11 | Wish I Could Back Then

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  Quando cheguei em casa, fui logo recebida por Nanan.

  — Oi. — disse com voz de bebê pegando-a no colo — Mamãe chegou — dei um beijo nele — Tava com saudade? — disse enquanto fazia carinho nela.

  — Jeongyeon, já terminou todas as lições do colégio? — minha mãe perguntou, aparecendo na sala

  — Acho que sim. — disse colocando Nanan de volta no chão — Mas, de qualquer forma, vou conferir de novo.

  — Seu uniforme já está lavado e seco. Depois você pega lá na área e guarda. — assenti — Vou terminar de fazer a janta. — ela finalizou, voltando pra cozinha.

  Meus pais são ótimas pessoas super fáceis de lidar eu diria até um pouco liberais em vários aspectos mas são bastante rígidos quando se trata da minha educação e de Namjoon.
  Outra coisa notável neles é que minha mãe raramente faz o jantar, apenas em ocasiões especiais. Ela diz que o trabalho exige muito dela, física e mentalmente, e por isso prefere pedir o jantar por delivery, afinal, por que passar horas na cozinha quando se pode ligar para algum restaurante, de onde a comida virá rápida, quente e saborosa - além de ser mais fácil variar o cardápio, apenas ligando para restaurantes diferentes.
  Certa de que ligo descobriria o motivo excepcional de ela estar o fazendo hoje, me dirigi para a área, afim de pegar meu uniforme, e Nanan veio atrás de mim.
  Ao chegar na pequena área coberta e ventilada, na qual havia apenas uma máquina de lavar, uma secadora, um tanque de serviço, varais e algumas prateleiras com produtos de limpeza e afins, além de um canto separado para as vasilhas de comida de Nanan e Yeotan, notei que o segundo comia da ração de Nanan, uma vez que sua própria vasilha se encontrava vazia.
Negando com a cabeça, segui para as prateleiras onde, além dos laterias de limpeza, nas prateleiras mais altas, se encontravam os pacotes com as rações dos dois cachorros. Não que eu realmente me importasse muito que Yeotan comesse da ração de Nanan, mas, por serem de raças diferentes, logicamente tinham necessidades nutritivas diferentes e, por isso, um veterinário havia indicado duas rações diferentes para supri-las.
  Peguei o pacote com a ração de Yeotan, servi um pouco em sua vasilha e guardei o pacote novamente logo em seguida.

  — Desde que seu pai começou a namorar, mal cuida de você direito, né? — disse em tom baixo, ficando sobre um dos joelhos e fazendo carinho no pequeno cachorro enquanto ele comia, agora da ração correta. — O Namjoon é um grande irresponsável mesmo... — neguei com a cabeça novamente.

  Como que em um rompante de ciúme do carinho que eu fazia em Yeotan, Nanan apoiou as patas dianteiras sobre minha perna me encarando com olhos pidões.
  Abri um sorriso e fiz carinho em sua cabeça, me levantando logo em seguida para finalmente pegar o uniforme.
  Após estar com a roupa em mãos, me dirigi para fora da área, seguindo direto para o meu quarto com Nanan ainda atrás de mim.

  Quando já estávamos ambos dentro do quarto, fechei a porta, depositando o cabide com o uniforme em um gancho atrás da porta destinado apenas para essa função.
  Conferi meus materiais e dei uma organizada no quarto, tentando a todo custo manter minha me te ocupada para não pensar em Nayeon, onde quer e como quer que ela estivesse com Jimin. Evitei também pegar no celular, não queria entrar nas redes sociais e me deparar com uma foto do casal em seu encontro ou mesmo em qualquer outro momento que fosse.
  Nesse meio tempo, Nanan ficara apenas deitado preguiçosamente sobre a minha cama, como se eu não tivesse jogado várias roupas pra todos os lados antes de re-organizar meu guarda-roupa.
  Ao notar que já não havia mais nada que eu podia fazer no quarto, decidi tomar um banho quente pra relaxar antes do horário do jantar. Separei algumas roupas, peguei minha toalha e segui para fora do quarto, me deparando com a porta do banheiro trancada, indicando estar ocupado, poucos minutos após sair no corredor.

