Sombra

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As luzes dos candeeiros apagaram-se por volta das cinco e meia da manhã e essa era hora que Kim Taehyung era obrigado a acordar. O homem moreno bateu fortemente com a mão na cama para procurar o telemóvel, todos os dias amaldiçoava aquele barulho irritante... Por vezes durante o dia tinha leves alucinações com aquele "dan dan di ru".

Depois de achar o telemóvel desligou aquele maldito alarme e levantou-se preguiçosamente, era Secretário Pessoal de um homem rabugento, sério e que mal falava a não ser para pedir a merda de um café. Esticou os braços o máximo que conseguiu enquanto bocejava, estava com vontade de voltar para a cama, mas infelizmente precisava do dinheiro e do emprego para poder viver.

Saiu de casa quando tinha 16 anos devido á sua péssima relação familiar, o seu pai era um Advogado famoso que adorava mostrar o que não tinha e insultar os que devia manter como diamantes, a sua mãe por outro lado passava mais tempo a modelar e em secações fotográficas do que a dormir. Não os odiava, mas também nãos os amava, foram as pessoas que o puseram no mundo, nada mais.

Nos primeiros meses viveu na casa de um amigo, o outro era mais velho e estudava fotografia numa Universidade de Artes. O outro infelizmente teve de largar o seu sonho e seguir uma carreira igual á sua. Hoje em dia moravam em Apartamentos diferentes, mas no mesmo andar.

Posteriormente do seu banho vestiu o seu terno negro, calçou os sapatos e foi para o Apartamento do amigo. Era rotina comerem juntos.

-Bom dia.- A voz de Seokjin era amena logo de manhã, o sol já estava mais intenso e iluminava completamente o apartamento do mais velho.- Pensei que não vinhas.

Taehyung negou com a cabeça e adentrou no ressinto, devia muito ao amigo e estaria disposto a quase tudo por ele. O Apartamento ao contrário do seu era mais gelado, nunca entendeu como é que o outro gostava de temperaturas tão baixas e andava confortavelmente descalço e com roupas de verão.

Comeram tranquilos, eram quase irmãos e contavam tudo sem esconder nenhum pormenor. Claro que aproveitou a boa vontade do amigo e aceitou a boleia como de costume, infelizmente os locais de trabalho não era muito pertos, mas o outro deixava-o num sítio estratégico e confortável para ambos.

Encarou o carro cinza do maior a afastar-se e deixou uma lufada de ar sair do seu nariz e boca, estava um pouco de frio e nem seis e meia da manhã eram. Caminhou tranquilo com a maleta debaixo do braço, não possuía um sorriso pois a fase de estar alegre passou dois minutos depois de ter conhecido o patrão. Juntou as mãos e esfregou-as para criar um ponto de calor, realmente não entendia quem gostava de frio.

Algumas pessoas começaram a sair de casa e a dirigir-se para os seus destinos, não compreendia porque é que os adolescentes passavam por si alegres enquanto carregavam mochilas pesadas ou outros objetos. Nunca estudou numa escola pois os seus pais alegavam que era demasiado perigoso, depois de poucos anos descobriu que não era perigoso para si, mas sim para a imagem e as aparências que eles queriam manter.

Se for sincero a única pessoa que considera família é o seu Hyung, o outro ajudou-o desde sempre, mesmo que tivesse uma relação familiar pior que a sua, sempre esteve presente e disposto a ajudar sem hesitar ou a perguntar porquê. Quando o mesmo desistiu da Faculdade para poder sustentá-los sentiu-se culpado por meses, mas hoje em dia sabe que o mais velho também desistiu por causa dos pais que mesmo longe conseguiram interferir na sua vida.

O primeiro Natal junto ao amigo foi algo incrível, não eram muito católicos ou cristãos, mas era uma tradição onde pela primeira vez passaram com alguém que consideravam família.

Não percebeu quando chegou, mas estava parado em frente ao Arranha-céus a alguns minutos. Entrou e utilizou o cartão de acesso, cumprimentou com um acenar de cabeça os rececionistas e caminhou até ao elevador. Carregou no botão para chamar o elevador e esperou, era sempre um dos primeiros a chegar e não gostava nadinha de nada do silêncio e da solidão. Por isso corria várias vezes para o apartamento do mais velho.

Gucci ManOnde histórias criam vida. Descubra agora