho de ir a um centro de compras na terra dar uma destas pulseiras a um futuro Anjo, que Ele vai precisar pois vai ser um anjo das escolhas

Marco retira de uma mochila pulseiras semelhantes aos elásticos para o cabelo e demonstra-as a Francisco.

Francisco- Ah, esses são aqueles que escolhem se o corte numa folha do papel vai magoar ou nem vai criar comichão?

Marco- Não, esses são outros, estes são aqueles que escolhem se uma pessoa vai para o céu ou para o inferno quando morre e só o podem fazer se estiverem a usar esta pulseira.

Francisco- Está bem está bem, olha tenho de ir, Dios chamou-me, oh bolas peidei-me.

Francisco evapora mas o seu cheiro do peido dado permanece marcado em Marco que começa a chorar das vistas.

   Entretanto no centro comercial, onde Marco iria entregar a pulseira, observamos uma paisagem familiar, um local repleto de pessoas cruzando-se umas com as outras e contemplando as montras numa calma contrastante com a aparente correria e confusão que a imagem ao longe nos parece invocar.
   E nesse labirinto de gente conseguimos espreitar uma mulher de 29 anos de nome Carla, a fazer compras com 2 amigas e 1 amigo, este último considerado o menos dotado intelectualmente pela maioria do grupo. Entre risos e pensamentos narcisos, começam uma conversa mais profunda mas muito pouco natural para pessoas desta faixa etária e neste tipo de ambientes:

Carla- Sabem, às vezes ponho-me a pensar se os pandas fossem extintos, qual o tipo de animal que iríamos dar mais atenção para evitar a sua extinção.. pois para além dos pandas, restam muitos poucos animais que consideramos serem fofos e são esses principalmente que queremos salvar... se houvesse uma extinção de moscas ninguém queria saber..

Suzana- ah? Desculpa não ouvi, olha Sérgio já foste à Zara comprar aquela camisa às pintas laranjas que querias comprar?

Sérgio- Sim, comprei-a no aniversário de minha tia.

Ana- Está calado oh Sérgio só dizes asneira

Carla- Mesmo está calado Sérgio, bafiento

Suzana- Há alturas em que devias estar mesmo calado chiça.

   Enquanto Suzana atira uma mala Chanel à tromba do Sérgio por ele ser um idiota, as miúdas decidem-se separar para o efeito consumista ser executado de uma forma mais rápida.
   Carla, a ir a caminho da Primark, retira a fita que lhe estava a prender o cabelo e rodopia-a no indicador e é nesse momento que passa por Ser Marco que se encontrava à espera do futuro anjo num banco de jardim com a mochila meio aberta atrás das costas.
    Carla ao passar por ele tropeça num boletim de uma raspadinha da santa casa e deixa cair a sua fita do cabelo na mochila do Anjo que não dá por nada. Com a atrapalhação, Carla tira uma fita da mochila sem notar que o anjo trazia montes delas e continua a andar fingindo que tal embaraço não tinha ocorrido e desta vez protegendo o elástico colocando-o no seu pulso.
   Entretanto o Futuro Anjo encontra-se com o Ser Marco e este dá o ex elástico da rapariga ao Futuro Anjo sem notar as diferenças.

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