  Meu primeiro impulso seria esmurrar a porta, mas então pensei melhor. Meu irmão não estava em casa quando cheguei, e provavelmente ainda não havia voltado de onde quer que estivesse. As únicas outras pessoas em casa, então, eram meus pais.
  Me encostei na parede oposta a porta enquanto esperava que quem quer que estivesse dentro do banheiro saísse.
Após mais alguns minutos, a porta se abriu, revelando a figura de minha avó paterna, e não consegui disfarçar o choque.

  — Jeongyeon! — ela exclamou, parecendo se quer se importar com minha boca entre-aberta e olhos possivelmente arregalados — Você cresceu tanto desde a última vez que te vi... — ela disse, saindo completamente do banheiro. — Quanto tempo faz? Uns dois anos? — ela soltou um risinho.

  Então era esse o motivo de a minha mãe estar preparando o jantar...

  — É... — eu disse devagar, me recuperando da surpresa — Já faz um bom tempo mesmo.

  O fato é que não mantemos muito contato com meus avós paternos. Muito menos os vemos com frequência, já que eles moram na China.
  Também são raras as vezes que viajamos para lá pra vê-los, ou eles pra cá, por uma série de motivos.

  — Você ficou uma moça tão linda... — ela disse sorrindo — Tão bonita assim, imagino que já tenha arranjado um namorado.

  — Não, vó. — suspirei já imaginando onde aquela conversa iria parar, afinal era o que sempre acontecia... — Eu continuo solteira.

  — Mas ainda, Jeongyeon? — ela perguntou, elevando o tom da voz — Você já está quase fazendo dezoito, já está passando da idade de se casar.

  Era sempre a mesma coisa quando encontrava com meus avós, o mesmo papo de sempre de me casar e formar uma família. Meus avós são super conservadores, do tipo que acha que uma família de verdade é contituída por um homem que provê a casa, uma mulher que cuida do lar e dos filhos e quantas crianças forem possíveis.
  Suspirei outra vez.
  Estava cansada de ter esse mesmo tipo de conversa repetidas vezes sempre que os encontrava, apenas mudando os argumentos, passando de "não gostaria de encontrar seu príncipe encantado?" pra "você está ficando velha e sem tempo".

  — Na sua idade, eu já estava noiva do seu avô. — ela prosseguiu, sem dar a mínima atenção a como eu estava desinteressada e, principalmente, cansada daquele mesmo discurso — Você deveria achar logo alguém que se interesse por formar uma família com você, antes que fique velha de mais.

  — Não acho que seja pra tanto. — falei tentando ser o mais delicada possível — Os tempos mudaram, vó, ainda sou nova de mais pra um compromisso tão sério como casamento.

  — Que nova que nada. — ela fez um gesto despretensioso com a mão, como que descartando meu argumento — Se você está dizendo isso por se achar inexperiente, saiba que é na prática que se aprende.

  — Não é isso vó. Eu só não quero me casar por agora, mesmo. — falei mais direta vendo que não teria como contornar a situação dada a teimosia da mais velha — Eu quero estudar primeiro, estabelecer minha vida direito, entende?

  — Um marido poderia te ajudar a estabelecer sua vida da forma correta. — ela insistiu

  — Não, vó. — falei em um tom um pouco mais alto, começando a me irritar com aquilo, então respirei fundo pra não gritar, voltando ao meu tom de sempre — Eu quero me estabelecer sozinha, por mim mesma. Não quero depender de alguém pra isso.

  Ela ficou em silêncio por algum tempo, me julgando com os olhos.
Não aguentando mais aquele clima - e sabendo que ligo viria um sermão sobre como se casar esse mãe eram as coisas mais gratificantes e importantes da vida de uma mulher e blá blá blá... - pedi licença baixinho e tratei de me enfiar no banheiro.
  Uma vez segura dentro do banheiro, já com a porta devidamente trancada, deixei que minhas costas se chocassem contra a parede e um suspiro pesado escapasse por meus lábios.
  As vezes eu só queria poder voltar a quando tinha cinco anos e minha única preocupação era se iria encontrar com a garota fofa das maria-chiquinhas na praça no dia seguinte pra brincar...

I Don't Like Your Boyfriend - 2yeonOnde histórias criam vida. Descubra agora