5. As viajantes

17 5 2
                                    

Laura a encarou silenciosa por aqueles segundos, mas ambas desviaram o olhar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Laura a encarou silenciosa por aqueles segundos, mas ambas desviaram o olhar. Ana Clara voltou o olhar superficialmente para a televisão enquanto Laura se voltou para a amiga.

— A que viu naquele dia? – ela dizia em um tímido sussurro, e Cora logo concordou antes de se assustar com Júlia passando rapidamente para dentro do quarto.

— É... elas mesmo.

Ana Clara olhava para o programa, mas de relance olhava para a visita. Ela, que usava shorts jeans de cintura alta e um cropped, além do cabelo preso, também a olhava de canto de olho, até que um barulho de objetos caindo incidiu de dentro do quarto de Coralina junto de um resmungo de Júlia ao fundo.

— Já volto – disse ela indo até o quarto, deixando as outras garotas sozinhas.

Ana Clara suspirou, afundando ainda mais no sofá verde com a estampa já gasta, enquanto Laura se apoiou na parede, olhando ao redor. Voltou a olhar para Ana Clara, que dessa vez acenou para ela.

— Oi – disse ela, mas Laura não respondeu ao cumprimento, só assentindo com a cabeça – você não quer se sentar?

Ela negou novamente com a cabeça, e Ana Clara, franzindo o cenho, deu com os ombros e voltou ao que fazia. Não demorou para que Coralina e Júlia saíssem do quarto, e quando Júlia viu que tinha mais visitas, ficou atrás da dona de Cora, taciturna, séria.

— Júlia, essa é Laura, uma amiga...

Ela assentiu com a cabeça e, com os olhos baixos, foi até a cozinha, perguntando se precisava de ajuda.

— Ela é assim mesmo – Ana Clara ponderou enquanto olhava para uma Cora sem reação.

O barulho de animação pela ajuda de Júlia vinha da cozinha, já que ela tinha se proposto a carregar alguns sacos que estavam parados há dias ali, enquanto as demais na sala nada diziam.

— É... você quer alguma coisa, Ana? – disse Cora, solícita.

— Eu posso me deitar um pouco? – apontou para o quarto, e logo ela assentiu que não tinha problemas, e assim ela saiu.

Apesar de estar cansada, a verdade era que queria colocar seu telefone para carregar longe dos olhos curiosos, tentando se atrelar de que, de alguma forma, ele teria área e ela conseguiria se comunicar com alguém.

Já na sala, as amigas se entreolharam e saíram de lá. Apoiada no portão, Laura olhava para Coralina, sabendo o que ela já diria.

— Como vocês tem coragem de deixar essas duas meninas que nem sabem quem são na casa de vocês? – Laura disse entre os dentes, mas Coralina revirou os olhos, parcialmente ofendida.

— Que grilo é esse com elas, Laura? – Cora cruzou os braços.

— Mas não percebe que elas são... – ela procurava um termo menos ofensivo para o que queria dizer, mas sem sucesso – estranhas? E estranhas de um jeito...estranho? E foi você mesma que disse que elas estavam vivendo na rua, aí coloca elas dentro de casa...

Fora do tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora